Por Honório de Medeiros
Conhecidos, tenho muitos. Muitos, mesmo. Não sei se em decorrência do tempo vivido, dos meus defeitos ou qualidades, se é que tenho algumas. Talvez uma mistura disso tudo.
Amigos, entretanto, tenho poucos. Conto nos dedos. Alguns, antigos. Outros, mais recentes. A todos dispenso o mesmo afeto que pretendo gentil e leal. Pretensão? Talvez.
Entretanto tenho isso como certo posto que recebo, de volta, além do que mereço.
Percebo que, com o passar dos anos fico mais ensimesmado, o que pode parecer, para alguns, distanciamento, sem o ser. Ao contrário. Nessa amiudada conversa comigo mesmo há sempre muito espaço para o afeto tão especial que é a amizade.
Mas agora já não há a necessidade juvenil do contato pessoal constante, tão comum nos anos em que precisávamos viver todos os dias como se não houvesse um depois-de-amanhã. Digo tudo isso tendo em vista que para eles, meus amigos, escrevo essa notícia singela, dando conta de uma semana, já passada, especialmente feliz em minha vida.
Vai dessa forma, fora do tempo exato: em mim a maturação das coisas do coração é lenta. Tão feliz que eu quis partilha-la, e, ao mesmo tempo, também quis que todos os outros pudessem saber desse partilhamento. Em assim sendo, tratei de publicá-la onde quem me conhece sabe que pode encontrar algum texto meu, caso queira se dar ao trabalho de me ler.
A se crer em sua história pessoal, vai cuidar das pessoas, enquanto médico, com o mesmo carisma que o torna, aos meus olhos de pai, afetuosos, mas de forma alguma pouco críticos, tão querido pelos que o cercam.
Mais que sua formatura em Medicina louvo, nele, a ética, a fé, o foco, e a disciplina que o levaram a realizar um sonho de criança. Orgulhoso constato, nele, qualidades que eu não tenho, ao mesmo tempo que faço vista grossa para os defeitos meus que porventura tenha herdado. Tenho certeza que o tempo vai cuidar de esmerilhá-lo.
Creio nele, enquanto pessoa, e aprendi a respeitar sua angústia com a impossibilidade de fazer mais do que gostaria e pode fazer. Peço a Deus que o mantenha assim, sempre refém de um caráter sem mácula.
E minha filha ingressou, aos dezesseis anos, na mesma semana das festas do seu irmão, no curso de Direito, após uma batalha judicial e burocrática que tentou impedir sua inteligência viva, instigante, sua voraz capacidade de leitura, sua habilidade natural para os idiomas, de pousar no ambiente apropriado para quem anseia, como ela, por entender o mundo no qual vive para melhorá-lo, ou seja, na Academia. Não pude deixar de me emocionar quando a vi subindo lentamente os degraus que conduzem ao curso de Direito da mesma Universidade Federal onde estudei, fiz política estudantil nos estertores da Ditadura, e me formei.
Naquele momento se fez presente, além de qualquer outro, a consciência da velocidade com o qual o tempo nos aniquila e nos pereniza por intermédio dos filhos. E em assim sendo, após comunicar a vocês, meus queridos amigos, o que se passou nesses dias tão felizes para mim, eu lhes peço que compartilhem, comigo, esse sentimento singular, tão humano, que é a felicidade de se sentir, talvez em um dos aspectos mais importante de todos, de certa forma realizado.
Fosse eu poeta, não tendo feitos a contar, anônimo que sou, e cada dia mais feliz com essa condição, mas livre na justa medida em que um homem pode ser em tempos que tais; sem dever a ninguém, exceto ao meu próprio esforço, o pão, o teto, e o transporte que são meus, escreveria para eles um poema tão belo quanto possível para lhes dizer do meu orgulho e da minha alegria, nestes dias que correm rápidos, em tê-los como filhos, em partilhar com eles minha história, e em ser testemunha de tudo quanto estão a construir honradamente.
Como não sou, bastei-me nessas linhas que se mal-traçadas, são sinceras, e termino agradecendo a atenção dos amigos e desejando, aos meus filhos, que Deus lhes torne, sempre, seu caminho cada vez mais leve.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Estado do RN
Prof. Honório, conheço esses momentos maravilhosos. Já vivi-os muitas vezes. A minha primogênita é médica. Em sua formatura quase que o meu fôlego é tragado pela emoção. Coincidentemente, a filha do meio, entrara na Faculdade de Direito, quando a primeira estava no terceiro ano de Medicina. A médica fez duas pós graduações brilhantes e meu coração estremeceu. Ingressou , como o avô, na Polícia Militar. Chorei por meu pai não estar presente naquela solenidade. Então, as emoções se multiplicam: a que estudava Direito, ainda acadêmica, começa a fazer concursos e a passar. Pouco tempo depois de se formar, torna-se Juíza de Direito do Estado do Rio de Janeiro. Quando de sua investidura no cargo, pensei não resistir pois foi uma sensação forte demais…a minha criança, Juíza? Continuam as comemorações. Filho mais novo ingressa também na Faculdade de Direito. Ora, com essas celebridades em casa, pensei comprar-lhes um tapete vermelho como uma forma de homenagem. Filhos abençoados, amados, meus pequenos. Íntegros, capazes, carinhosos, cuidadosos.
Professor Honório, “prepare o seu coração”, vem muita alegria por aí. E, estarei por perto, compartilhando, feliz, a sua “colheita’. Bom demais!
Que bom saber que partilho esse tipo de felicidade com você, Naide. Esses nossos filhos nos redimem. Nos eternizam. Parabéns por todas as alegrias que os seus lhes proporcionam. Revelam, assim, a qualidade da educação que receberam. É sempre muito bom ler tudo quanto você escreve. Um abraço e cumprimente seus filhos por mim.
Querido Honório, quero compartilhar da sua alegria e parabenizá-lo efusivamente. Nesses tempos de dispersão de valores e de pouco compromisso de grande parcela da juventude, sentimo-nos reconfortados e esperançosos com a empreitada exitosa em busca do saber e da profissionalização pelas vossas crianças. Sim, crianças, pois independentemente da maioridade (de idade, intelectual ou financeira) obtida, nunca passarão, aos nossos olhos, de serem indefesas crianças, a carecerem de nossa proteção, auxílio e orientação.
Nesse mundo desumanizado e no pais cuja “salvação” da saúde vem de médicos cubanos, é uma alvíssara ter um neto do fraterno e gentil Chico Honório como médico; e, numa terra dominada por leguleios acerebrados, uma neta de dona Aldeíza Sena como interprete social fará toda diferença.
Abração.
Marcos Araújo
Marcos, amigo, você não calcula a alegria com a qual eu recebo, direto do seu coração generoso e de sua mente inteligente, esse seu compartilhamento pelas vitórias dos meus filhos. Obrigado, ainda, pela menção a meus pais. Essa sua gentileza, tão característica em você, sua lhaneza, sua inteligência atenta, tudo isso lhe torna alguém diferenciado, amigo, a quem eu abraço e agradeço, comovido, toda sua atenção.