Por François Silvestre
A cidade tem pouco mais de cinco mil habitantes. Todo mundo se conhece, e a metade se detesta. O sonho de qualquer adolescente é se mandar. Ou então arrumar-se numa filial de facção, das que mandam na região, pra ter o luxo de moto, grana fácil, e vida curta.
O policiamento é chefiado pelo cabo Januário. Ele comanda dois soldados. Jalmir, que tem um bar, e Ademar, que nada tem. De mês em mês, quando dá certo aparece um delegado da polícia civil, que vem de Caraúbas ou Patu, seja para abrir um inquérito ou levar o cadáver de algum assassinado para o Itep de Mossoró.
Pois pois. Cada plantão, na delegacia, é dividido entre eles. Um dia de plantão e dois de folga. Portanto, o policiamento diário é de um só policial. Jalmir melhora o salário com seu bar. E Ademar gasta seu salário no bar de Jalmir. Januário é evangélico, não bebe. Nos dias folga vai à igreja “dos santos dos últimos dias” ou se embrenha nas grotas da serra vizinha caçando o que ainda resta de caça.
Na manhã de ontem, dia de seu plantão, Januário deixou a mulher cismada. Em vez de procurar a farda militar, vestiu-se à paisana para sair. Juliana perguntou: “Pronde vai desse jeito? Tá de plantão não”? E januário respondeu: “Tô de plantão, mas antes vou passar na prefeitura pra resolver esse caso da secretaria”.
A mulher não entendeu: “Qui caso da secretaria”? E ele explicou: “A secretaria da saúde, qui eu vou assumir. Sabia não? Eu sou a maior autoridade militar do município”.
Juliana: “Você num sabe nem tirar um bicho de pé, nem pra qui serve sal de fruta, vai fazer o que lá?”.
E ele: “Num interessa, é assunto militar. E deixe de cunversa qui tô atrasado”.
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Até agora estou sem entender essa crônica. É sério que o autor perdeu tempo escrevendo uma garrancheira dessas? Com todo respeito, os bons cronistas da terra devem estar se mexendo no túmulo.
Entendeu, sim. Por isso a raiva. Quantos nomes vc tem?
Obrigado por confirmar o que eu não sabia discorrer sobre o assunto.
Numa querra, hecatômbica, não tem Ministro Guerra e o Sub Comandante era uma dono de bodega; que caiu fora pois viu a tempo, depois de acordar, onde tinha se metido.
A nossa atualidade…esperem os novos reitores e entenderão. Alguns não sabem, por exemplo, que o ministro da saúde não é médico.
Caro François Silvestre, se essa figura que ora se rebela contra sua crônica à desmerecendo-a, na verdade sem saber do que se trata, realmente atende pelo nome de Justiniano. estamos ante um misto de uma brutal ironia e uma retumbante tragicomédia.
Quem conhece um pouco da história, em especial da história do direito em sua raízes romano/latinas, bem sabe quem foi Justiniano, por conseguinte irá entender o meu comentário.
Aliás François, guardadas as devidas proporções, sua brevíssima crônica trazendo á nu o burlesco e triste universo social e político das conhecidas cidades interioranas que ainda hoje, sobretudo na era Burro Nariana vicejam nos mais variados recantos do nosso Brasil típico, em sua ancestral masmorra política típica das Capitânias Hereditárias, num deixa de ter uma leve pitada da Macondo do genial romance do Colombiano Gabriel Garcia Marquez em seu imortal CEM ANOS DE SOLIDÃO…!!!
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.
Será q o cabo vai dá conta do recado? .De saúde não entende, talvez entenda de enxofre. Tá no lugar certo.
Sim, é radicalmente evangélico. Mestre, desenhe que ele entende.
“Adelante”, François…Tenho meia dúzia de publicações e, claro, só posso falar por mim: vc sabe muito bem traduzir a esdrúxula situação que vivemos, em crônica ou qualquer outro gênero literário. E “eles sabem que vc sabe”, daí o incômodo.
Abraços
David