Publico aqui abaixo, um e-mail com depoimento dilacerante. Humano. Uma estudante de origem humilde da Universidade do Estado do RN (UERN), relata como é injusto ser vÃtima de supostas fraudes no acesso a cursos da instituição.
Preservo seu nome, porque ela teme ser perseguida. Parece brincadeira, mas é um medo compreensÃvel na "terra da liberdade".
Leia com atenção, por favor:
Carlos Santos,
Eu me calo porque acho que infelizmente não adianta falar.. Existem tantas coisas dentro da Uern que acho errada e injusta, e que não vejo soluções..
Eu sou aluna da Uern, consegui passar mesmo concorrendo com pessoas que estudaram em colegio particular a vida toda. Estudei muito para isso e consegui.
Só que eu passei para um campus que não é o de mossoró, não tive condições de me manter lá. Sou filha de um humilde motorista e uma dona de casa que infelizmente não tiveram condições de me manter em outra cidade. Vim para Mossoro por meio de uma movimentação, mas preciso passar mais uma vez no vestibular para poder continuar a cursar aqui em Mossoro.
Se eu não passar terei que voltar pro campus onde passei. Como não tenho como me sustentar lá terei que trancar a faculdade.
Hoje fui entregar meus documentos para concorrer como contitas mais uma vez fui indefirida, passei a manhã chorando pois vi minha chance de passar mais distante de mim..
A mais de ano que só tenho tempo de estudar para faculdade. Sem estudar diretamente para o vestibular, ainda mais concorrendo com os não-cotistas, fica tudo mais difÃcil!
Ao mesmo tempo que acontece isso comigo, vejo várias pessoas com condições, que tiveram maiores chances do que eu, concorrendo como cotistas. Eu não tenho provas concretas então não tenho nem como falar alguma coisa.. Mas sei de muitas pessoas que são beneficiadas com essas cotas, sendo falsos.
Eu já vi tantos processos serem abertos, já vi promotores na Faculdade de Medicina, já vi provas concretas nas mãos deles e nunca vi nenhum falso cotista sendo punido.
Acho que meu silencio não contribui nem interfere em nada, pois muitos como você (admiro muito a coragem) já fizeram denúncias e não tiveram êxito e isso me faz ficar calada mesmo!
Espero que dessa vez, com a ajuda de suas denúncias, seja feito o que é justo.
É bem simples apurar tudo que é denunciado. Não entendo o porquê de tanta complicação. Basta checar informações diretamente em colégios e tudo será esclarecido. Baixando o histórico escolar é simples.
Mas parece uma coisa tão complicada. e no final a Uern deixa passar! É muito dificil essa situação. A cada ano aumenta o número de falsos cotistas na Uern!
Nota do Blog – Não sou otimista nem pessimista. Apenas não nasci para viver de braços cruzados, nem sobre muros.
Creio que esse debate mostra que a questão do "Sistema de Cotas", para beneficiar com 50% das vagas em vestibular, quem estudou integralmente na escola pública, não pode ficar só aqui.
A Uern tem a obrigação moral de dar uma resposta rigorosa à questão.
O caso dessa aluna, sacrificada, mostra como é injusto alguém se utilizar de meios desonestos para passar a perna não apenas nela, mas na sociedade como um todo.
Não vejo nenhuma complexidade em se identificar quem é e quem não é cotista de verdade. A não-apuração rigorosa será prova de conivência.
Sanções cÃveis e penais devem ser desencadeadas contra eventuais fraudadores. Ou será que punição só vale para ladrão de galinhas?
Este sistema de cotas é imoral,preconceituoso e sacana,o fato de um aluno fazer o ensino médio e básico em escola particular,não implica em que esta famÃlia seja abastada,mas,principalmente,no caso de uma grande parte de estudantes ditos “ricos”,sacrificar parte de suas necessidades pelo fato de não se oferecer,um ensino público de vergonha e esses alunos,que já sentiram o preconceito nas escolas particulares por não serem do mesmo “barco”,voltam a sofre o mesmo preconceito,de outra forma,no ensino universitário,eu mesmo,passei por isso e agora uma filha minha,fez vestibular,fez média maior que outras duas que entraram na “cota” e ela dançou.Homi,vá cagar!
