Em cidades do interior, como não há muito o que fazer, tudo é motivo de festa. Na Mossoró de tempos atrás era assim. Algumas vezes participei de bingos no Estádio de Futebol Manoel Leonardo Nogueira, o Nogueirão. Eu ia com os meus pais. Chegávamos por volta das três horas da tarde, sob um sol de lascar. Milhares de pessoas de Mossoró e de cidades vizinhas já estavam por lá.
Os bingos eram organizados pelos times de Futebol da cidade, Potiguar e Baraúnas, entidades filantrópicas ou outra entidade.
A premiação ia de fogão a automóvel. Mas havia, também, geladeiras, motocicletas e outras “prendas”. Além da expectativa de “tirar” algum prêmio, nas semanas que antecediam o bingo, normalmente eram realizados aos domingos, o trio elétrico Lazarão ficava andando por toda a cidade, com os prêmios em cima de algum caminhão. O locutor chamando a população para participar. Por vezes, eu corria atrás do caminhão pra comprar uma cartela.
No dia do evento para encontrar uma sombra era um “moído” medonho. Levávamos cadeiras pra sentar. Às vezes, comíamos cachorro-quente ou batatinha frita. Ficávamos chupando picolé d`água do rio para esfriar o calor.
Lázaro Paiva era, quase sempre, o locutor oficial dos bingos. Lázaro tinha jeito pra coisa. Animava o bingo. Cada “pedra” que era sorteada, ele gostava de “tirar onda”: “Começou o jogo”; “dois patinhos na lagoa”; “hum; hum”; é ela”! “De rombo”! “Idade de Cristo”.
Era comum, no meio do bingo, alguém gritar: bati! Então, a pessoa subia no carro de som e os organizadores iam conferir a cartela. Quando a pessoa não tinha batido, a vaia da multidão comia no centro, e aí o bingo seguia até que outra pessoa “batesse”. E quando a pessoa “passava batido”? A zorra era grande. Ainda tinham os bêbados que sempre soltavam umas “pérolas”, parece que eu tô vendo. A gente ria pra danado.
Uma vez meu pai chamou um desses bingos. Eu o acompanhei. Houve problema com alguns carros que sonorizam o local. A multidão ficou enfurecida, eu, morrendo de medo, pedia calma. Depois, graças a Deus, deu tudo certo. Certa feita, num bingo chamado por Lázaro, minha mãe “tirou” um Fiat 147. No outro dia, eu fui buscar o prêmio com os meus pais, feliz da vida.
Pois é, os bingos também eram realizados ali, no largo onde hoje fica o Ginásio Municipal Pedro Ciarlini Neto, se não estou enganado. Mas eu lembro mesmo dos bingos no Nogueirão, na Mossoró de outros tempos. Uma ruma de gente confiando na sorte.
Era uma verdadeira festa.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Caro Odemirton, parabéns mais uma vez por nos trazer, fazer e OPORTUNIZAR uma espécie de sessão reminiscências dos artigos Bingos digamos da era analógica, hoje o que persevera são bingos DIGITAIS, os QUAIS estão em todas as esquinas do País de MOSSORO!
Igualmente a você, sempre participei dos r. Bingos, sendo que a época dos Bingos realizados no NOGUEIRAO, inclusive, fui, juntamente com outra PESSOA, sorteado e premiado com um VEICULO KADETT….LEMBRAS DESSE MODELO!
A respeito do assunto, com seu equilíbrio e capacidade argumentativa, poderia muito bem, quem sabe num domingo próximo, escrever acerca dos aspectos legais e sociais do BINGO em nosso país, bem como dos chamados jogos de azar, especialmente quanto as.polemicas vinculadas a sua legalidade, implantação definitiva e aspectos jurídicos Sociais e políticos que derivam de tão polêmico e impactante tema através da nossa história!
Que tal…?!?
Um baraço
FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO
OAB/RN. 7318
*antigos Bingos!