Reynaldo Bessa, com longos anos na estrada musical e na pauliceia desvairada (São Paulo é um mundo!), nos traz uma releitura para clássico da Música Popular Brasileira (MPB).
Ele coloca à mesa Na hora do almoço, de Belchior, uma entrada apetitosa do próximo CD – Reynaldo Bessa & Os psicodélicos da Tia Lalinha – a ser lançado em maio. Todo seu conteúdo é autoral, à exceção dessa obra do artista cearense, e foi gravado nos estúdios da Play it Again – São Paulo – SP (setembro de 2020 a fevereiro de 2021).
Lançada em 1974, no Long Play (LP) “A palo seco“, essa canção materializa uma vontade antiga de Reynaldo cantor, compositor, escritor e poeta, que desenhava sua carreira artística em Mossoró no início dos anos 80.
“Eu sempre quis gravar o Belchior. Mas, eu não conseguia, não havia jeito (…). A influência dele é tão grande em minha vida que eu não conseguia encontrar a minha própria voz”, justifica. Agora, a mesa está posta. Desfrute dessa canção em nossa série Letra e Música:
Na hora do almoço
No centro da sala,
Diante da mesa,
No fundo do prato,
Comida e tristeza.
A gente se olha,
Se toca e se cala
E se desentende
No instante em que fala.
Cada um guarda mais o seu segredo,
Sua mão fechada
Sua boca aberta
Seu peito deserto,
Sua mão parada,
Lacrada,
Selada,
Molhada de medo.
Pai na cabeceira: É hora do almoço.
Minha mãe me chama: É hora do almoço.
Minha irmã mais nova, negra cabeleira…
Minha avó me chama: É hora do almoço.
… E eu inda sou bem moço
Pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas,
Cuidemos da vida,
Se não chega a morte
Ou coisa parecida,
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
Ou coisa parecida aparecida.
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Boa tarde!
Excelente composição do velho e bom rapaz latino-americano, agora neste especial tratamento/versão do talentosíssimo Reynaldo Bessa, prata da casa. Eis, ao fim e ao cabo, um prato musical irresistível neste apetitoso quadro Letra & Música.
Forte abraço!
Marcos Ferreira
Coisa linda de se ouvir. Nesses tempos difíceis acalma um pouco a alma.