Por Aluísio Barros
A madrugada de ontem, quarta (29 de junho), foi considerada a mais fria dos últimos cinco anos, com temperatura mínima de 6º C, em São Paulo. Sete moradores de rua morreram de frio.
Li a notícia assim, no calor daqui de casa, e lembrei e senti, por alguns instantes [toda memória de dor é uma vasta ferida que não se cura], os 6° graus que sacolejaram os nossos ossos [Fatima Oliveira e eu], naquela esquina da Av Brigadeiro Luís Antônio com a Alameda Jaú, enquanto, quase 6h da manhã, tentávamos um táxi para irmos assistir Camilo, em cirurgia no Hospital da Beneficência Portuguesa [Ivonete ficara em velas e récitas]. Quando estive em São Paulo, em madrugadas assim, desejei tanto, pelas dores de dentro dos ossos que o frio traz, ser abraçado pelo calor de Mossoró. Ah, desejei. Passei a sonhar com isso. Seria o prêmio a ser recebido junto com a nossa vitória alcançada, a saúde de nosso filho. E assim foi. Macktub.
Camilo Barros diz que gosta do frio. Não curto. A cruviana das serras de Martins e Portalegre me bastam (papai, José de Abília, adorava essa tal Cruviana, que enfrentava com uma lapada de aguardente].
Vendo a foto do morador de rua, lembrei dos muitos que se avistam nas noites de Mossoró [Uma noite, nessa pandemia, inquieto, peguei o carro – virei personagem de Rubem Fonseca – e fui engolir o silêncio das noites, que outrora me foram festivas.
Só avistei os corpos estendidos nas portas e bancos. Uma cidade inteira vigiada pelos moradores de rua [Li até que uma médica dissera que era estranho vacinar essas pessoas com a vacina de dose única. Criatura de pouco estudo. Nem discuto, se é médica]. Pois digo. Gosto mesmo é desse amorno que passa com o ar elétrico.
E vamos que vamos.
Cadê a raquete do chinês, Tertinha?
Aluísio Barros é professor e poeta
Quem é filho de Zé de Abílio(sogro de Paulo Linhares), pai de Miriam que escreveu essas linhas???
Muito bom ter notícias suas AB, melhor ainda, através deste conteúdo enriquecedor.
Abraço forte!
Com certeza amigo Aluísio Barros, sei que a dor do frio que causa mêdo à alma é bem mais dilacerante que aquele que corta nossa carne e esmaga o coração, conheço toda história que você e Ivonte (eternamente lembrabrada), vivenciaram para ter o nosso grande Camilo, seu filho com saúde recuperada. Resumindo, você e a pequena notável foram de uma força humana hercúlea para junto com a vontade de Deus, contar com o nosso querido Camilo recuperado e hoje te dando netos. Ivonte estar com Deus e de lá te agradece com certeza.
Moramos um tempo em São Paulo, e quantas vezes desejamos uma Mossoró com seu clima quente dentro daquele pedaço geografico do nosso Brasil.