Por Sandra Monteiro (Agência .COM Comunicação)
Gutemberg Dias é dirigente da Associação Redepetro/RN. Está à frente de um dos mais importantes eventos da área econômica do RN, com amplitude além das fronteiras do estado. É o Mossoró Oil & Gas Expo, que acontecerá entre os dias 26, 27 e 28 no Expocenter.
Dias possui Mestrado em Recursos Naturais pela Universidade do Estado do RN (UERN), graduação em Geografia também por essa instituição e curso técnico em Geologia pela antiga Escola Técnica Federal do RN (ETFRN).
É atualmente é Diretor Executivo da empresa Projetos Geológicos Ltda (PROGEL), Conselheiro do Conselho Curador da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e professor assistente na Uern. Tem experiência na área técnica em Geociências, com ênfase em geologia e geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, prospecção geológica de rochas carbonáticas, geoprocessamento, geografia urbana e geografia da saúde. Na área administrativa tem experiência em gestão de negócios e planejamento estratégico.
Nessa entrevista, o bate-papo com ele está focado no Mossoró Oil & Gas Expo. Em sua ótica, “2020 será o marco para essa retomada da produção” petrolífera em terra.
Por que 2020 é considerado por especialistas o ano da virada da produção de petróleo e gás em terra (onshore) no Brasil?
Gutemberg Dias – O Ministério de Minas e Energia lançou, dia 22 de agosto deste ano, em Brasília, o Reate 2020, que é o Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres (REATE). No lastro do Reate 2020, a meta do governo é quase duplicar a produção onshore (em terra) no país, dos atuais 270 mil barris de óleo equivalente por dia para 500 mil barris até 2030. Essa meta pode ser atingida, e acredita-se que até em menos tempo. E 2020 será o marco para essa retomada, para a virada do onshore. Sem contar que existe uma convergência muito forte de todo o setor.
Mas, 2020 já se avizinha. Existem ações práticas nesse sentido?
Gutemberg Dias – Sim, e exemplifico o Rio Grande do Norte, outrora líder nacional da produção onshore, que está sendo protagonista para essa retomada. A mudança já começou, novas empresas estão entrando no Estado em duas frentes: uma é a partir das aquisições dos ativos da Petrobras em função do programa de desinvestimento dela, no Projeto Topázio. A outra, é a partir da aquisição de blocos exploratórios por empresas em leilão da Oferta Permanente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Poderia detalhar um pouco esses negócios?
Gutemberg Dias – Na venda dos ativos da Petrobras no Estado, o Polo Riacho da Forquilha, na Região Oeste, foi comprado pela Potiguar E&P, dia 31 de maio de 2019; o Polo Macau foi adquirido pela SPE 3R Petroleum, dia 9 de agosto deste ano, e os campos Ponta do Mel e Redonda foi comprado pela Central Resources do Brasil Produção de Petróleo Ltda., mais recentemente. Já no leilão da Oferta Permanente da ANP, 19 blocos no Rio Grande do Norte foram arrematados pela Phoenix, Geopark, Imetame e Petro-Victory, último dia 10 de setembro. E outras áreas na bacia potiguar deverão ser arrematadas em novos leilões, que a ANP já está preparando. Ainda, destaco a venda do polo de Fazenda Belém, no estado do Ceará, que já está fase vinculante, ou seja, esperando apenas o aporte financeiro do comprador para fechamento do negócio por parte da Petrobras.
Na prática, o que essa movimentação pode produzir para o Rio Grande do Norte?
Gutemberg Dias – Com essas políticas de incentivo, nossa produção poderá dobrar nos próximos cinco anos, garantindo a retomada da economia do estado, a partir da indústria petrolífera. E isso é algo extremamente necessário, porque no passado chegamos a produzir mais de 100 mil barris/dia e hoje nossa produção é menos da metade, ou seja, 38 mil barris. É um cenário muito promissor para o Rio Grande do Norte e, sobretudo, para a cadeia de fornecimento, que vem sofrendo bastante nos últimos quatro anos. Um dado importante que merece muita atenção é o volume de recursos que serão aplicados nos próximos anos que superarão 1 bilhão de reais.
Então, será em um momento bem oportuno que Mossoró receberá o maior evento do onshore do país…
Gutemberg Dias – Não tenho dúvida. Toda a cadeia onshore está mobilizada e, certamente, estará em Mossoró para esse evento que é genuinamente potiguar. O Mossoró Oil & Gas Expo, será realizado dias 26 e 27 deste mês, no Expocenter e é uma parceria da Redepetro RN e SEBRAE. Posso afirmar que é um evento estratégico para o onshore brasileiro. Nele, será apresentado o Plano de Ações do Reate 2020. Esse plano foi concluído na última reunião nacional do Reate, em Vitória (ES), da qual também participamos.
Qual a dimensão desse evento?
Gutemberg Dias – O Mossoró Oil & Gas – IV Fórum Onshore Potiguar mobilizará aproximadamente 150 reuniões de negócios, 80 estandes de empresas, mil visitantes, e ainda programação científica e conferências. Mais informações podem ser obtidas no site do evento (//mossorooilgas.com.br/). Para se ter ideia da relevância desse evento, todos os estandes já foram negociados e hoje já podemos dizer que é a maior feira de negócios de Mossoró e a maior feira de petróleo onshore do Brasil.
E em termos de emprego, o que essa virada do onshore representa para o Rio Grande do Norte e, especialmente, para a região de Mossoró, que tantas vagas no segmento perdeu nos últimos anos?
Gutemberg Dias – Quanto mais se produz óleo, mais se demanda mão de obra. Um recente levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPETRO) mostra que, para cada emprego gerado direto na indústria do petróleo, outros dois são induzidos na cadeia de fornecimento e mais oito postos são gerados pelo efeito renda. Isso em um cenário em que os salários na indústria petrolífera chegam a ser três vezes maiores que os demais segmentos industriais. Portanto, é inegável a importância do reaquecimento do setor para o emprego e a economia da região. Mossoró já começou a sentir esse reaquecimento, com a chegada da Potiguar E&P empresas fornecedoras da cadeia já iniciaram novas contratações para atender as demandas, um exemplo claro é minha empresa que ampliou recentemente cinco novos postos de trabalho.
É um momento como há alguns anos não se via no setor…
Gutemberg Dias – Todo esse contexto cria a ambiência favorável, que há tempos a cadeia produtiva de petróleo e gás ansiava. Para esse setor, é a garantia de geração de novos negócios e, consequentemente, retomada do processo de contratação de pessoal especializado e reaquecimento da economia de um modo geral, já que grande parte das compras dessas empresas será de forma localizada. E a Associação Redepetro RN vem participando ativamente desse processo, presente em reuniões, visitas técnicas, lançamentos, enfim, em todos os eventos relacionados, acompanhando de perto toda a movimentação. Por estar in loco, ouvindo autoridades, especialistas e empresários, posso garantir que todo o segmento considera 2020 o ano da virada do onshore brasileiro.
Da Série “ACREDITE SE QUISER”. Balela, nada mais que pura balela. Anotem e confiram.