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domingo - 30/06/2024 - 06:48h

Bomba arrasa-quarteirão

Ilustração Web

Ilustração Web

Por Marcos Ferreira

Preciso (antes que isto pareça uma facécia, uma anedota escatológica da parte deste escriba) dizer que a informação que repercutirei aqui, entre outros veículos da imprensa brasileira, chegou até mim pelo Uol em parceria com a agência Splash Notícias. A bomba arrasa-quarteirão estourou no Mossoró Cidade Junina (MCJ), precisamente na noite do dia 25 deste mês, de acordo com a reportagem. A cantora, instrumentista e compositora Michele Andrade, atração daquele momento, teve que interromper o seu show e ela própria foi atingida por “estilhaços” da referida bomba.

O negócio é o seguinte: alguém soltou um peido terrível perto do palco e muitos que estavam ali foram sufocados. A maioria, claro, arrepiou carreira. Também é claro que ninguém conhece a identidade do autor ou autora da flatulência. O fato é que essa pessoa tem ou estava com o fato podre e tocou o terror.

Somente por higiene auditiva e asseio mental, não ponho os meus pés nesses redutos da manada mossoroense. Quem me falou a respeito desse sucesso foi o meu amigo Marcos Rebouças, que me passou até mesmo um link do ocorrido. De início, como Mossoró é uma vasta piada pronta, imaginei que se tratasse de um conto jocoso. Mas, ao verificar o mencionado link, fiquei de queixo caído.

Percebendo o ruge-ruge e a gritaria, a nossa valorosa Polícia Militar depressa correu para o local da celeuma. Mas o grupamento dos pê-emes nada pôde fazer e ficou em uma situação de risco. Três ou quatro militares se sentiram mal e precisaram ser socorridos pelos próprios colegas de farda, que os conduziram a uma das unidades do Samu de prontidão em local estratégico. A cantora, apesar de zonza por conta da “carniça” empestando o ar, buscou informações da parte da plateia e o público assegurou-lhe que se tratava incrivelmente de um peido, uma bufa violentíssima.

Para o bem de todos e felicidade geral do Mossoró Cidade Junina 2024, ocorreu que o míssil Tomahawk contendo a ogiva gasosa explodiu em espaço aberto e com certo fluxo de vento, apesar da grande concentração de munícipes por metro quadrado. Por um milagre, portanto, aquele rebanho escapou fedendo.

Michele Andrade chegou a dizer que pensou que tinha sido uma briga, um quebra-pau, tamanho foi o desespero das pessoas buscando se salvar da bomba arrasa-quarteirão. O prefeito Allyson Bezerra, ao saber da fetidez, não se acovardou; pegou uma dúzia de acólitos e chaleiras e rumou para a zona nuclear. Diligente, homem de ação e com grande intimidade com outros gases malcheirosos, chamou novamente a polícia e esta fez um cordão de isolamento nas proximidades do palco.

Àquela altura do campeonato, porém, nenhum cristão com um pingo de juízo se atreveu mais a se aproximar do setor radioativo. No fim das contas a cantora pernambucana teve seu show prejudicado. Depois do susto, sã e salva, ela escreveu sobre o insólito acontecimento em sua conta no Instagram: “Já parei o show por vários motivos, mas por causa de um peido foi a primeira vez”, desabafou.

Agora o que nos preocupa é que o autor ou autora da bomba arrasa-quarteirão está por aí e as autoridades (sobretudo sanitárias) não fazem a menor ideia de quem seja. Sem tratamento médico, e a depender do local onde tal personagem volte a soltar mais um peido em ambiente com grande concentração de indivíduos, não se pode descartar a possibilidade de vítimas fatais. Imaginem um peido com esse poder mortífero dentro de um elevador com outras pessoas. É caixão e vela preta.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    Data máxima vênia Caro Marcos Ferreira, apenas e tão tao somente, mais uma inconteste prova de que o bom gosto musical, a civilidade e educação campeia nesses espaços e momentos ditos festivos e comemorativos no País de MOSSORÓ…!!!

