Por Josivan Barbosa
Os preços de leites e derivados já acumulam alta de 30,19% em 2022, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de julho, prévia da inflação oficial, bem acima dos 5,79% registrados pelo índice geral. No caso do leite longa vida, a alta é ainda mais expressiva, de 57,42%.
Outros derivados também têm altas de destaque: queijo (13,80%), manteiga (14,18%) e iogurte e bebidas lácteas (13,26%).
A alta dos preços para o consumidor reflete uma combinação de entressafra do leite – época de menos chuva, o que afeta as pastagens – com aumento dos custos de produção, com defensivos agrícolas, insumos para ração animal, como milho e soja, e combustível.
O movimento leva a menos captação de leite, o que aumenta a dificuldade das indústrias de lácteos conseguirem o insumo e pressiona o preço no mercado, apontam especialistas e o próprio IBGE. A guerra da Ucrânia acabou reforçando esse movimento, com impacto também em preços de fertilizantes.
O custo da produção vem aumentando bastante desde o ano passado, com defensivo agrícola, combustível, trator, ração, etc.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) – Esalq/USP, o leite spot se valorizou 20,8% da primeira para a segunda quinzena de junho, chegando a R$ 4,16/litro. A média mensal, de R$ 3,80/litro, ficou 26,2% maior que a registrada em maio. Já o preço do leite captado em maio e pago aos produtores em junho teve aumento de 4,6% frente ao mês anterior, a quinta alta seguida, e ficou em R$ 2,6801 por litro no média do país.
Em análise recente no Boletim do Leite, a pesquisadora do Cepea Natália Grigol destacou a menor oferta de leite no campo em junho, o que provoca a disputa das indústrias de laticínios pela compra do leite cru, matéria-prima para a produção de lácteos.
Economistas preveem influência ainda maior do leite no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. Pelo IPCA-15, só o leite longa vida subiu 22,27% e já teve impacto de 0,25 ponto percentual no mês. Os preços de leites e derivados subiram 11,43% pelo IPCA-15 de julho. A projeção do economista da LCA Consultores Fabio Romão é que no IPCA a alta seja maior, de 13,82%.
O destaque da tilápia nas exportações
A tilápia é a principal espécie exportada pela piscicultura brasileira, e foi responsável por 98% do faturamento e 99% da quantidade de peixes embarcados no primeiro semestre de 2022. O Brasil também exporta tambaqui, surubin, bagre, traíra, entre outros.
Os Estados Unidos são os principais compradores, com participação de 63% no volume de peixes exportados pelo Brasil de janeiro a junho. As vendas aos americanos representaram 76% do faturamento total das exportações nos seis meses, com US$ 10,9 milhões.
O Canadá aparece na segunda posição, com US$ 1,2 milhão.
Outros destinos importantes são Líbia, México, Chile, China e Japão.
Os principais Estados exportadores são Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, São Paulo e Santa Catarina.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa
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