segunda-feira - 13/08/2012 - 08:16h
Carro importado

Brasileiro, babaca, paga para ter um falso status

Do Portal Uol

Um jornalista da versão online da revista americana Forbes, especializada em finanças e muito conhecida por compilar listas das maiores fortunas do mundo, escreveu um artigo em que ataca o preço excessivo cobrado no Brasil por modelos da Chrysler. Especificamente, citou o Jeep Grand Cherokee, já à venda no país, e antecipou crítica ao futuro preço do Dodge Durango, que só deve ser mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro.

Jeep e Dodge são marcas do grupo Chrysler, hoje controlado pela Fiat.

“Alguém pode imaginar que pagar US$ 80 mil por um Jeep Grand Cherokee significa que ele vem equipado com grades folheadas a ouro e asas. Mas no Brasil esse é o preço de um básico”.

É assim, em tradução literal, que começa o texto de Kenneth Rapoza, jornalista que cobre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) para a Forbes. O título original é “Brazil’s ridiculous $80,000 Jeep Grand Cherokee”, que, vertido ao pé da letra, fica “O Jeep Grand Cherokee brasileiro de ridículos US$ 80 mil”. O termo ridiculous, quando usado em frases construídas assim, serve para sublinhar o exagero daquilo a que se refere (no caso, o preço), em vez de simplesmente significar “ridículo”. Mas a crítica continua duríssima.

Falso status

Rapoza centra sua argumentação nos modelos da Chrysler e não comenta, por exemplo, que mesmo os carros fabricados no Brasil também são relativamente caros. O jornalista aponta os culpados de sempre pelos preços inflados (ele prevê o Durango a R$ 190 mil): impostos sobre importados e outras taxas aplicáveis a produtos industriais. “Com os R$ 179 mil que paga por um único Grand Cherokee, um brasileiro poderia comprar três, se vivesse em Miami”, escreve Rapoza. O valor é o da versão Laredo; a Limited custa R$ 204,9 mil.

Mas a questão principal, para ele, é mostrar que o brasileiro que gasta esse dinheiro todo num modelo Jeep não deveria acreditar que está comprando um produto que lhe dê status. “Sorry, Brazukas” (sic), escreve Rapoza. “Não há status em comprar Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Cherokee ou Dodge Durango; não se deixe enganar pelo preço cobrado”.

O jornalista acrescenta que “um professor de escola primária pública no Bronx [bairro de Nova York]” pode comprar um Grand Cherokee pouco rodado, enquanto no Brasil trata-se de carro de bacana. A citação de Civic e Corolla é importante porque, nos Estados Unidos, estes são considerados carros baratos, de entrada — mas no Brasil, mesmo fabricados localmente, custam mais de R$ 60 mil (cerca de US$ 30 mil).

Veja a matéria completa clicando AQUI.

Nota do Blog – O consumismo desenfreado e a vaidade já levaram muita gente à ruína. Somos um país de babaquaras e os norte-americanos ainda escrevem rindo de nossa cara.

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Categoria(s): Economia

Comentários

  1. Gilmar diz:

    Nosso sistema educacional forma esses tipos de cidadãos. Por isso digo: é perfeito – cumpre muito bem seu papel!

  2. Messias diz:

    É só um retrato da ilusão que todos vivem. E isso não se estende só aos automóveis não, basta andarmos um minuto pelas ruas e veremos um desfile de marcas famosas, não só de vestimentas, mas de eletrônicos, que representam “status” na nossa sociedade. Depois de escrever isso vou colocar o meu tênis Adidas, pegar o meu telefone Apple e ligar o meu Audi, pelo amor de Deus. Para quem “vive” nesse mundo, meus pêsames.

  3. hermiro vieira gurgel filho diz:

    Carlos Santos,
    Aqui em Mossoró presenciamos muitas madames (c… doces), desfilando em alguns locais requintados pensando que estão abafando e ao mesmo tempo os seus maridos devendo aos bancos, às vezes, prestações desses carros quase impagáveis. Por outro lado, se podemos chamar isto de status, comprei um sinal da internet a um provedor local por R$ 50,00 reais mensais e o mesmo quase não funciona. Para completar, terei que aguentar tamanho absurdo por quê: se cancelar hoje, terei que pagar muitos encargos. O pior é que nós pobres cidadãos não temos mais a quem recorrer por que o órgão competente do governo sabe dessa situação há muitos anos e fica inerte perante tamanha barbaridade. Às vezes fico pensando que sou um babaquara.

  4. Sednem diz:

    Rídiculo consumismo. O brasileiro inverte os valores.

  5. Geraldo Fagundes diz:

    Há tempos que a vaidade deixou de ser um pecado capital e passou a ser vista como uma doença. Já foram relatados alguns casos de morte por suicídio e loucura bem acima da moderada. A falência financeira total é a causa mais comum entre os cidadãos que teimam em acompanhar a moda e infiltra-se em altas classes sociais.

    Atinge principalmente a classe média. Hoje, em uma cidade do interior onde todos se conhecem, o cidadão que não possui uma Hilux ou um veículo ‘do ano’ e de valor maior, não faz parte da sociedade, não está bem de vida, não é visto pelo colunismo social, etc.

    Em se tratando de cidadãos vaidosos, Mossoró é uma cidade exemplar.

  6. jb diz:

    O que caracteriza à classe média brasileira é o consumo conspícuo, à indiferença pelo crescimento cultural/intelectual, o complexo de vira-latas-cuja expressão “coisa de 1º mundo” é a revelação do complexo_à emulação pecuniária, segundo o economista Thorstein Veblen- no livro A teoria da Classe Ociosa- “(…) a posse da riqueza se torna relativamente mais importante e mais eficaz como base costumeira de estima e reputação (…) A propriedade se torna portanto a base convencional de estima social (…) O sucesso relativo, medido pela odiosa comparação pecuniária com outros, se torna o fim convencional da ação humana. O fim legítimo e normalmente aceito de todo esforço passa a ser consecução de uma comparação favorável com outros homens; a repugnância pela futilidade em grande parte, portanto, coincide com o incentivo da emulação(…) Esforço deliberado passa a significar, essencialmente, esforço dirigido para um resultado mais favorável relativamente à acumulação de riqueza. Entre os motivos que levam os homens a acumular riquezas, avulta portanto como o primeiro deles, tanto em intensidade como em amplitude, o motivo da emulação pecuniária.” Págs 17,18,19 e20.

  7. Scarlett Kellermann diz:

    Isso se resume em poucas palavras: baixa auto-estima do brasileiro, que pra se sentir importante, uma vez que consegue finalmente ir pra fora do país, a primeira coisa que quer encontrar é uma loja onde pode encontrar roupa de marca barata. Também já fui idiota assim, mas ainda bem que aparentemente tem cura.

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