Por François Silvestre
Foi-se o tempo de se bater às portas dos quarteis para impor controle à Democracia, no interesse da burguesia emergente. Tanques nas ruas fechavam parlamentos e derrubavam governos. Inquéritos policias militares puniam desafetos e desmoralizavam líderes populares.
Mataram politicamente Juscelino Kubitschek, João Goulart, Carlos Lacerda, Carlos Prestes, Francisco Julião, Tenório Cavalcanti e muitos outros.
Mataram fisicamente estudantes e operários.
Mataram líderes de uma luta armada cujas armas eram revólveres calibre 32.
Esse era o calibre do revólver encontrado no cadáver de Marighella.
No de Lamarca, um facão de cortar mato.
Após a redemocratização, as Forças Armadas mantiveram-se distantes da bagunça institucionalizada. Uma espécie de distância higiênica.
Agora, com essa intervenção no Rio de Janeiro, o Exército mergulha na bagunça. Ou resolve o problema ou paga o preço histórico de não ser mais nem o “amparo dos falsos desvalidos”.
E será motivo para titular um romance tosco: Ninguém mais apela aos coronéis.
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CASO STUART ANGEL JONES.
Stuart era filho do americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, figurinista e estilista conhecida internacionalmente. Bicampeão carioca de remo pelo Clube de Regatas Flamengo na adolescência,[3] ele foi estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possuía dupla nacionalidade, brasileira e americana.
Na virada das décadas de 60/70, passou a militar no MR-8, grupo de ideologia socialista que fazia a luta armada contra o regime militar, onde usava os codinomes “Paulo” e “Henrique”. Preso, torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica) em 14 de junho de 1971,[4] aos 25 anos de idade. Foi casado com a também militante e guerrilheira Sônia Morais Jones, presa, torturada e morta dois anos depois e também dada como desaparecida.
Preso próximo a seu “aparelho”, no bairro do Grajaú, perto da Avenida 28 de Setembro, na Zona Norte do Rio, Stuart foi levado pelos agentes do CISA à Base Aérea do Galeão para interrogatório. Dele, os militares queriam a informação da localização do ex-capitão Carlos Lamarca, chefe do MR-8 e então o grande procurado pelo regime. Negando-se a falar, foi então barbaramente torturado e espancado. Depois, foi conduzido ao pátio da base, vindo a morrer em consequência dos maus tratos.
Documento do SNI sobre Stuart, 1971
A versão mais conhecida e difundida de sua tortura e morte foi dada pelo ex-guerrilheiro Alex Polari, também preso no local, que assistiu da janela de sua cela as torturas feitas contra Stuart. Ele foi amarrado a um carro e arrastado por todo o pátio do quartel[4] . Em alguns momentos entre os risos, as perguntas e as chacotas feitas pelos militares, ele era obrigado a colocar a boca no escapamento do veiculo aspirando todos os gases tóxicos por ele emitido. Polari ainda conta na carta remetida a Zuzu Angel, que lhe foi entregue no Dia das mães na qual a notificava sobre o paradeiro de seu filho, que após ser desamarrado o militante foi deixado abandonado no chão, com o corpo já bastante esfolado onde seguiu clamando por água noite adentro. De posse dela, a estilista denunciou o assassinato de Stuart — que tinha cidadania brasileira e americana — ao senador Edward Kennedy, que levou o caso ao Congresso dos Estados Unidos.[4]
E por falar em “Carpideiras dos Quartéis” lembrei-me desta fala do Marechal Castelo Branco – acho que às vésperas do golpe de 1964:”Eu os identifico a todos. São muitos deles os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao Poder Militar”.
Se não por outro motivo, meu texto serviu para esses dois comentários terríveis, verdadeiros e tristemente belos de ROBERTÃO. Emocionou-me. Conheci Alex Polari de Averga e sua denúncia poética no “Inventário de Cicatrizes”, “Há manchas de sangue, nas vestes do torturado, a exalarem um estranho cheiro de súplica”. Sobre Castelo Branco, meu caro jb, era um recalcado por preterição de promoções nos governos do PSD. Eleitor de Lacerda, usou a amizade do udenista pra ser escolhido presidente. Começou mentindo no discurso de posse, ao prometer eleições livres após seu mandato.
Anos tristes e sombrios e o que me da mais tristeza são setores da sociedade atual afirmarem que não houve autoritarismo e tortura,optarem pelo arbítrio ao invés de lutarem por liberdade e democracia.
Carpideiras, golpistas, torturadores, obscurantistas e disseminadores do ódio de classe, em fim desagregadores de um povo e de um páis com rara inclinação para ser uma nação única em sua cultura étnica e sincretismo religiosos, em sua miscigenação de raças de um caldeirão multiétnico e cultural jamais vista visto. Como diria o saudoso Antropólogo Darci Ribeiro uma nova, renovada e nada similar ROMA.
No caso, todas essa figuras sombrias tal e qual o simulacro de Cãodidato à presidência Jair Bolsonaro que defato os representa, todos eles se confundem, se lançam, e se fundem em só palavra…A EXTREMA DIREITA NACIONAL, sempre a frente do poder real em nosso país, tenham o nome e (ou) a denominação que oportunamente quiserem adotar.
Infelizmente se constata que, tanto o judiciário nacional, tanto quanto o Exercito brasileiro ao longo da nossa curta, desmemoriada e frágil história democrática, sempre estiveram à serviço dessas figuras e, consequentemente a representar seus interesses meramente patrimonialistas, sobretudo na chamada hora da onça beber água…!!!
Aécio do Pó Neves o nosso simulacro atual do também golpista Carlos Lacerda, livre, leve, solto e desimpedido está aí para nos não deixar mentir….!!!
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.