A oposição em Mossoró praticamente não existe. É massa dispersa, time de amadores que se reúne na borda do campo faltando minutos para o jogo começar. Os Rosado comandam Mossoró desde 1948 porque exercem a política como profissão diuturna. São do ramo.
Até divididos, somam. Política é coisa muito séria. E eles transformaram esse ofício em ganha-pão, meio de vida.
Ninguém, de fora do sistema Rosado do A ou do B, tomará o “fascio” desse clã só com bla-bla-blá e sobrenome diferente. Tem que ter foco e conteúdo, ousadia e capacidade de luta. É fundamental um trabalho de médio e longo prazos, que podedar resultado mais rápido do que muitos imaginam.
Tem que cair, levantar, seguir em frente.
Em 2008, por exemplo, o vereador Renato Fernandes (PR) foi candidato a prefeito. Perdeu, sumiu. Aportou em Brasília, em seguida ancorou em Natal. Cadê a continuidade?
O PT de Mossoró, depois de décadas de combatividade, foi “arrendado” pela banda Rosado de Sandra Rosado (PSB). Hoje luta para eleger um vereador e olhe lá.
Os Rosado vivem momento de grande estresse político, mas sabem que sobram mesmo divididos. A luta fraticida, quase silenciosa, que eles vivem agora, é resultado do próprio esgotamento da fórmula oligárquica que cultuam há décadas, onde não cabem novidades fora do círculo consanguíneo.
A oposição é cooptada ou demolida. Não avança. Parece aquele sujeito que monta uma bodega e quer, em poucas semanas, ter a dimensão de um Carrefour. Aspira o poder em forma de aclamação, sem sangue, suor e lágrimas. Como uma benção divina.
Conservador
A discussão política em Mossoró é sempre em cima de nomes ou sobrenomes. Ninguém tem projeto para presente ou futuro do município. É fato. Os próprios Rosado se revelam assim. Há permanente empenho pelo poder e quase nenhuma ideia do coletivo.
Por sua natureza, o ser humano é conservador, não costuma dar passo adiante sem perscrutar bem o ambiente. Mossoró é conservadora. Com razão. Tem mantido os Rosado no poder porque quase nada diferenciado, consistente e confiável surgiu em décadas.
Qualquer projeto político em Mossoró, de força alternativa, precisa pensar Mossoró bem adiante, com foco e atuação continuada na sociedade. Levar em conta, por exemplo, que somente este ano e o próximo, a Prefeitura de Mossoro vai movimentar mais de R$ 1 bilhão. O Estado, comandado também por outra fatia do clã Rosado, terá em mãos mais de R$ 20 bi.
Não acho que devamos fazer campanha contra os Rosado. O trabalho é a favor de Mossoró, mudança de ordem, definição de outro modelo gestor e de política. Existem Rosado capazes, competentes, bem-intencionados e com espírito público, sim.
Mossoró transformou-se em centro acadêmico, a iniciativa privada muda sua face econômica, a intervenção pública tem hoje um efeito menor. Precisamos pelo menos eleger um prefeito que realmente exerça o cargo e não seja tutelado por irmão, esposa ou chefete político. O que temos há vários anos é o suprasumo do atraso.
São mais de 250 mil habitantes, população flutuante superior a 30 mil pessoas, quase 100 mil veículos automotivos; riquezas múltiplas, posição geopolítica estratégica, mas mesmo assim somos uma comuna refém do compadrio, do interesse espúrio, da ganância de predadores e da voracidade de gente que se acha iluminada.
Mossoró há anos que sequer tem um seminário para discutir seu modelo de crescimento econômico e sua pobreza de desenvolvimento humano. Faculdades e universidades fecham-se em copa, não conseguem chegar ao cidadão comum e abrem mão do estratégico poder da extensão acadêmica.
Discutir Mossoró é fundamental para entendê-la, compreender seu progresso econômico e atraso político; vocação à vassalagem e pobreza crítica. Mas discutir sem dogmatismo, ouvindo para ter direito à voz, falando para ser escutado.
Os que berram nada têm a dizer, porque só ouvem o que seus senhores determinam como certo ou errado.
Mossoró está aí, pronta para ser conquistada. E a tese de crescer o bolo, para dividi-lo, não cola mais. O bolo não para de crescer, mas da mesa farta de seus captores, só caem migalhas à grande maioria, além de “circo”.
Se as pessoas que entendem a política como ferramenta de transformação unissem forças agora as chances de mudança e de para o municipio seriam antecipadas. Mossoró tem à sua face a marca do sofrimento e do desgaste. Aqui não se contrói pensando no desenvolvimento nem na sua preparação do espaço urbano para chegar à próxima década com estilo e de cidade moderna e progressista. As universsidades se esquiva, os estudantes, bacharéis e técnicos de áreas estratégicas como engenharia de tráfego, urbanismo, construção civil, geografia, direito, meio ambiente, quando não existem por aqui, cruzam os braços. Nunca se vê estudantes e pessoas dessas áreas do conhecimento participando de audiências públicas que discutam os problemas do nosso município.
Concordo!
Excelente texto Carlos Santos, parabéns! O triste é que vc simplesmente descreveu a realidade que quase todos(a) ja sabem, os que não sabem ou não cresceram e passaram dos 05 anos de idade, ou ainda não aportaram a nossa querida cidade, nosso estado e nação, sempre tenho medo de propagandas tipo “Futuro”, pois vivemos um presente, aqui não aprendemos como o passado isto é fato, me assusta “Que somos o futuro… país do futuro, cidade do futuro, jovens são o futuro… etc…A verdade que as bem feitorias que estão em nossa disposição são minimas diante do tempo e das riquezas geradas, como ja escrevi em outros textos, não tenho mais esperança nas retóricas, pois elas apenas enfeitam os discursos e os letreiros das propagandas alá rios de dinheiro público, enquanto nossas necessidades básicas são precárias, mas nossos impostos são eficientes, cada vez mais tenho certeza de que a “Esperança é a ultima que morre, pois a mesma deve agonizar até o ultimo segundo para sorriso de seu algoz”…”(José Walter da Silva). Abraço forte!
Acredito que, não em curto prazo, vão haver novidades na política de Mossoró, as informações estão chegando com mais detalhes onde não chegavam antes, a internet vai tirar Mossoró do buraco, está acabando o poder dos grandes comunicadores.