Por Marcos Ferreira
Esta semana, precisamente na terça, fui convidado a não participar de uma magnífica antologia com os mais expressivos e baludos contistas, poetas e cronistas de nossa província. Todos eles, devo admitir, mestres de uma poeticidade e ficção bacanas, medalhões da alta-roda destes confins do mundo.
Os romancistas ficaram de fora desse divisor de águas da pujança editorial de Mossoró, claro, porque romance é romance e não aceita compartilhar holofotes com os demais gêneros.
O livro, que pode atingir as quatrocentas páginas, sairá com uma musculosa tiragem de dez mil exemplares e selo da conceituada Pombagira, casa publicadora com sede em Salvador. Os integrantes da antologia vão custear cinquenta por cento da edição. Os outros cinquenta ficam por conta da Pombagira.
Metade da tiragem, assim, entrará na algibeira dos autores. Está programada uma glamourosa noite de autógrafos na imensa área de festas do hotel cinco estrelas Cabaré Palace. A estimativa de público é de mil convidados. O DJ Alouco, aclamado internacionalmente, virá do Rio de Janeiro para animar o megaevento.
O bufê, o cachê do artista carioca, o aluguel do espaço recreativo do Cabaré e metade dos cinquenta por cento das despesas gráficas que rolam para os escribas serão patrocinados pela Construtora Irmãos Pindaíba, pela Secretaria de Cultura e Câmara de Vereadores. A imprensa escrita, televisiva, falada e digital fará uma cobertura maciça.
Após o lançamento da coletânea, a obra ficará disponível para aquisição na livraria do Bodega Shopping, perto do Condomínio Alfavela, e nas plataformas de gigantes do e-commerces como Amazon e Mercado Livre.
No total, entre contistas, poetas e cronistas, a seleta reúne trinta nomes de notória inventividade literária. Quase todos são imortais das academias de letras de Mossoró e do Rio Grande do Norte. Cinco dessas cabeças pensantes, para a glória do nosso mundo das palavras, já conquistaram o prestigioso Prêmio Tartaruga, a mais cobiçada honra da literatura tupiniquim.
A Feira do Livro de Mossoró, desde sempre, é uma vitrine exclusiva e fiel dos nobres bruxos e bruxas do Cosme Novo.
Considero uma tremenda sacanagem o fato de tantos e tão bons escritores do Brasil nunca terem ganho um Nobel. Outra baita injustiça é nenhum literato da terra dos monxorós sequer ser indicado para o galardão da Academia Sueca. Absurdo do absurdo! Bom! Enquanto o Nobel não chega para algum dos meritórios autores mossoroenses, e sem nada de mais importante para fazer, hoje eu resolvi divulgar (na melhor das intenções!) estas inúteis notas de inutilidade pública.
Quem sabe num futuro não muito remoto, quando os algarismos da loteria enfim caírem na minha cuca, eu seja convidado para fazer parte de uma segunda antologia mossoroense dessa magnitude. A menos que não me considerem um escritor.
Mas com Deus, saúde e dinheiro tudo é possível. Deixem estar.
Marcos Ferreira é escritor
É; o dinheiro pode tudo@
Injusto a não convidar tal cronista, escritor e poeta.
Maldade
Um abraçaço
Bom dia.
O título correto é “Inúteis notas de INUTILIDADE pública”.
Abraço.
Olá Marcos, bom dia!
Já estava com saudades…
Por falar nisso, nem passou lá pelo Rust café …
Quanto a convites para participar de antologias, é notório o interesse por trás da propostas, nem sempre decentes.
Quem sabe numa próxima?
Abraços
Bom dia.
Obrigado pelo comentário.
Ainda irei ao Café pegar o livro.
Desculpe a imensa demora.
Muitos contratempos.
O título correto da crônica é:
“Inúteis notas de INUTILIDADE pública”.
Um pequeno engano. Acontece.
Já foi corrigido.
Abraço.
Desagradável e frustrante, esse acontecimento. Numa situação dessas fica difícil comentar! Posso dizer que é injusto com você, Marcos Ferreira! Sempre que uma oportunidade nos escapa, vem um vazio! O que eu posso dizer é que não esmoreça! Siga em frente! Publique mais! Faça-se mais conhecido! Você tem capacidade! Abraço e boa semana!
Bom dia, poeta.
Sempre bom lembrar que essas “editoras” que vivem amealhando novos autores, oferecendo vantagens e desvantagens geralmente trazem dor de cabeça e insatisfação aos participantes…
Que seríamos de nós, literatas mortais, sem o inútil?
A regra persiste, a exclusão detém a seu favor a ordem burocrática, já a inclusão pede generosidade e grande repertório cultural. Felizmente os excluídos sempre farão a história.
Como disse em entrevista o poeta e escritor Paulo Leminski, que é muito fácil escrever uma poesia aos 17 anos, o difícil é permanecer escrevendo aos 50, 60 anos, vivendo de sua arte sem morrer de fome. Ou seja, poucos foram aqueles que puderam viver e serem reconhecidos por sua arte nas letras. Mossoró merecia ter um concurso literário pra incentivar a produção literária, mas…
Mas não se avexe não que você está na minha antologia de bons amiogos!
Vixe, fiquei de fora…