Por Luís Correia
Potencial de ação, fenômeno elétrico que ocorre em células excitáveis. De uma maneira bastante simplória, poderíamos dizer que é a energia necessária para ativação ou desativação de uma função celular. O ponto chave, que dá início à nossa linha de pensamento, é que esse fenômeno modulou e modula nosso comportamento há séculos.
Cada ação, reação, batimento cardíaco, respiração, manutenção do corpo, sono, tudo há um gasto de energia. A maquinaria corporal transforma os alimentos e outras substâncias para geração do potencial de ação, esse potencial nos deixa vivos.
“Nosso corpo encontrou uma base fisiológica para a preguiça”, frase de Jessica Selinger, pesquisadora da Universidade de Simon Fraser e principal autora do artigo, publicado na revista Current Biology. Ela diz que nosso sistema sempre escolhe o caminho com menor gasto calórico, portanto o caminho mais fácil. Inconscientemente, nosso sistema nervoso ajusta nossos movimentos para poupar caloria.
Isso repercute nas nossas ações no dia a dia e em geral: elevador ou subir escadas? Cozinhar ou comida instantânea? Ir à padaria próxima de casa a pé ou de carro? Procedimento estético ou exercício? Anabolizantes ou resultado de academia a longo prazo?
A prática da condução veicular não difere das nossas ações cotidianas.
Estacionar o carro em frente à loja ou estacionar em fila dupla? Procurar uma vaga, estacionar o carro e depois caminhar até o local desejado, isso tem uma perda de energia, exige esforço.
Conduzir sem atenção: exige foco, atenção, memorização, inteligência espacial, funções executivas. Exige uma maquinaria sensório motor muito intensa.
Conduzir falando ao telefone celular: dentro do carro dá a impressão de segurança, de conforto. Você começa a abraçar situações que não faria na rua ou no meio de muita gente. O corpo relaxa, gasta menos energia e você começa a procurar algo que lhe dê prazer ou que lhe facilite a resolução de problemas, separando mais tempo para o descanso.
Colocar o capacete, prender a jugular, usar o cinto de segurança, colocar a criança na cadeirinha: a primeira ação do inconsciente é preservar energia. Tudo isso exige movimento, esforço, trabalho.
Várias outras ações que na condução do veículo é devido a nossa necessidade de procurar o mais fácil, o mais rápido, aquilo que cansa menos, que exige menos.
Estacionar na vaga reservada ao deficiente ou ao idoso: é a mais próxima à entrada, bem pertinho do seu objetivo.
No entanto, sabemos que a proteção da vida exige esforço e dedicação. Conduzir um veículo automotor é um aprendizado que exige da nossa maquinaria do sistema cognitivo atenção, memória, controle emocional, inteligência e funções de execução. Necessário para salvar vidas.
Assim, a humanidade sempre viveu, conquistou, descobriu e inventou. Da árvore para caverna, da caverna para casas, da roda para carros voadores, do cavalo para automatização motorizada.
Segundo Provérbios 19:15, quem é preguiçoso e dorminhoco acabará passando fome.
Na condução do veículo automotor, quem é preguiçoso e dorminhoco acabará se envolvendo em um sinistro de transito.
Luís Correia é agente de Trânsito, diretor de Mobilidade do Município de Mossoró, membro da Câmara Temática de Saúde para o Transito (CTST) do Contran e do Conselho Estadual de Trânsito
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