Por Odemirton Filho
Pedro Jairo estava sentado à mesa, pensando na sua mãe que residia no interior do estado. Queria estar ao lado da sua família, celebrando o dia das mães.
Lembrou-se das inúmeras ocasiões que poderia estar presente e não esteve. Preferiu, muitas vezes, ficar com os amigos, na “farra”.
Agora, diante da pandemia do novo coronavírus, e por sua mãe ser do grupo de risco, era prudente não ir abraçá-la e sentir o seu cheiro maternal. Uma cautela necessária, por amor.Cabisbaixo, rememorou o passado. Poucos foram os almoços em comemoração ao dia das mães que esteve presente.
Eram momentos agradáveis, livres, leves e soltos. Falavam sobre tudo e todos.
O tempero da mãe não tinha “parea”. Feijão verde, arroz da terra e galinha à cabidela. Além, é claro, daquela pinga, que descia queimando a garganta.
Eram pessoas simples, mas “barriga cheia”, como se diz.
Ainda jovem teve que ir morar na capital, em busca de emprego e dias melhores.
Era pedreiro, dos bons. Entretanto, em razão da crise de econômica e da pandemia da Covid-19, a construtora que trabalhava o demitiu. Ele e mais uma “ruma” de colegas.
Recebeu o Auxílio Emergencial do governo Federal de seiscentos reais. Era uma ajuda, daria para fazer uma feira e ir ao sítio ver os pais e os irmãos.
Tomou mais uma, o coração estava apertado. Morava sozinho, o relacionamento com sua ex-mulher durou pouco, incompatibilidade de gênios, como dizia um amigo advogado.
Na solidão, ouvia a música de seu cantor preferido, Belchior: “pai na cabeceira: é hora do almoço minha mãe me chama, é hora do almoço, minha irmã mais nova, negra cabeleira, minha avó me reclama: é hora do almoço”!
Estava com uma saudade danada. Das grandes. Sozinho à mesa, chorou.
Prometeu a si mesmo que, daqui para frente, não perderia mais nenhum almoço em comemoração ao dia das mães.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Prof.Odemirton. Pedro Jairo tem sorte. Sua mãe está viva. Tem como remediar esse abandono e cobri-la de amor, para sempre.
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