• Cachaça San Valle - Topo do Blog - 01-12-2024
domingo - 01/12/2024 - 14:38h

Metamorfose ambulante

Por Odemirton Filho 

Arte ilustrativa do Mudando de Rota

Arte ilustrativa do Mudando de Rota

Nesses tempos de extremismo e pós-verdade, pensar fora da caixinha tornou-se um ato de rebeldia. É pecado ter uma opinião diversa daquelas que presidem o nosso dia a dia. O maniqueísmo, ou seja, a divisão entre o bem e o mal, é a regra nas discussões nos dias atuais.

Entretanto, ao longo de nossas vidas inúmeras vezes mudamos de opinião acerca de alguém ou sobre algo. Se ontem pensávamos de uma forma, hoje, podemos pensar e entender o mundo de forma diferente, não constituindo, a meu ver, qualquer fraqueza, pois não devemos ter compromisso com o erro ou a mentira. Verdades postas como irrefutáveis podem, e devem ser analisadas. Porém, valores de vida são inegociáveis.

A dialética hegeliana, que se constitui na tese, antítese e síntese deve ser aplicada. Refletir e tirar as nossas conclusões nos torna diferentes, aguçando o nosso senso crítico. Não devemos concordar e aceitar tudo que nos é apresentado como verdade.

No decorrer do tempo, muitas vezes observamos a vida por ângulos diversos. Vemos um horizonte que, às vezes, pode estar nublado, outras, cristalino. Como disse linhas atrás, valores de nossas vidas não podem ser negociados. A ética, à guisa de exemplo, deve pautar as nossas relações, sejam pessoais ou profissionais.

A mudança é salutar, sempre. Mudar, amadurecer, crescer pessoal e profissionalmente deve ser continuamente perseguido. Atualmente, no tocante à política, vivemos no mundo do radicalismo. Somente o que vale é a nossa posição político-ideológica. Não paramos para ouvir a argumentação contrária. Contudo, mudar não é demérito. Aliás, pode ser uma virtude, mesmo porque não somos os donos da verdade (embora alguns acreditem que são).

Nessa toada, de um texto da escritora Martha Medeiros, extrai o seguinte fragmento:

“(…) Você vê um quadro hoje. Vê o quadro de novo daqui a dez anos, o revê daqui a vinte, trinta, quarenta … É o mesmo quadro com a mesma moldura, na mesma parede do mesmo museu, com a mesma luz, é você, mas cada vez será visto de outra forma. Cada vez ele nos conta uma história. O quadro não mudou. Já nós” …

Como diria o Maluco Beleza: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Pensando bem...

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