    • Marcos Ferreira diz:

      Prezado Fransueldo Vieira de Araújo,
      Bom dia.
      É sempre uma honra contar com sua opinião e comentário sobre meus escritos. Grato, portanto, pela deferência e incentivo. O país de Mossoró tem dessas e muitas outras coisas. Umas são boas e outras são muito lamentáveis. Torço que as melhores suplantem as ruins. Porque, como cidadão, também desejo que esta terra ainda encontre o seu ideial.
      Abraços e uma ótima semana para você.

  2. ANTONIO FERNANDES PRAXEDES FILHO diz:

    Realmenro um Fato inédito que gerou grande repercussão nacional, pena que o autor de tal “flato” não tenha sido identificado, merecia registro no livro dos recorde.

    • Marcos Ferreira diz:

      Caro Antonio Fernandes Praxedes Filho,
      Bom dia.
      Essa história é de “fato” podre quanto hilária. Infelizmente, para o cenário nacional, nossa cidade figura com mais uma página negativa. No mínimo, amigo, embaraçosa. Uma semana com saúde e paz para vocês.
      Abraços.

  3. Amorim diz:

    Cês tão muito atrasados, na época de 60.morava em Açu e meu pai tinha uma farmácia que era ponto de encontro resenha matutino e naquele dia estava Dr Noé e percebendo o menino ruim que eu era chamou-me ao seu laboratório é me fez o tal ” flato alemão ” .
    Quando chequei na farmácia e abri só um ” poqim: era carniça pura.
    Um freguês falou; Seo.Osvaldim trate desse menino, ele tá mal demais
    Ainda hoje riu dessa passagem

    • Marcos Ferreira diz:

      Meu prezaado Marconi Amorim,
      Bom dia.
      Tenho conhecimento também desse antigo “peido alemão”. Era mesmo um “flato” terrível. Não sei se foi o caso do Mossoró Cidade Junina. Até agora, para todos os efeitos, o ocorrido foi registrado mesmo como peido, uma bufa poderosa. Desejo uma semana de saúde e paz para você.
      Abraços.

  4. Bernadete lino diz:

    Ri demais! Imagino o desespero das pessoas. Como diria meu neto, a pessoa deve ter comido repolho, ovo e comida estragada. Com um olfato privilegiado ele detecta a aproximação de um peido antes que seja liberado!! Vai logo perguntando: quem foi? Ele tem cinco anos! Se ele estivesse em Mossoró ele teria ajudado a encontrar o autor da bomba! Ainda estou rindo. Mas quem estava lá deve ter saído traumatizado. Kkkk

    • Marcos Ferreira diz:

      Querida amiga Bernadete,
      Acho que, às vezes, o tipo de comida interfere na potência do odor, da flatulência, porém acredidto também que, na maioria das vezes, isso depende do intestino do dito-cujo. Eu como ovo com frequência (na verdade, todo dia) e nunca arrasei meu quarteirão, sequer as narinas dos vizinhos mais próximos. Rsrs.
      Forte abraço, saúde e paz para você.

  5. Francisco Nolasco diz:

    Boa tarde, poeta.
    Sua escrita é um espetáculo em qualquer tema, seja romântico, sarcástico ou cômico, como essa “Bomba fétida”. Aqui em casa a gente chorou de tanto rir.

    • Marcos Ferreira diz:

      Meu prezado poeta Francisco Nolasco,
      Acho que você entendeu perfeitamente o espírito (o principal intuito) do meu texto: escrever uma página muito mais para a gente rir do que para refletir. É fato que a flatulência podre ocorreu, mas levei o caso a pagode. Foi minha única intenção. Grato pelo comentário e estímulo. Uma semana com saúde e paz para você e sua família.
      Abraços.

  6. Ayala Gurgel diz:

    Em meio à incredulidade e gosto pela textualidade deste poeta fui avançando no texto e confesso que um novo medo foi desbloqueado: encontrar-me em recinto fechado com o tal terrorista.

    • Marcos Ferreira diz:

      Caro amigo e escritor Ayala Gurgel,
      Bom dia.
      Você tem razão no seu receio de topar com o “flaticida”. O dito-cujo (ou a autora da bomba arrasa-quarteirão) é de “fato” perigoso. Lembrei-me logo dessa ogiva liberada num elevador com quatro ou cinco pessoas. É tiro e queda. Forte abraço e uma semana de saúde e paz para você e sua consorte, bem longe do “flaticida”.
      Abraços.

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