domingo - 24/07/2011 - 16:00h
Disputa de poder

Clã Rosado sofre com efeitos do “gigantismo” no topo

Obsessão de Gustavo Rosado é ameaça comum para Carlos, Sandra Rosado e à própria oligarquia

O clã Rosado vive um momento paradoxal em sua existência: como grupo político de raiz eminentemente familiar, está no topo. É a mais bem-sucedida e longeva oligarquia em atividade no Rio Grande do Norte, com seu poder espraiado por todos os poros.

Mesmo assim está em xeque.

Como explicar que com tantos ventos soprando a favor, os Rosado estejam em dificuldades? E que dificuldades são estas?

Tudo é resultado do seu próprio modelo de fazer política. Adota visão reducionista, concentradora e que costuma selecionar “tropa” pelo critério da fidelidade cega e não da qualificação ao fortalecimento de seus próprios projetos de manutenção do poder. Quase ninguém prospera politicamente à sua volta, se não possuir o mesmo sobrenome.

Mas a grande ameaça aos Rosado, agora, não é o surgimento de qualquer força alternativa ou convulsão social em Mossoró. A corrosão da oligarquia é endógena, de suas entranhas, com a luta por espaços internos e supremacia de comando.

A crise não é, em si, uma anomalia. Faz parte de toda história de ascensão e gigantismo político. Quanto maior o “bolo”, maiores as tentações, conspirações e interesses conflitantes. Sempre foi assim. Dos impérios milenares no Oriente, às cortes medievais europeias.

Gustavo vai pro tudo ou nada

É Gustavo Rosado, que nos anos 80 e início dos anos 90 teve projeção pessoal na cidade como “agitador cultural”, a ameaça a esse poderio. Arqueado sobre sua mesa de trabalho na antessala da prefeita de direito Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”, sua irmã, no Palácio da Resistência, ele desenhou para si uma ambição pessoal. Não estabelece limites ou artifícios.

Quer ser o novo todo-poderoso da família. O preço, não importa.

Prefeito de fato, Gustavo – chefe de Gabinete da prefeitura – passou a exercer a liderança do governo, nos campos político e administrativo. Eclipsou até mesmo irmãos mais conceituados socialmente, além de vitoriosos no campo empresarial. E a prefeita de direito foi posta numa redoma, apenas para aparecer em fotos e solenidades.

Ele é o cara. Dá as cartas.

Essa ousadia lhe deu combustão para sonhar mais alto, agindo muitas vezes como uma centrífuga: tritura tudo à sua volta, depois, se for o caso, tenta juntar os cacos. Um comportamento que torna tudo movediço e minado sob seus próprios pés.

Carlos Augusto Rosado (DEM), seu primo, quatro vezes deputado estadual, marido da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), que ganhou a reputação de líder frio e incontestável, é um “aliado” a ser suplantado. Nesse mesmo espaço geopolítico, não é possível essa diarquia (governo de dois reis). É um ou outro.

A sucessão municipal é o teatro de guerra desse duelo surdo, que os dois lados do governismo tentam disfarçar com sorrisos amarelos e entrevistas açucaradas. Em tudo há uma sincera hipocrisia, que os ajuda a conspirar contra o outro.

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“Dono” do Estado, papel que repete como fez na época das três gestões da mulher, Rosalba, na Prefeitura de Mossoró, Carlos Augusto não abre mão de comandar a sucessão de Fafá, que aboleou na cadeira de prefeita em 2005. Gustavo, também não.

Quem vai se submeter à liderança do outro? Um indica e conduz nome à sucessão de Fafá e o outro endossa e ajuda? Quem ficará com o papel de comandante-em-chefe?

Na outra extremidade dessa briga fraticida, ainda tem a deputada federal Sandra Rosado (DEM), adversária oposicionista, que há anos não experimenta o doce sabor da prefeitura. Quer fazer a filha e deputada estadual Larissa Rosado (PSB), na terceira tentativa consecutiva, prefeita de Mossoró.

