Agora entendo perfeitamente o porquê de Machado de Assis, ter dito: “Não transmiti a ninguém o legado da nossa miséria…”. É claro que o Bruxo do Cosme Velho percebeu que este mundo não era digno das crianças…
Agora entendo mais ainda, quando Nietzsche gritou para que todos ouvissem: “Deus está morto!… E nós o matamos. Como podemos nós, os assassinos entre os assassinos nos consolarmos?!”.
Pois é… matamos Deus, quando aceitamos que o dinheiro público, ao invés de ir para os hospitais, fiquem alojados nas cuecas – e agora também nas meias – de centenas de milhares de desonestos engravatados; matamos Deus, quando permitimos que pessoas morram de fome, enquanto essa mesma cambada de desonestos engravatados nos roubam diariamente; matamos Deus, quando deixamos as nossas crianças fora das escolas, pois o dinheiro foi desviado para pagar os mensalinhos e mensalões da vida…
Pois é meu filho, a humanidade – caminhando em passos de formiga e sem vontade-, se dirige, rapidamente, para sua autodestruição. Terremotos, tsunamis, enchentes, etc. etc. tudo isso, é nada mais nada menos do que o universo nos dizendo: “Pare! Reflita! Mude!”.
Veja meu filho, chegamos ao ponto de que ninguém aceita mais uma generosidade.
No meu último artigo, em que dei de presente um lenço e um livro (“A arte da guerra”) aos derrotados pelo FLAMENGO, no brasileirão de 2009, sabe o que foi que recebi em troca? Uma enxurrada de e-mails mal criados! Principalmente dos torcedores do Vasco. É isso mesmo, meu filho: quanta ingratidão!
Logo eu, que tanto admiro o desprendimento, o desapego e a falta de ambição do time crusmaltino, confesso que fiquei estarrecido com esse comportamento… eu não merecia isso… eu não merecia…Até e-mails me chamando de louco, recebi.
Mas, esquecem estes que me acusam, de que louco, segundo Chesterton, é aquele que perdeu tudo menos a razão. E razão tenho eu, quando ofereço de presente (eu sei: a gentileza neste mundo é um crime também) o livro “A arte da guerra”.
Até porque, quando eles nos acusam de termos ganhado devido à ajuda do STJD, dos juÃzes, dos times do Corinthians e Grêmio, assim o fazem por desconhecerem o que diz Sun Tzu, na página 26: “O chefe habilidoso conquista as tropas inimigas sem luta; toma suas cidades sem submetê-las a cerco; derr ota o reinado sem operações de campo muito extensas. Com as forças inatas, disputa o domÃnio do império e com isso, sem perder um soldado, sua vitória é completa… esse é o método de atacar com estratagemas, de usar a espada embainhada”.
Acusam-nos, por desconhecerem que temos uma arma ‘secreta’, descoberta pelo grande (mas, que poderia ser maior se não tivesse o péssimo gosto de torcer pelo Fluminense) Nelson Rodrigues:
– Para o FLAMENGO, a camisa é tudo. Já têm acontecido várias vezes o seguinte: "Quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisÃveis mãos. Adversários, juÃzes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o FLAMENGO não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável."
É meu filho… para viver neste mundo – onde não existe o diabo e sim “homem humano”, como dizia Guimarães Rosa-, é preciso mais do que nunca ter sempre em mente as sábias palavras de Cristo: “Pai, perdoa-os! Pois eles não sabem o que fazem”… e não sabem mesmo, pois se soubessem já teriam mudado de time.
Um grande beijo daquele que te ama muito.
Edilson Pinto é professor, médico e escritor
A maioria dos meus amigos é flamenguista. Aliás o flamengo é maioria em tudo. Vai virar unanimidade, daquelas de Nelson Rodrigues. Um deles me esnobou. “Sou Flamengo doente”. Eu sei. Com saúde, escolheria outro time. Um chêro masoquista de vascaino.
Ainda bem que os torcedores do Flamengo reconhecem: ser flamenguista se transformou em uma epidemia.
cada vez mais sou admirador deste espaço pela inteligência dos que fazem este espaço.parabens caro amigo carlos santos.
No inÃcio era o caos,e o vasco habitava (habita)o caos;depois veio a perfeição,e com ele…bem…com ele, veio o MENGÃO!!!!
O trecho mais verdadeiro da sua narrativa é esse: “Há de chegar talvez o dia em que o FLAMENGO não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada”. E sabe por que?? pelo motivo óbvio: O FLAMENGO tem em seu favor os juÃzes e os maus profissionais (Ronaldo simulando contusão, Felipe não tenta defender pênalti, e até um reserva do Grêmio diz ao adentrar o gramado: “Ninguém chuta no gol!!”). Isso é que é “ajudinha”, afinal estava prestes a completar duas décadas somente com os seus “Carioquinhas”, pouco, para quem se vangloria de ser o melhor.