Por Odemirton Filho
Dia desses encontrei o doutor Roncalli Guimarães, colaborador do Nosso Blog, num restaurante à beira-mar, pelas bandas da praia de Pernambuquinho, na cidade de Grossos. Estávamos em mesas próximas, com o “marzão” à nossa frente, e, lá para as tantas, Roncalli me falou:
– “Uma paisagem dessa merece uma crônica, hein?”
Concordei e, desde então, fiquei matutando. Para escrever uma crônica basta olhar as coisas simples do cotidiano que, muitas vezes, não percebemos. Reunir-se com os amigos ou com a família, tomar um café, “tomar umas”, viajar, ir ao sítio, à praia; relembrar fatos do passado, ficar sozinho em casa, curtindo a nossa companhia, tudo é inspiração para uma crônica.
Toda vez que escrevemos mostramos um pouco de nossa alma, nossas poucas virtudes e inúmeros defeitos. Entregamos ao leitor um pouco do que carregamos na vida; dividimos ideias, momentos, alegrias, tristezas, lembranças, saudades.
Creio ser na simplicidade da vida que encontramos o que realmente tem valor. É tão prazeroso ficar ao lado de quem amamos; curtir a infância de nossos filhos, dos netos; vê-los crescer pessoal e profissionalmente; abraçar um filho que vem nos visitar; a felicidade de ter os nossos pais ainda vivos e, dentro das limitações naturais da idade, com saúde, tudo isso não tem preço.
Segundo o Dicionário online de Português, a crônica é um gênero literário que consiste na apreciação e narração pessoal dos fatos da vida cotidiana; cronologia, narrativa, prosa. Embora muitos a considerem um gênero menor, não vejo assim. De acordo com a professora Beatriz Resende, “as crônicas devem ser envolventes, sedutoras, comoventes, provocantes e divertidas”.
Além disso, recomenda-se usar um vocabulário simples. Observar os detalhes que muitas vezes passam despercebidos, deve ser a marca da crônica. O leitor deve encontrar familiaridade ao ler o texto, refletindo, muitas vezes, o que também viveu e sentiu, acompanhado uma narrativa leve, que faça bem a sua alma, suavizando o corre-corre do cotidiano. Todavia, cada cronista tem o seu estilo, o que devemos respeitar.
Pois é, meu caro Roncalli, a sua pergunta inspirou-me. Devemos ter cuidado para não deixar passar sem perceber as coisas simples da vida que são, na verdade, extraordinárias.
Valeu pela dica.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
A maturidade vai nos dando a percepção do valor das coisas simples que estão à nossa frente e que, nos arroubos da juventude, a gente quase não percebe. Tudo o que você mencionou é totalmente correto! A beleza nos rodeia; a gente só precisa observar com os olhos da alma. Parabéns pela inspiração! Eu me vi na sua crônica! Abraço e bom carnaval!
Obrigado, minha cara Bernadete. Realmente com o passar do tempo vamos percebendo o valor das coisas simples da vida.
Um bom carnaval para a senhora e sua família.
Ótima reflexão, Odemirton ! Em trocadilho, o sentido da nossa vida, com o tempo, parece com a vírgula. A depender do sentido do texto (vida) colocamos ou tiramos a vírgula.
Pois é, meu amigo. O passar da vida é exatamente como você disse, até chegarmos ao ponto final.
Um forte abraço.