Por François Silvestre
Não que seja sujo. Só extremo. Mesmo limpo, fujo.
Vejamos alguns. Só dois, sem extremada ira.
Apenas visão do meio.
Pois são tantos os extremos que aqui não caberiam.
Por isso, só dois.
O intelectual e o imbecil.
Do antigo ao atual, estão ambos no cio.
Cada um na ponta mais oposta do outro,
tocando-se no fechamento do ciclo,
cento e oitenta graus de distância aparente.
Dois parentes.
Um sabe quase tudo, mesmo do que não sabe,
escreve mal e se expressa pedantemente.
É o intelectual.
O outro nunca leu nada, nunca aprendeu nada,
mas sabe de tudo. Falava sobre tudo antigamente,
agora, com a net, também escreve.
E escreve tudo que lhe sai do intestino.
Intestino, o cérebro do imbecil.
O intelectual usa o cérebro para encher o saco do cérebro alheio.
O imbecil usa o intestino para mostrar que nosso cérebro é tão pequeno…
François Silvestre é escritor
Os extremos embaraçam a visão, abusam:overdose.