Por Honório de Medeiros
Como entender o camaleônico Getúlio Vargas?
No volume 1 do excepcional “GETÚLIO” (1882-1930), de Lira Neto, parece estar a resposta.
Borges de Medeiros, que andara às rusgas em relação aos Vargas, voltara a cortejá-los. São os idos de 1913-1915.
Faz o convite a Getúlio para ocupar o importantíssimo, na época, cargo que ele mesmo ocupara, de Chefe da Polícia Estadual. Getúlio analisa e recusa o convite.
“Mesmo rejeitando o convite”, conta-nos Lira Neto, (Getúlio) “tomou os cuidados necessários para que seu gesto não fosse interpretado por Borges de Medeiros como um acinte.”
Instado, pelos amigos, a se explicar, Getúlio Vargas o fez:
“Na luta, vencer é adaptar-se, isto é, condicionando-se ao meio, apreender as forças dominantes, para dominá-lo”, esclareceria ao amigo Telmo Monteiro.”
“Para Getúlio”, prossegue Lira Neto, “aquela frase, de clara inspiração darwinista, passara a funcionar como uma espécie de mantra. Faria questão de repassá-la aos filhos, como uma fórmula explicativa da vida e do mundo.”
“Vencer não é esmagar ou abater pela força todos os obstáculos que encontramos – vencer é adaptar-se, repetiria certo dia Getúlio ao filho mais velho, Lutero. Como o garoto ficasse em dúvida a respeito do verdadeiro significado da sentença, o pai detalharia: Adaptar-se não é o conformismo, o servilismo ou a humilhação; adaptar-se quer dizer tomar a coloração do ambiente para melhor lutar.”
Essa informação, essencial para entender Getúlio Vargas, Lira Neto colheu em seu “DIÁRIOS” (2 volumes; São Paulo: Siciliano; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 1995), e soube compreender sua importância.
Quanto à importância, muito embora essa informação, por si somente, a assegure, convém observar que dada sua relação com o pensamento de Lamarck, não propriamente com o de Darwin, pode ensejar rios de tinta enquanto dissertações de mestrado e/ou teses de doutoramento.
Principalmente se a cotejarmos com as consequências epifenomênicas teórico políticas da existência de uma lei da evolução, qual seja o pensamento de Maquiavel ou de Gaetano Mosca, ou se cotejarmos com a vida de notórios manipuladores e sobreviventes de sua própria época política, por exemplo Talleyrand ou Fouché.
O certo é que Lira Neto, de forma brilhante, apreendeu a medula do aparentemente proteiforme Getúlio Vargas e a expôs no primeiro volume de sua biografia, uma obra já seminal. Nesse pequeno trecho lemos, oculto por uma vida intensa, complexa, onipresente ainda hoje, como pensava e agia o mais importante político brasileiro do século XX.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN
“Adaptar-se não é o conformismo, o servilismo ou a humilhação; adaptar-se quer dizer tomar a coloração do ambiente para melhor lutar.”
Um dia alguns políticos irão entender esta grande verdade dita por Getúlio.
O que vemos é um servilismo desbragado.
Chegam a se humilhar aos que estão no poder, concordam com tudo e assim ultrapassam todos os limites da razoabilidade, chegando a se tornarem ridículos.
Todos os compromissos com o povo são rasgados.
Se tem por função fiscalizar, não fiscalizam. Se tem por obrigação auxiliar, não auxiliam.
Aceitam serem totalmente marginalizados no processo político-administrativo.
Depois se surpreendem por não serem levados a sério pelo povo e terem que gastar rios de dinheiro para conseguirem se manter na política.
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PREFEITA DE MOSSORÓ GANHA R$ 23.550,00
O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ GANHA R$15.000,00
A GOVERNADORA DO RN GANHA R$ 11.600,00
UM AGENTE DE SAÚDE MENOS DE R$ 800,00
O REAJUSTE DO FUNCIONALISMO MUNICIPAL FOI DE APENAS 5,84%.