O jornal Tribuna do Norte trouxe à tona nessa última quarta-feira (6) um assunto que boa parcela da mídia do RN e de Mossoró faz vista grossa, sabe-se lá por quais motivos: a morte de uma senhora de 72 anos, no fim de semana, por falta de leito de UTI (ou agilidade no socorro).
Originária de Ipanguaçu, no Vale do Açu, ela testou positivo na sexta-feira (1º) e precisava de um leito de UTI, sendo Mossoró o polo de saúde pública mais próximo com estrutura para esse fim. Mas no sábado (2), a idosa faleceu sem a devida assistência.
Prefeitura Municipal de Mossoró e Governo do Estado estão num jogo de empurra-empurra, eximindo-se de culpa no episódio. A municipalidade é responsável pela regulação dos leitos em Mossoró. Garantiu à imprensa da capital e em nota, que à ocasião do pedido da Secretaria Municipal de Saúde de Ipanguaçu, não havia disponibilidade de leitos na rede pública e terceirizada (Hospital São Luiz, hospital de campanha).
Citou, que dos 10 leitos “abertos pelo Governo do Estado, com ajuda de empresários locais, 7 estavam ocupados e 3 fechados por falta de insumos, de acordo com informações do próprio hospital”.
O Governo do Estado retruca. Garante que havia, sim. O Hospital São Luiz abriu na sexta-feira por volta de 17 horas os seus primeiros leitos (veja AQUI). De início, logo foram colocados em aproveitamento 10 leitos de UTI e 15 de enfermaria. Só na segunda-feira (4), é que leitos de UTI teriam lotado.
Horas antes na sexta-feira em que o São Luiz começou a receber pacientes, o Blog Carlos Santos postava a seguinte matéria: Mossoró já vive saturação para atender pacientes com Covid-19.
Na segunda-feira, uma reportagem do Mossoró Hoje, reproduzida e reforçada em informações por nossa página, apontava que o São Luiz tinha àquela data, pela manhã, 18 pessoas sob tratamento, sendo que nove somente na UTI – veja AQUI. Ou seja, só um leito disponível para situações mais urgentes.
Promessas e propagandas fantasiosas
Prometido para começar a funcionar no dia 20 de abril, o Hospital de Campanha da Prefeitura de Mossoró, também chamado de Unidade de Campanha e de Unidade Hospitalar de Campanha na propaganda oficial confusa, só teve abertura à noite da segunda-feira – veja AQUI. Assim mesmo, sem totalidade de leitos claramente explicitadas.
A própria secretária municipal da Saúde, Saudade Azevedo, noticiou que seria “cerca (ou seja, algo aproximado) de 10 leitos para pacientes com síndromes respiratórias graves”. Ela não tinha sequer algo preciso, mas estimado.
Município e Estado são inconfiáveis no que divulgam. A opinião pública e imprensa devem ficar com um pé atrás sobre o que lhe é repassado em tom oficial.
Na terça-feira (28), há mais de uma semana, a prefeita Rosalba Ciarlini visitou o Hospital São Luiz, que passou a ser administrado pela bioquímica Larizza Queiroz (interventora da Associação de Proteção e Apoio à Maternidade e à Infância de Mossoró-APAMIM). Logo, sua assessoria espalhou que ela “anunciou” (indevidamente) a abertura dos leitos dessa unidade hospitalar, que passava a ser Hospital de Campanha na luta contra a Covid-19.
Nada estava pronto. Rosalba sabia. O São Luiz só começou a receber pacientes na sexta-feira no fim da tarde (veja vídeo mais abaixo).
Fátima Bezerra não deixa por menos, no comando do governo estadual, com sua promessa de 20 leitos de UTI no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM). Até o momento, apenas dez são utilizados, graças sobretudo a investimento da iniciativa privada.
Hospital da Polícia Militar e Hospital Rafael Fernandes que deveriam estar em plena atividade, não passam de promessas.
TAC salvador
Por enquanto, de forma clara, já se tem esse cadáver de uma senhora vitimada em situação suspeita. Mas outros podem surgir e muitos já teriam sido somados, não fosse a iniciativa de pessoas como o juiz federal Orlan Donato, promotor público Rodrigo Pessoa e a interventora da Apamim, Larizza Queiroz, que articularam aproveitamento do Hospital São Luiz como hospital de campanha.
A partir de conversação entre eles é que passou a ter negociação com município e estado. Daí surgiu o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para gestão do São Luiz na pandemia (veja AQUI e AQUI), com outros endossantes.
Se Mossoró e região estivessem à espera da agilidade e competência de governos estadual e municipal, os danos à vida humana seriam maiores e irreparáveis, baseados na incompetência e falácia. Resta esperar que o Ministério Público abra procedimento para apurar esse caso específico, além de perscrutar como está o processo de regulação de leitos.
Falta agilidade? Existem pacientes prioritários por município ou classe social?
De certo, um cadáver. Alguém de origem muito humilde que se foi. Familiares e amigos que ficam a chorar. Do outro lado, a estatística. O número frio, notas e versões, além de certa dose de cinismo.
Vai para quem o débito dessa morte?
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A Foto e o Fato (pandêmico)
– Mulé, eu tô achando assim….sabe….tão insosso…!
– Insosso o quê, Mulé?
– Essa inauguraçãaaaao….sem festa …sem fojo….sem fogos….sem Grafiiiiith….!
– Mulé, bota essa boca pra lá. Os jalecos branco de Natal inventaram de fazer um pancadão em frente ao Walfreeeeedo, e já viu, né? o mundo quase veio abaixo. Faltou pouco pra desabar.
– Mulé, cê sabe que o gado tá ‘in ê ta’ por um fojo. Tá tudo parado desde o carnaval. Já tem gente fazendo fojo no mato pra ver se escapa.
– Mulé, quando essa peste acabar a gente vai fazer um fojo de matar Woodstock de inveja. ‘Tirá’ o atrasado, tá entendendo?
– Eu não sei se o gado vai esperar. Viu?
Vai esperar, sim! E não esqueça que vem aí as carreatas, caminhadas, muitos carros de som nas ruas infernizando os ouvidos do poooovo, tem as descidas do aaaalto….Tá entendendo?
– Mulé, só em falar em descida do alto eu me molho toooooda.
– Mulé, pegue uma toalha e vá se secar. Máche!!!
– (vaaaalha…ela não entendeu….)
Dizem que ninguém pode atirar a pedra. Só sei que falei sobre isso na madrugada.
Boa noite.
Interessante é o secretário adjunto do governo do estado falar em fechar tudo no Rn, já estamos a quase 02 meses praticamente parados e não vejo estes desgovernos, tanto estadual, como municipal fazer o básico do básico para preparar o estado e a cidade de Mossoró para enfrentar este vírus. até onde eu entendo este isolamento imposto a população seria justamente para que se equipasse e fosse aberto novos leitos para atender a demanda que se esperava que fosse aumentar como de fato aumentou. fica a pergunta por que não foi feito os investimentos necessários para isso, dinheiro tem só falta mais uma vez gestão, pessoas que realmente pense no bem comum e não só nos seus, nas suas castas.
Abraços.