A imagem de cidade pacata, transformada nos últimos anos num pólo de oportunidades, com a pujança de sua economia, não combina mais com Mossoró.
Distante 280 km de Natal, com quase 250 mil habitantes, o município convive com uma explosão nos índices de violência. Só até o dia 15 de dezembro, o ano de 2008 teve o registro de mais de 112 assassinatos à bala. Praticamente uma morte a cada quatro dias.
Boa parte dos crimes fica “insolúvel” ou não tem o desfecho esperado pelas famílias das vítimas, ou seja, a prisão dos culpados. Na grande maioria dos casos, há uma relação do crime com consumo e tráfico de drogas.
Sobrecarregada, desaparelhada, com delegacias transformadas em presídio, a Polícia Civil está longe de ser uma Scotland Yard. Pouco pode fazer.
As causas da escalada geométrica da delinqüência são encontradas no somatório de vários fatores. Nenhum, isoladamente, explica a banalidade com que assaltos à mão armada, assassinatos (várias execuções sumárias), roubos e o poder do narcotráfico estão se multiplicando.
A cidade incha e agrega mazelas em escala proporcional. Com mais de 50 estradas pavimentadas, carroçáveis e vicinais em sua malha viária, situada entre duas capitais (Fortaleza-CE e Natal-RN), pólo de uma região com mais de 1 milhão de habitantes e a poucos quilômetros do litoral, Mossoró está no olho do tufão. Impossível não conviver com um quadro ambivalente: a euforia do desenvolvimento e suas chagas.
ELDORADO
Diariamente circulam mais de mil veículos alternativos, ônibus, táxis e vans de outros municípios em Mossoró, conforme pesquisa realizada há dois anos pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). A população flutuante pode oscilar entre 10 e 20 mil pessoas em certos dias a cada mês.
Além disso, mais de 700 caminhões cruzam a cidade todos os dias, só no transporte de sal.
O ufanismo desenvolvimentista também ajuda na ocupação urbana desordenada, puxando imigrantes dos mais diversos municípios e estados, em busca do “Eldorado.” A grande maioria sem qualificação profissional, amplia a multidão de desempregados.
Vendo a estrutura de segurança pública de Mossoró, é fácil descobrir por que os fora-da-lei triunfam. O Segundo Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), que tem jurisdição sobre 14 municípios, hospeda contingente incompatível com as exigências contemporâneas.
Mesmo aguardando novos 150 policiais para o próximo ano, atualmente o efetivo é de 600 homens. A metade fica em Mossoró. Seria preciso pelo menos o dobro para cobrir tecnicamente a necessidade populacional.
As queixas da população só aumentam. Faltam viaturas (às vezes combustível), policiamento ostensivo, trabalho de inteligência e equipamentos (armas, munição etc.) para que o crime seja enfrentado à altura.
A cidade possui uma delegacia da Polícia Federal há pouco mais de quatro anos, tem um presídio federal pronto para ser ocupado, uma Penitenciária Agrícola e um presídio estadual superlotado.
Claro que Mossoró não é um caso isolado em termos de Brasil e, sobretudo, de Nordeste. O Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) identifica aumento nos números de assassinatos na região em 2008. Mesmo ainda por serem fechados, eles devem superar os 11.448 de 2007.
A chamada “capital do Oeste potiguar” dá sua contribuição à estatística. É top de linha. Infelizmente.
* Reportagem especial publicada no jornal Na Semana.























caro carlos santos, realmente, é claroevidente a situação da insegurança na regiao e com esse contingente policial o que podemos concluir é que quanto mais pra frente pior ficará. a nossa pequena cidade de gov. dix-sept, por exemplo, há muito que praticamente não existe polícia e a violência, a droga, permeiam sem qualquer relutância e sem qualquer retração. creio q assim também deve ocorrer nas demais pequenas cidades do oeste potiguar.