domingo - 28/12/2025 - 08:30h

Malandragem inofensiva

Por Marcos Ferreira

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Penso aqui com os meus botões (como diz aquele adágio) no que terão escrito os demais colaboradores deste prestigioso BCS — Blog Carlos Santos. É possível que algum ou outro, assim como eu, se encontre a esta hora quebrando a cabeça para honrar nosso compromisso dominical. Sim. O pensamento que tenho é este, o de que determinados escribas só conseguem enviar as suas produções literárias em cima da hora, já no próprio domingo. Isto a julgar pelo horário que nosso Editor libera as respectivas páginas desses meritórios manejadores do nosso alfabeto.

Tal detalhe, entretanto, não é nada da minha conta. O que importa é que são quinze horas e vinte e oito minutos deste sábado, 27 de dezembro de 2025, e eu (embora sendo uma coisa rara de ocorrer) não estou com minha crônica pronta. Encontra-se tão só em curso e, como se percebe, este sapateiro das letras vai descambando para a velha receita de escrever sobre as dificuldades com que volta e meia nos deparamos. Pois não existe ou existiu nenhum literato que não tenha recorrido a essa estratégia.

Mesmo os melhores entre os melhores se valeram deste recurso. Citando apenas dois cronistas de nossa freguesia, estou convicto de que os saudosos mestres José Nicodemos e Dorian Jorge Freire também lançaram mão desse artifício no intuito de construir uma página para os órgãos de imprensa com os quais colaboravam.

Especialmente José Nicodemos, que heroicamente sustentou a peteca de produzir uma crônica para o também heroico Jornal de Fato todo santo dia. Pois é. O Jornal de Fato, dando a César o que é de César, embora com uma tiragem mínima, deveras simbólica, é o único veículo deste município, quiçá do nosso estado, que ainda põe nas ruas uma edição impressa. Por último, Dorian era cronista dominical da Gazeta do Oeste. Claro que não ouso insinuar que estou ao nível desses dois beletristas. Nem na capacidade de criação nem na estilística.

Vamos em frente. No momento quem está em apuros sou eu. O Editor, há mais ou menos uma hora e meia, cobrou-me o envio desta sensaboria pelo WhatsApp: “Vai enviar texto?”, escreveu laconicamente.

O polígrafo Carlos Santos, além de jornalista, é um cronista meritório, um escritor de fôlego. O rapaz escreve diariamente, chova ou faça sol. Não raro fico basbaque com o poder de realização desse homem de imprensa e literato. Nunca me vi em maus lençóis, então não sei se eu conseguiria produzir uma crônica sem falhar uma só vez. Tenho para mim que não dou conta de tamanho desafio.

Difícil, contudo, é dar à luz uma crônica que caia no gosto de Natália Maia, minha sortuda noiva. Aqui no blogue, a propósito, o cronista preferido dela é o talentoso Odemirton Filho, autor de uma escrita leve e sintonizada com os temas do momento, ainda que escreva com regularidade acerca de acontecimentos pretéritos, memórias do arco-da-velha.

Imagino que é bom eu ficar por aqui. Afinal de contas, bem ou mal, estou chegando bem pertinho de uma página e meia com essa tática de redigir, na maior parte do tempo, sobre o próprio ato de escrever. Acho que o meu Editor e os pacientes leitores perdoarão esta malandragem inofensiva.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Carlos Santos diz:

    Meu caro Marcos, Natália é sua musa inspiradora e principal incentivadora. Além de webleitora número um, que se siga. Eu, cá, apenas uma versão virtual de Dr. Simão Bacamarte, cuidando dos “colaboradores” e ao mesmo tempo me tratando em Nosso Blog. Bom domingão. Se der, nesses últimos dias de 2025 estarei me escorando no seu portão para uns dedinhos de prosa e umas xícaras de café. Levo bolachas de Sinval, aquelas delícias fabricadas no Boa Vista. “Ô de casa!”

  2. Odemirton Filho diz:

    Manuel Bandeira disse certa vez que “ o Rubem Braga é ótimo, mas quando não tem assunto ele fica melhor ainda”.

    Tal frase cai como uma luva em relação a você.

    Um abraço, dileto amigo. Que 2026 seja de muitas alegrias e bençãos.

  3. Ayala Gurgel diz:

    Até pra enrolar, o cabra é bom

  4. Passos Júnior diz:

    Encheu linguiça, mas com maestria.

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