Prima de Carlos, com quem mantém ótimo relacionamento social e familiar, ela não conserva a mesma simpatia ou sequer um sorriso protocolar, para Gustavo. A recíproca é verdadeira. Esse é um primo que sempre vivera a expensas de mesadas familiares ou empregos públicos, arranjados por tios e primos políticos como Sandra e Carlos. A deputada e Gustavo não são apenas adversários.

Larissa Rosado

Desse emaranhado de interesses, ressentimentos e vaidades sairá o resultado das urnas em 2012. Entre as várias conjecturas à mesa, existe hipótese de Carlos e Gustavo se afinarem. Um aceitaria a posição de lugar-tenente do outro. Outra possibilidade, é que o Palácio da Resistência tenha candidato próprio, enquanto Carlos e Rosalba escolham outro.

O prognóstico de um racha, que leve Carlos e Rosalba a acenarem para Larissa, por ser um mal menor, não deve ser afastado. Mesmo que seja algo de difícil.

Num passado relativamente distante, os Rosado já tiveram problema parecido. Outros tempos, outra conjuntura. Filho do então prefeito Dix-huit Rosado, o industrial Mário Rosado pontificou na última gestão do pai (1993-1996). O período rachou a família a ponto de gerar várias interpelações judiciais entre seus líderes, provocações através da imprensa e até incidentes truculentos.

Mário passou com a morte do próprio pai no poder, em pleno mandato, no dia 22 de outubro de 1996. Mas até hoje  é lembrado pelo estilo “arrasa-quarteirão”, ou “passando a limpo”, como era o título de um programa de rádio que apresentou, em que arrancava as vísceras da própria família.

Carlos e Sandra: afinação para se evitar o pior

Com Gustavo, a história se repete. O desiderato é o mesmo: mandar, desmandar. Ser único a reinar no “país de Mossoró”.

Quem conhece bem a natureza, perfil e história do clã Rosado, sabe que Carlos, Sandra e Gustavo representam a própria essência dessa oligarquia. Cada um com suas idiossincrasias, centralizadores e onipotentes.

O que talvez torne o primo Gustavo letal, é o fato de experimentar uma situação única de mando e esteja disposto a não largá-lo facilmente. Deve sentir calafrios ao pensar que voltará a ser um personagem periférico, longe do Palácio da Resistência.

Passional e colérico como é, se mexe como um homem-bomba. Não se intimida diante dos primos. Pode mandar tudo pelos ares.

Ele quer o meu lugar – ruminou Carlos Augusto a uma interlocutora da própria família, há alguns meses, se referindo ao agitador cultural.

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. Antonio Nunes diz:

    Ora, ora!, tudo Mto Simples! O Super-SUPER Chico CArlos e sua tropa capitaneando gerentes seus assesores diretos e indiretoes porem menos qualificados que outrora tem feito “caldinhos” e “porções” com ingredientes (quase)mágico e apresentado a Gustavo para que o mesmo deguste-o. O danado temporão caçula do clã, tem gostado afinal, tem paladar requintado e o poder escorre na veia e assim sendo, “engorda” os olhos cada vez mais para o poder, mesmo sabendo segundo Focoult que não existe poder mas, relações e práticas de poder. Ademais, tem se dito inúmeras e infinitas vezes aqui nesse espaço e alhures, que o cavalo passou selad é só esperar. Mossoró segue a tradição de “respirar” política no tempo certo, para alguns que tem poder de mudança decisivo, ainda é cedo e a cidade dorme proseando as noites em busca do sol nascer cada dia renovado. 2012 já está nas portas. Até lá só mto bláblábláaaa.

  2. Antonio Nunes diz:

    Ora, ora!, tudo Mto Simples! O Super-SUPER Chico CArlos e sua tropa capitaneando gerentes seus assesores diretos e indiretoes porem menos qualificados que outrora tem feito “caldinhos” e “porções” com ingredientes (quase)mágico e apresentado a Gustavo para que o mesmo deguste-o. O danado temporão caçula do clã, tem gostado afinal, tem paladar requintado e o poder escorre na veia e assim sendo, “engorda” os olhos cada vez mais para o poder, mesmo sabendo segundo Focoult que não existe poder mas, relações e práticas de poder. Ademais, tem se dito inúmeras e infinitas vezes aqui nesse espaço e alhures, que o cavalo passou selado é só esperar. Mossoró segue a tradição de “respirar” política no tempo certo. Para alguns que tem poder de mudança decisivo, ainda é cedo e a cidade dorme proseando as noites em busca do sol nascer cada dia renovado. 2012 já está nas portas. Até lá só mto bláblábláaaa.

