A ninguém chorei tantos clamores
Que estalam em meu peito angustiado
Ninguém sabe, talvez, que acerbas dores
Moram em meu coração dilacerado.
Já não sinto prazer, não sinto amores
Sou desta vida um pobre revoltado
Bebendo a taça dos meus dissabores
Para o que fui, meu Deus, predestinado.
Dias tristonhos, horas pensativo
Sem encontrar sequer um lenitivo
Sem uma mão carinhosa que me valha.
Só o que posso esperar nesta amargura
É o silêncio sem par da sepultura
Nas dobras flexíveis da mortalha.
Manoel Erasmo
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