Ingressei na universidade pelo sistema de cotas, fui classificado em 10º lugar pela cota da escola pública quando foram disponibilizados 23 vagas, pela média obtida teria sido aprovado na cota da escola particular em 18º lugar. Portanto tão importante quanto discutir o sistema de cotas é verificar através de pesquisa cientifica o desempenho dos acadêmicos que ingressaram após a implantação de sistema de cotas. Gostaria de destacar que conclui o ensino médio em 1985 e fui aprovado no vestibular em 2004. A qualidade da escola pública todos sabem deixa muito a desejar,mas não se percebe na sociedade local empenho tanto dos governantes como da sociedade civil em promover uma educação de qualidade. Tenho duas filhas que estudam em colégio particular[pago com sacrifÃcio], mas cobro sempre que possÃvel uma educação pública que corresponda aos anseios e necessidade dos que iram ingressar na “Sociedade do Conhecimento”.
É verdade que nem todos que estudam em escola particular são afortunados, mas convenhamos não são tantos. Com relação a polÃtica de cotas nas universidades acho justa. num paÃs como o nosso nem todos têm as mesmas oportunidades. o problema da qualidade do ensino é de responsabilidade de todos, inclusive se todos desse a sua contribuição polÃtica para solucionar esta questão, a situação seria diferente. conheci muitos que contaram com a sorte e conseguiam bolsa nos melhores colégios particulares e hoje são excelentes profissionais, ótimo. nem a sorte é para todos, pois no funil poucos conseguem passar. acho uma tremenda falta de sensibilidade social deixar entregue a própria sorte aqueles que não têm culpa de terem nascido em situação menos confortável. também estudei em escola pública e morei em casa de estudante. É papel do estado garantir o acesso dos diferentes segmentos sociais ao ensino público, no entanto concordo que este mesmo estado tem o dever moral de combater com veemencia o sucateamento da escola pública. o problema é que vamos já enfrentar um novo processo eleitoral e os diversos candidatos(as), pelo menos os principais, como Serra, Ciro e Dilma (presidenciáveis); Robinson, João Maia, Rosalba e Iberê(governadoráveis) não tem têm perfil para mudar tal situação, e aÃ? que fazer? aliás, usar a escola pública, apenas como pretexto para burlar o sistema de cota além de não ser justo é um péssimo exemplo, é a famosa lei de gerson. Cá pra nós, não é uma atitude das mais ética. ser contra ou a favor do sistema de cotas faz parte do debate democrático, ensine-os a fazer o debate, a dialogarem, o respeito a diversidade. A UNICAMP, através de pesquisas, demonstrou que o desempenho dos alunos das escolas públicas estão no mesmo nÃvel dos da privada. portanto a questão é de oportunidade. deixemos as cotas, até que juntos resgatemos a escola pública, para todos, porque também não é justo pagarmos tantos impostos e ainda termos que pagar escolas para nossos filhos. A defesa da escola pública é uma tarefa de todos.
A esta jovem falta um Q. I. “quem indique” pra fazer essa transferência dela para o Campus Central dá certo. Só isso! Todo inÃcio de semestre é assim. gente que conseguiu um pistolão que facilita a mudança de turno, de campus, de curso, de faculdade, de tudo… lamento que Lineu seja ficção apenas.
Olá Carlos Santos,
Muito interessante e pertinente a discussão em curso no seu blog sobre o sistema de cotas. Não é um tema fácil de debater, e confesso que ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Os textos postados aqui levantam diversos aspectos a serem considerados numa discussão e é difÃcil escolher o argumento mais forte.
Divulguei o seu blog na Comunidade UERN (Orkut), lá os alunos da UERN também estão discutindo o assunto e seria bom saber o que dizem a respeito. Espero com essa pequena ação contribuir também para o debate, mesmo que no momento não faça isso expressando minha opinião, que como disse, não está formada.
Um grande abraço e mais uma vez parabéns pela iniciativa
José Ronaldo