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quarta-feira - 01/02/2023 - 07:36h
Câmara Federal

Mossoró fica sem nome na Câmara dos Deputados após 78 anos

Veja trabalho histórico, em primeira mão e exclusivo sobre todos os deputados mossoroenses

Com a posse dos novos deputados federais nesta quarta-feira (1º), em Brasília, às 10h, Mossoró passa a ter um vácuo em sua representação nesse poder, após 78 anos. O fim ou interrupção desse ciclo ocorre com o término do mandato do deputado federal Beto Rosado (PL), no dia passado.

Numa reportagem especial e exclusiva no dia 7 de outubro do ano passado, cinco dias após as eleições em primeiro turno, postamos levantamento minucioso dessa trilha mossoroense até a Câmara dos Deputados (Câmara Federal – Após 77 anos e dezenas de mandatos, Mossoró não elege ninguém).

Veja a íntegra abaixo. É um documento para a história, estudiosos, pesquisadores, jornalistas, diletantes da política. Esperamos apenas que, material sendo usado, seja dado o crédito a trabalho tão exaustivo:

Vingt Rosado colecionou 7 mandatos e seu lado familiar totalizou 13 desde 1962 (Foto: arquivo/reprodução)

Vingt Rosado colecionou 7 mandatos e seu lado familiar totalizou 13 desde 1962 (Foto: arquivo/reprodução)

Que lástima. O segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte, com um total de 183.285 eleitores aptos ao voto, não elegeu sequer um deputado federal este ano. É, de verdade, uma situação inusitada, se computados os pleitos desde a retomada do Estado Democrático de Direito, pós-Estado Novo, ditadura de Getúlio Vargas.

Levantamento em primeira mão e exclusivo do Canal BCS (Blog Carlos Santos) mostra como Mossoró sempre esteve presente na Câmara dos Deputados, desde uma época em que a Capital Federal ainda era o Rio de Janeiro.

Essa trajetória de eleições e eleitos está listada abaixo, tendo início há 77 anos, precisamente no pleito de 1945:

1945 – Mota Neto

1950 – Dix-huit Rosado e Mota Neto (Ficou na suplência, mas assumiu com a eleição a vice-presidente do natalense Café Filho, também eleito deputado federal, simultaneamente)

1954 – Dix-huit Rosado

1958 – Xavier Fernandes e Tarcísio Maia (Nascido em Catolé do Rocha-PB, mas radicado em Mossoró)

1962 – Vingt Rosado

1966 – Vingt Rosado

1970 – Vingt Rosado

1974 – Vingt Rosado

1978 – Vingt Rosado

1982 – Vingt Rosado

1986 – Vingt Rosado e Wilma de Faria

1990 – Laíre Rosado

1994 – Laíre Rosado e Betinho Rosado

1998 – Laíre Rosado, Betinho Rosado e Múcio Sá

2002 – Sandra Rosado e Betinho Rosado

2006 – Sandra Rosado e Betinho Rosado (Ficou na suplência de Nélio Dias, mas com morte desse em 20 de julho de 2007, assumiu o mandato)

2010 – Sandra Rosado e Betinho Rosado

2014 – Beto Rosado

2018 – Beto Rosado (Assegurou mandato judicialmente, em decisões liminares. O eleito foi Fernando Mineiro, do PT)

2022 – Nenhum

O empresário Mário Rosado, filho do ex-prefeito Dix-huit Rosado, chegou a assumir mandato interinamente no dia 1º de janeiro de 1995, final da legislatura eleita em 1990.

Mota Neto, o "Motinha", abriu a série de mandatos (Foto: Reprodução)

Mota Neto, o “Motinha”, abriu a série de mandatos (Foto: Reprodução)

Xavier Fernandes, com a morte do deputado federal Aristófanes Fernandes no 8 de dezembro de 1965, no Rio de Janeiro, acabou efetivado para seu segundo mandato parlamentar federal.

