Por François Silvestre
O tempo não passa/
nós e nossas coisas/
é que passamos.
O tempo assiste,/
embalando-se numa rede,/
na varanda do espaço.
O calendário é a federação do tempo./
Ninguém vive nos anos nem nos meses/
Vive-se nos dias da semana./
Os dias são os municípios do calendário.
É ai onde se vive/ e se passa.
Nós, o tempo não./ Embala-se ele na avarandada/
rede da imensidão.
Nesses tempos pandêmicos/
de maluquice invacinável,/
Restam-nos apenas dois dias/
para viver.
Só dois! /
Dependendo do humor/
todo dia é Segunda ou Sábado.
Os Domingos morreram./
Ou é um dia antes dele ou o dia que vem depois./
Sábado ou Segunda./
Roubaram nossa semana./
Precisamos de um município para viver!
François Silvestre é escritor
Grande poesia. E verdadeira. Parabéns.
François, assim vc complica tudo. A linguagem de Cazuza é poética, tbm a sua. Vc me dá um gancho para concluir que tudo na vida tem dois lados. Porque a babaquice da polarização? Se quem é de centro é tucano?
Quem cobra explicação de poesia entende nada do ramo. Poesia não se explica. Tucano? Meu deus. Esteja no seu rebanho e cale do que não entende.
Cazuza e François são poetas. Têm licença das sereias pra enganar com versos os ouvidos dos navegantes.
Beleza pura! Salve, François Silvestre!