• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
quinta-feira - 21/07/2011 - 14:59h
Passado, presente, futuro...

Caminhos de um novo modelo de vida para Mossoró

Preâmbulo da sucessão municipal não apresenta qualquer novidade e consolida atraso de décadas

"Bolo" não para de crescer, mas cidade continua incapaz de discutir suas mazelas

A oposição em Mossoró praticamente não existe. É massa dispersa, time de amadores que se reúne na borda do campo faltando minutos para o jogo começar. Os Rosado comandam Mossoró desde 1948 porque exercem a política como profissão diuturna. São do ramo.

Até divididos, somam. Política é coisa muito séria. E eles transformaram esse ofício em ganha-pão, meio de vida.

Ninguém, de fora do sistema Rosado do A ou do B, tomará o “fascio” desse clã só com bla-bla-blá e  sobrenome diferente. Tem que ter foco e conteúdo, ousadia e capacidade de luta. É fundamental um trabalho de médio e longo prazos,  que podedar resultado mais rápido do que muitos imaginam.

Tem que cair, levantar, seguir em frente.

Em 2008, por exemplo, o vereador Renato Fernandes (PR) foi candidato a prefeito. Perdeu, sumiu. Aportou em Brasília, em seguida ancorou em Natal. Cadê a continuidade?

O PT de Mossoró, depois de décadas de combatividade, foi “arrendado” pela banda Rosado de Sandra Rosado (PSB). Hoje luta para eleger um vereador e olhe lá.

Os Rosado vivem momento de grande estresse político, mas sabem que sobram mesmo divididos. A luta fraticida, quase silenciosa, que eles vivem agora, é resultado do próprio esgotamento da fórmula oligárquica que cultuam há décadas, onde não cabem novidades fora do círculo consanguíneo.

A oposição é cooptada ou demolida. Não avança. Parece aquele sujeito que monta uma bodega e quer, em poucas semanas, ter a dimensão de um Carrefour. Aspira o poder em forma de aclamação, sem sangue, suor e lágrimas. Como uma benção divina.

Conservador

A discussão política em Mossoró é sempre em cima de nomes ou sobrenomes. Ninguém tem projeto para presente ou futuro do município. É fato. Os próprios Rosado se revelam assim. Há permanente empenho pelo poder e quase nenhuma ideia do coletivo.

Por sua natureza, o ser humano é conservador, não costuma dar passo adiante sem perscrutar bem o ambiente. Mossoró é conservadora. Com razão. Tem mantido os Rosado no poder porque quase nada diferenciado, consistente e confiável surgiu em décadas.

Qualquer projeto político em Mossoró, de força alternativa, precisa pensar Mossoró bem adiante, com foco e atuação continuada na sociedade. Levar em conta, por exemplo, que somente este ano e o próximo, a Prefeitura de Mossoro vai movimentar mais de R$ 1 bilhão. O Estado, comandado também por outra fatia do clã Rosado, terá em mãos mais de R$ 20 bi.

Não acho que devamos fazer campanha contra os Rosado. O trabalho é a favor de Mossoró, mudança de ordem, definição de outro modelo gestor e de política. Existem Rosado capazes, competentes, bem-intencionados e com espírito público, sim.

Mossoró transformou-se em centro acadêmico, a iniciativa privada muda sua face econômica, a intervenção pública tem hoje um efeito menor. Precisamos pelo menos eleger um prefeito que realmente exerça o cargo e não seja tutelado por irmão, esposa ou chefete político. O que temos há vários anos é o suprasumo do atraso.

São mais de 250 mil habitantes, população flutuante superior a 30 mil pessoas, quase 100 mil veículos automotivos; riquezas múltiplas, posição geopolítica estratégica, mas mesmo assim somos uma comuna refém do compadrio, do interesse espúrio, da ganância de predadores e da voracidade de gente que se acha iluminada.

Mossoró há anos que sequer tem um seminário para discutir seu modelo de crescimento econômico e sua pobreza de desenvolvimento humano. Faculdades e universidades fecham-se em copa, não conseguem chegar ao cidadão comum e abrem mão do estratégico poder da extensão acadêmica.

Discutir Mossoró é fundamental para entendê-la, compreender seu progresso econômico e atraso político; vocação à vassalagem e pobreza crítica. Mas discutir sem dogmatismo, ouvindo para ter direito à voz, falando para ser escutado.

Os que berram nada têm a dizer, porque só ouvem o que seus senhores determinam como certo ou errado.

Mossoró está aí, pronta para ser conquistada. E a tese de crescer o bolo, para dividi-lo, não cola mais. O bolo não para de crescer, mas da mesa farta de seus captores, só caem migalhas à grande maioria, além de “circo”.

Compartilhe:
Categoria(s): Opinião da Coluna do Herzog

Comentários

  1. Mendes diz:

    Se as pessoas que entendem a política como ferramenta de transformação unissem forças agora as chances de mudança e de para o municipio seriam antecipadas. Mossoró tem à sua face a marca do sofrimento e do desgaste. Aqui não se contrói pensando no desenvolvimento nem na sua preparação do espaço urbano para chegar à próxima década com estilo e de cidade moderna e progressista. As universsidades se esquiva, os estudantes, bacharéis e técnicos de áreas estratégicas como engenharia de tráfego, urbanismo, construção civil, geografia, direito, meio ambiente, quando não existem por aqui, cruzam os braços. Nunca se vê estudantes e pessoas dessas áreas do conhecimento participando de audiências públicas que discutam os problemas do nosso município.

  2. Jose Walter diz:

    Excelente texto Carlos Santos, parabéns! O triste é que vc simplesmente descreveu a realidade que quase todos(a) ja sabem, os que não sabem ou não cresceram e passaram dos 05 anos de idade, ou ainda não aportaram a nossa querida cidade, nosso estado e nação, sempre tenho medo de propagandas tipo “Futuro”, pois vivemos um presente, aqui não aprendemos como o passado isto é fato, me assusta “Que somos o futuro… país do futuro, cidade do futuro, jovens são o futuro… etc…A verdade que as bem feitorias que estão em nossa disposição são minimas diante do tempo e das riquezas geradas, como ja escrevi em outros textos, não tenho mais esperança nas retóricas, pois elas apenas enfeitam os discursos e os letreiros das propagandas alá rios de dinheiro público, enquanto nossas necessidades básicas são precárias, mas nossos impostos são eficientes, cada vez mais tenho certeza de que a “Esperança é a ultima que morre, pois a mesma deve agonizar até o ultimo segundo para sorriso de seu algoz”…”(José Walter da Silva). Abraço forte!

  3. Pedro Cardoso diz:

    Acredito que, não em curto prazo, vão haver novidades na política de Mossoró, as informações estão chegando com mais detalhes onde não chegavam antes, a internet vai tirar Mossoró do buraco, está acabando o poder dos grandes comunicadores.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.