Outra curiosidade, entre tantas outras, é que de forma contínua o clã Rosado tinha eleições à Câmara dos Deputados desde 1962, quando foi eleito Vingt Rosado. Ele também é o segundo político do RN com mais mandatos federais, num total de 7, só perdendo para o ex-deputado Henrique Alves que somou 11 a partir de 1970 – consecutivamente.

21 mandatos Rosados

Os Rosados cumulativamente foram eleitos 21 vezes à Câmara dos Deputados e ainda assumiram mais duas, em virtude de falecimento de um titular e renúncia de outro.

Desde a eleição de 1945, Mossoró teve entre eleitos e suplentes o total de 30 mandatos federais.

A ala Rosado do tronco familiar de Vingt Rosado somou desde 1962 o total de 13 mandatos: ele, com sete; além de Laíre Rosado e Sandra Rosado com três legislaturas cada um.

DTV

Em 1958 há um fato muito interessante sobre a eleição de Tarcísio Maia. Ele foi eleito deputado federal, seu único mandato obtido pelo voto direto. Aliado aos primos Vingt Rosado e Dix-huit Rosado, ele formou chapa ‘não oficial’ denominada de DTV – Dix-huit/Tarcísio e Vingt,

Dix-huit foi eleito ao Senado e Vingt à Assembleia Legislativa do RN, além do próprio Tarcísio Maia à Câmara dos Deputados.

Três 

Em 1998, dos oito deputados federais eleitos pelo Rio Grande do Norte, três foram de Mossoró. Uma marca única até hoje: na lista de vitoriosos, Laíre Rosado, Betinho Rosado e Múcio Sá.

Acompanhe o Canal BCS ( Blog Carlos Santos) pelo Twitter AQUI, Instagram AQUI, Facebook AQUI e YouTube AQUI.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. VALENTIM MARINHO NETO diz:

    Parabens Carlos Santos, pela bela aula de historia, que voce apresentou, referente aos Deputados Federais de Mossoró-RN.

  2. Wendell Stewart da Costa Silva diz:

    Agora serão apenas lembranças até 2026; e se o atual prefeito de Mossoró for reeleito, ele terá de gastar muito para eleger um deputado federal de Mossoró e região, pois fotos em Instagram e no status de WhatsApp não rendem votos nas urnas eletrônicas; apenas mídia passageira.

  3. Álvaro Júnior diz:

    Reflexo do sentimento de povo? Por falta de nomes que represente de verdade? Pouco, ou nada de resultados por parte dos últimos representantes?

  4. Guilherme diz:

    Ao longo de décadas integrantes da família Rosado reuniram condições materiais, partidárias e sociais para garantir a Mossoró pelo menos a ocupação de uma das vagas. Eventualmente de duas. Esse fator garantiu a cidade a vinda de grandes obras, como as universidades, complexos viários, intervenções urbanas decisivas, como a tricotomização do Rio Mossoró, entre outras. Garantiu o atendimento de pleitos relativos às matrizes econômicas como sal, petróleo e agricultura. Esse tempo passou e com muito contentamento de uma grande parte do eleitorado da cidade, que não se cansa de celebrar o fim do ciclo. Que estes consigam recolocar representantes da cidade nas mesas de grandes decisões novamente. Não adianta depois queixar-se das perdas de benefícios para outras regiões, por falta de força política local. É hora de virar para os eleitos e perguntar: “tiramos os Rosado para colocar vocês. E agora?”

  5. Raimunda diz:

    Já não era sem tempo. Antes tarde do que nunca. 78 anos de uma oligarquia no poder, um dia tinha que, pelo menos, dar um tempo. Um reinado tão longevo não se dá por falta de opção de outros nomes, mas por práticas da velha política. E o povo, que adora falar mal dos políticos, não perde a oportunidade de obter uma vantagem, se puder. Assim, nunca lhe falta um cargo comissionado, um contrato em licitação ou outro agrado qualquer.

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