Os números são superlativos.
Segundo dados fornecidos pelo Ministério Público, após devassa feita à semana passada na Câmara de Natal e residências de oito vereadores, existem 987 cargos comissionados na Casa. Eles consomem mensalmente R$ 955.413,86.
Nesse total não entram 270 assessores em gabinetes, que empalmariam mais de R$ 352 mil/mês.
Vista como a quinta câmara de vereadores mais cara do país em recente estudo da ONG “Transparência Brasil”, o que foi identificado pelo MP não deveria causar surpresa. Nem estardalhaço na imprensa.
Sob outra ótica, também não é prudente arrebanhar essa multidão, ferrando-a com a pecha do empreguismo e da sinecura. Entre os 1.257 “assessores” temos uma leva de trabalhadores, muitos dedicados e zelosos operários no ingrato papel de “barnabé”.
Não falta quem moureje diuturnamente, justificando a remuneração. Outros até ganhando aquém do que devia. Generalizar é punir certamente uma minoria que honra o compromisso funcional, capaz de circular de cabeça erguida, sem temor. Afinal, trabalha mesmo.
A praga do empreguismo é uma herança ultramarina, desde o Brasil Colônia. Foi clonada da metrópole portuguesa e convivemos com ela através dos séculos, independentemente do regime.
Monarquia, República, democracia, ditadura, não importa. O empreguismo parece ser uma instituição nacional, símbolo anacrônico de uma civilização atrasada e estúpida, que privilegia o compadrio, o escambo espúrio e a preguiça endêmica em desfavor do trabalho, da honradez e da competência.
Na verdade, é uma moeda fora do contexto monetário oficial, mas traficada com naturalidade nos subterrâneos, sob valorização permanente. Irrita aos que não a possuem. Os sem-poder. Há aquela ponta de recalque, por não ter meios para fazer o mesmo.
Ninguém se arrisca à formalização de um pacto que limite cargos comissionados e valorize de verdade o servidor de carreira, com a lei. Por isso é comum a greve, com o efeito colateral dessa reação acertando o povão. Nas escolas, nas ruas, nos postos de saúde etc, a maioria paga o “pato”.
Falta dinheiro? Não. Sobra. Contudo, nas mãos do parente janota, do sabujo politiqueiro, da amante de “catiguria” (à la Bebel global), do “laranja” útil, do financiador de campanha e no submundo político como um todo. Este país é uma Chicago dos anos 20. Terra sem lei. Ou da lei do mais forte, cínico e canalha.
Somos um paraíso, sim. Entretanto, para o espertalhão de gravata, que usa “camisa de marca” e perfume francês para parecer “elegante”, mas não passa de um vigarista torpe. Decora meia dúzia de palavras bonitas, pilota garfo e faca em restaurante climatizado, porém nem se dá conta: é apenas mais um pilantra de colarinho branco.
Em nada essa gente “inatacável” difere do marginal periférico, estereotipado na crônica policial. O preto que sacode os braços e corpo em ondas, usa camisa regata, bermuda folgada e tênis genérico da Nike, além de abusar da gíria e empunhar um trezoitão, é bem mais honesto.
A maior disparidade entre ambos, o almofadinha com mandato e o bandido típico, não está no padrão social e, sim, na desfaçatez. Prefiro os “mano”. São mais sérios.
O crime compensa. Tem compensado, transformando medíocres e sabidos em “autoridades”, martirizando a massa ignara e emperrando nosso futuro como nação.
Torço para que a Operação Impacto” detonada pelo MP, não seja um procedimento isolado e pontual, mas um remédio necessário e perene no combate aos maus políticos.
Se tudo continuar como antes, o jeito é aguentar a ladainha da madrasta em versão das mil e uma noites brasileiras: “Emprego, emprego meu, diga se há alguém mais abonado do que…?”
Pois é…imaginem o que aconcete na Assembléia Legislativa do nosso Estado, onde quem ocupa à presidência se elege-se facilmente à Câmare Federal ou um filho mediocre…não fica só nisso não, os procuradores da mesma casa ostentam um patrimônia aquém do salário que percebem. É a glória, como já dizia Canindé Queiroz!!!
carlos que texto bem escrito .esse mar de lama não pode ficar impune.fico pensando quantos candidatos são eleitos tendo esses barnabés como cabos eleitorais,tipo se vc não trabalhar pra mim perde a gratificação.e essas pessoas se doam porque sabem que a pessoa que lhe deu o emprego ou sinecura perder ele perde a gratificação.tem parlamentar com uma lista de quase 70 pessoas.isso é um absurdo.como confiar num candidato desse.claro que nesse meio como vc citou tem pessaos idôneas,que faz jus ao salario que recebem,mas tem muitos laranjas ou mesmo pessoas que só recebem sem fazerem nada.só espero que essa maracutaia não fique porisso mesmo,que a sociedade organizada e o mp moralizem essa esculhambação.