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domingo - 18/08/2024 - 12:42h

Neblina miúda, garoa

Por Honório de Medeiros

Foto ilustrativa feita pelo próprio autor da crônica

Foto ilustrativa feita pelo próprio autor da crônica

Cedo da manhã, umas cinco e pouco, afastei a cortina e sondei o céu. Neblina miúda. Lá para cima do mapa, chamam garoa.

Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. Fiz um café forte, tomei uma talagada boa, troquei de roupa e tomei rumo, sorvendo aquela névoa que molhava tudo.

A passarinhada voava rasante, cantando forte, lambendo o espelho d’água da Lagoa dos Flamboyants, chamando a atenção dos biguás que implicavam com as garças. Bicho do canto sinistro!

Caminhei até a embocadura onde fica a pedra da mesa e, mais longe, uma soberba aroeira. Olhei para um lado, olhei para o outro, rezei um Padre Nosso, e resolvi subir mais um pouco.

Podia ter lama, escorregão, cobra, aranha… Queria subir umas pedras majestosas no fundo do terreno, na aba da trilha para a Serra. Cheguei.

Barulho de asas sustentando voo.

Uma coruja, linda, pousou mais além e ficou olhando desconfiada. Descobri sua toca, entre as pedras.

Cumprimentei-a, respeitoso, e peguei a volta.

“Ninguém se perde no caminho da volta”, disse Zé Américo.

Será?

Cerro Corá, 4 de abril de 2024.

Honório de Medeiros é ex-secretário da Prefeitura de Natal, do Governo do RN, professor e escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Odemirton Filho diz:

    Como é bom ler os textos de Honório de Medeiros; coisa fina, leve, breve. E eu ainda aprendo, aluno que sou.
    Um abraço, meu dileto.

  2. Honório de Medeiros diz:

    Outro, meu amigo Odemirton, com meus agradecimentos por sua gentileza!

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