Por François Silvestre
Dois pescadores, semana passada, na sangria do Açude de São Gonçalo, município de Souza, Paraíba. Com águas entre barrentas e espumantes se atropelando entre pedras e barro no direção do Rio Grande do Norte. Pau dos Ferros esperando.
Tito de Neném e Dedé de Margarida. Anzóis, mochilas a tiracolo, chinelos jogados fora, bonés com bandeiras do Brasil, iscas de minhocas. Roupa guardada numa moita de mofumbo, só de cuecas na beira da correnteza.
Na proximidade, uma jaramataia deitada pela força da água, resistente, posto que o caule fino da sua fraqueza difere da resistência da sua raiz. E nenhuma enchente consegue arrancá-la.
Conversavam os dois matutos. “Muita água, né Tito”? E jogou o anzol. “Muita, Dedé. Muita água que Deus manda”. “Foi Deus não, Tito”. “Não”? Perguntou Tito. “E quem foi”?
Aí Dedé respondeu: “Foi o nosso presidente, o boçonaro”. “E foi”? “Foi, num sabe qui foi ele quem butou Deus acima de todo mundo”? “Vige maria, uvi dizer, a bom basta”!
“A linha esticou, vem coisa”. A traíra esperneou até vir à tona. “Graças a Deus…posso dizer”?…perguntou Tito.
Aí Dedé olhou pra ver se o fiscal que estava assistindo a tudo tinha se afastado, falou baixinho:
– “Pode, o rapaz tá mais uvindo não”.
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O deus de Bolsonaro é a mamata pública. Dele e dos filhotes. Acima de todos…
François Silvestre. Em período doloroso de perdas, vidas amadas que se foram, vi-me beirar à uma depressão. Em sua habitualmente linda crônica, eis que me levanto, vestida de jaramataia.