Por Bruno Ernesto
Talvez tenha passado despercebido, mas você também gosta de Mozart, Chopin, Bach, Strauss, Wagner, Tchaikovski, Schubert, Beethoven e Vivaldi.
Busque na memória e perceberá que muitos filmes, desenhos animados, séries de televisão, novelas, peças teatrais e comerciais a que você assistiu, tem a música clássica como fundo musical. Ora lenta, ora tensa. Ora acelerada, ora dramática. E o ápice, o nirvana.
Acredito que se a substituírem por outro gênero musical, soará tão estranho que a cena do filme perderá o encanto.
Escute As Quatro Estações, de Vivaldi, brilhantemente executada por Julia Fischer (//youtu.be/vy-2K9AIqdA?si=F0ft5dXz3-LnIjPO) , ou A Valquíria, de Richard Wagner (//youtu.be/hQM97_iNXhk?si=R-rjNIhpz7zPJ70Q), e perceberá a diferença.
Assista, por exemplo, à dramaticidade da ária de Mozart, nos sentimentos extremos da Rainha da Noite, na ópera “A Flauta Doce” (//youtu.be/YuBeBjqKSGQ?si=n3bWD3ZMbYKteYcY). Certamente você lembrará da melodia.
Não, não é necessário ser um expert em música clássica para apreciá-las. Aliás, música alguma. Certamente você já dedilhou ou tamborilou ao escutar uma música.
Claro, além de refletir nosso estado de ânimo, também reflete nossas crenças, tradições, nos insere num determinado grupo social e, por vezes, é um instrumento de resistência.
Beethoven dizia que o segredo da música não está no toque da nota, mas no silêncio entre elas. Não por onde, se formos falar sobre a letra de uma canção, surgem incontáveis possibilidades de interpretação.
Ela invoca certas lembranças que há muito estão adormecidas num cantinho de nossa memória, e que, num breve momento, tal qual o ritmo sincopado de uma música, aos poucos resgata esse turbilhão de lembranças e sentimentos que simplesmente nos leva àquele perdido momento; seja ele bom ou não.
A música não pede licença à sua memória. Pelo contrário. Ela fustiga o que há de melhor e pior em nós. É como um trem que partiu e vai parando de estação em estação, embarcando e desembarcando esses sentimentos e essas memórias.
Basta escutar o primeiro acorde.
Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor
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