  3. jb diz:

    Carlos Santos, a disputa pelo poder entre os Senhores Gustavo Rosado e Carlos Augusto nos remete a reflexão de Tucídides sobre formas de poder no império ateniense.
    Em Atenas “defrontam-se Cleon e Diodato, cujos discursos coincidem em sustentar o império, mas assumem rumos divergentes”. Quanto a seguinte reflexão nos parece bastante apropriado para as relações políticas entre os Rosados.
    “(…) Não estais refletindo que o império que detendes é uma tirania, com súditos involuntários conspirando contra vós, obedecendo não porque estejam atentos a que sejais benéficos prejudicando a vós próprios, sendo antes pela força que pela boa intenção deles que prevalecereis” (III, 37, 2).

    Fonte:Maria Sylvia Carvalho Franco (Jornal Folha de São Paulo, 03/06/2001)

  4. Cid José Barbosa Neto diz:

    Prezado Carlos,

    Em Mossoró, a relação comunicação-mídia-administração pública vive no mais retrógrado dos mundos. A edição do sábado/domingo do jornal Correio da Tarde traz em matéria de meia página a distribuição de kits de EPI – Equipamento de Proteção Individual (EPI), com luvas, máscara e botas, como se fosse uma ação estupenda e maravilhosa da Prefeitura em “valorização do servidor”.

    Fiquei pensando se os jornalistas desse “prodigioso” jornal não sabem que EPI é de distribuição obrigatória, e que os coveiros já de há muitos anos tinham que trabalhar com esse material “dado” pela Prefeitura?

    O Coveiro, cujo Código Brasileiro de Ocupação (CBO) é 5166-10, tem direito a adicional de insalubridade em grau médio e estão recebendo os kits de proteção com dezenas de anos de atraso.

    O pessoal que trabalha com cemitério corre risco biológico, e mesmo que faça o uso de EPIs, existirá o adicional de insalubridade.

    Onde está o Ministério do Trabalho que nunca fiscalizou os cemitérios de Mossoró? Antes de ser uma “conquista” dos servidores, ou uma “dádiva” da administração municipal, como foi colocada na matéria, a Prefeitura apenas cumpriu tardiamente o seu dever como empregadora.

    Isto os sindicatos nada denunciam!
    O Ministério Público do Trabalho nada!
    E a Delegacia Regional do Trabalho, tão pródiga na autuação das empresas, nunca olharam essas condições de risco que estavam expostos os funcionários dos cemitérios.

    E, com uma matéria cinfrim dessas, o jornal ainda faturou!

    É o fim!

    Abraços,

    Cid Barbosa

  5. Gilmar Henrique diz:

    Em nada essas conchamblambanças têm a ver com monhas intenções de voto. É o tipo de comentário que faço sem a leitura correspondente.

  6. Josué Moreira diz:

    Acho que você tem muitos arquivos guardados no baú sobre o “Império Rosado no país de Mossoró”, será que dá pra fazer um filme? o problema é que no elenco só tem artista!

  7. Marcos Antonio diz:

    É pelo jeito o Reio mudou no País de Mossoro, Carlos Augusto Rosado ou melhor Ravengar perdeu o Trono para Gustavo Rosado, agora é saber se Ravengar vai deixar isso que queto. Eu acho que não!

  8. Marcos Antonio diz:

    É pelo jeito o Rei mudou no País de Mossoro, Carlos Augusto Rosado ou melhor Ravengar perdeu o Trono para Gustavo Rosado, agora é saber se Ravengar vai deixar isso queto. Eu acho que não!

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  1. […] a reportagem especial desta semana, no Blog do Carlos Santos – clicando AQUI – e entenda melhor esse emaranhado de interesses conflitantes. Categoria(s): […]

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