A “guerra suja” pelo poder às vezes é recheada de baixarias típicas de cortiços.

O qüiproquó da quinta (29) na Avenida Rio Branco, durante inauguração de equipamentos de lazer, parceria estado-município, é apenas uma amostra do que ocorre. Não chega a ser exceção.

Os senadores Rosalba Ciarlini (DEM) e José Agripino (DEM) desceram encolerizados do palanque, depois de saberem que o cerimonial do estado – com o silêncio do município – não os incluíra entre os oradores. Os deputados federais Betinho Rosado (DEM) e Felipe Maia (DEM) os seguiram.

O incidente passou despercebido do público presente à festa. Diferente da Mossoró de 1972. Com a vitória do seu grupo à prefeitura, recuperando o poder que estava nas mãos do sistema do ex-governador Aluízio Alves, o então deputado federal Vintg Rosado comemorou a vitória do irmão, Dix-huit Rosado, num estilo inusitado.

Vingt empoleirou-se num banco da Praça Vigário Antônio Joaquim, de frente à casa de Edith Souto, aluizista histórica, para fazer evoluções com o próprio pênis. Suas frases provocativas ecoam até hoje, apesar dos historiadores oficiais evitarem narrar o caso. É como se tudo nunca tivesse acontecido.

Em 1988, quando efetivamente a família Rosado revelou seu racha, colocando frente a frente o médico e deputado estadual Laíre Rosado (no PMDB) e a pediatra Rosalba Ciarlini (no PDT) debutando na política, de tudo houve um pouco.

O grupo de Laíre-Vingt distribuiu um panfleto apócrifo, em tamanho “stand” (jornal). O conteúdo laudatório afirmava que o prefeito Dix-huit estaria apoiando Rosalba à sua sucessão, em troca de milhões de dólares facilitados pelo ex-governador Tarcísio Maia. Vingt também foi pro rádio insultar o irmão, usando vocábulos como “safado”.

HERODES

Na mesma campanha municipal, o deputado estadual e marido de Rosalba, Carlos Augusto Rosado (PFL, hoje DEM), alvejou o primo Laíre, via sua mulher, a hoje deputada federal Sandra Rosado (PSB). “Herodes está de volta”, era o título de editorial de um programa de rádio, que tratava Sandra como matadora de criancinhas, por ter supostamente tirado “Programa do Leite” de famílias que não apoiavam Laíre.

Em 94, reconciliada com o tio Dix-huit e na condição de vice-prefeita, Sandra outra vez bateu de frente com o parente. Terminou sendo despejada do gabinete de vice-prefeita. Dix-huit utilizou força judicial e policial para o bota-fora.

Em 96, com Rosalba retornando à disputa da prefeitura, quem foi sua principal adversária? Sandra Rosado. Nas ruas, através de setores da imprensa, se acompanhou um dos mais baixos níveis de linguagem em todos os tempos. A honra de Rosalba foi alvo de uma catilinária reprovável.

Contra Sandra, a troça foi a principal arma para desequilibrá-la. Adolescente e adultos eram açulados por Carlos Augusto para segui-la nos bairros, a insultando com o apelido de “Vaca louca”. A enfermidade bovina que atacava o rebanho inglês, no outro lado do mundo, foi o mote à provocação.

Para a campanha municipal de 2008, mais uma vez Rosado e Rosado vão se deparar.

De um lado a prefeita Fafá Rosado (DEM) e do outro a deputada estadual Larissa Rosado (PSB). Em 2004 elas já se enfrentaram. Para este ano, o nível do debate não tende a ser muito elevado.

Temendo ser alvejada pela retaguarda, em face de denúncias e investigações que pairam sobre seu pai, Laíre, envolvido com a “Máfia dos Sanguessugas”, Larissa ameaçou puxar sujeiras do lado oposto. Mandou o recado. Conseguiu o silêncio no esquema contendor.

E assim caminha a humanidade política mossoroense.

* Foto: Fafá Rosado e Sandra Rosado