Por François Silvestre
…e outras milacrias.
Rua do Chacon, bairro Casa Forte, no Recife. Uma conversa com Ariano Suassuna sobre muita coisa, umas e outras de um papo que versou descontraído, de cujas lembranças trato agora. De lembrar pra não se perder.
Da nacionalidade popular do Auto da Compadecida, e do meu atrevimento a negar valor literário à peça, compensando com a observação de que A Pedra do Reino elenca-se entre as grandes obras da ficção internacional. E daí foram muitas incursões sobre fatos e pessoas.
Incluindo curiosidades e idiossincrasias da nossa família, (minha mãe e Ariano eram primos), descendentes de Raimundo Sales e Mariana Felícia. Cujo sobrenome, Suassuna, que o casal pôs nos filhos, foi retirado de um regato em Riacho dos Cavalos, Catolé do Rocha. (riacho Suassuna, que significa servo negro) Desses filhos, um era o avô de Ariano e uma filha, minha bisavó. O Avô de Ariano, Alexandrino, nasceu na Serra do Martins.
De tanto que falamos, alguns registros. Sobre a surra de bengala que Delmiro Gouveia aplicou em Francisco Rosa e Silva, político pernambucano, que foi vice presidente da República no governo Campos Sales. Também foi senador e ministro do Supremo.
Em pleno bairro do Derby, centro do Recife, Delmiro surrou Rosa e Silva com um bengala de miolo de aroeira, em resposta à safadeza do mesmo por perseguição ao idealizador de Paulo Afonso, com registro em canção de Luís Gonzaga. Delmiro Gouveia era tio-avô de dona Marta, mãe de Geraldo Vandré.
Daí, nem lembro como, surgiu o assunto sobre Academias de Letras. Eu cobrei:
– “Você sempre negou o interesse nessa “imortalidade” e acabou aceitando. Foi pressão de amigos”?
Ele respondeu: “Pressão houve, mas num foi não. Foi falta de personalidade”. E continuou: “Eu sempre fui assim. Nunca gostei de cafezinho, nunca, mas inventava de tomar porque diziam que todo brasileiro tem que gostar de cafezinho. E eu, sem personalidade, tomava, e detesto. Depois, eu nunca gostei de viajar, mas diziam que viajar era muito bom, aí eu viajei muito e nunca gostei”.
Nesse momento ele parou e me perguntou: “O que você acha das Academias de Letras”? Respondi: “Acho que é a adolescência da idade intelectual”. Aí, ele inquiriu:
“Isso quer dizer o quê”? Respondi: “Quero dizer que é um grupo de adultos intelectualizados brincando de casinha”.
Ele arregalou os olhos, juntando os lábios, e disse: “É mermo”. (assim mesmo com o “r” no lugar do “s”). E repetiu: “É mermo. Toda tarde tem chá com bolo. Eu nunca fui; não gosto de bolo, e chá, só de macela, quando tenho dor de barriga”.
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Porquê ri tanto, momento de felicidade, com Ariano autografando para Wheydja, irmã de Wheymita, seguidas por Hugo, agá u ge o,…não posso lembrar…bom demais…
Bom demais. Queria estar lá, só na ouça…
Eu também, Honório.
O papo com Ariano é bem melhor do que a propaganda política.