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domingo - 04/01/2015 - 08:56h

Nego Rubens, Carlus Augustus e Zé da Burra

Por Marcos Pinto

Ano novo começando e as amenidades se amiudando. Cenário: ”Beco das Frutas”- Centro de Mossoró.

Manhã do segundo dia do ano de 2015.

De forma errônea e corriqueira costuma-se afirmar, de forma generalizante, que o famoso ”Beco das Frutas” reúne tudo que há de escória de/em Mossoró. Afirmativa que já está enraizada na concepção do povo mossoroense e dos que aportam nessa urbe.

Em olhar furtivo e de afogadilho, dir-se-ia que assiste razão na assertiva. Todavia, em aprofundado estudo perfunctório, chegar-se-á à conclusão de que, nesta espécie de latifúndio de perdidas ilusões, sempre existiu uma espécie de bunker para os que querem um certo distanciamento dos conhecidos bêbados que cospem barbante e articulam prosa molenga.

Em Natal temos uma artéria no centro da cidade que reúne uma clientela oriunda dos mais humildes arredores da cidade, conhecido e por demais famoso como sendo o ”Beco da Lama”. Estranha-se que nestes ambientes desprovidos do cumprimento das convenções sociais sempre, há um espaço reservado, como já mencionado.

Em Natal, no famoso Beco da Lama, observa-se que nos primeiros imóveis do beco, cerca de cinco imóveis, encontram-se instalados bares e restaurantes dentro dos padrões que norteiam os transeuntes quanto à restrita freguesia de pessoas oriundas da citadina classe média.

Em Mossoró, encontramos na rua Francisco Peregrino (Beco das Frutas) o mesmo perfil e a mesma feição clientelista do ”Beco da Lama”.

Todos os anos, no período da festa de ”Santa Luzia”, é comum o grande afluxo de pessoas que aportam em nossa amada paróquia e terra de Santa Luzia. Nesse cenário, os inveterados bêbados cuspidores de barbante, oriundos de outras plagas oestanas, ao passarem defronte ao bar de Sêo Sebastião Lopes Bezerra, gente da boa gente de Upanema, do clã Marques Bezerra, entrelaçados ao povo bom da fazenda “Poré”, deparam-se com a cara de poucos amigos dele, Sêo Sebastião – espécie de Sêo Lunga mossoroense.

Alguns ainda atrevem-se a solicitarem uma dose de aguardente, cascaveando alguns vinténs nos bolsos, recebendo a imediata resposta de que ”acabou-se o estoque da cachaça”.

Pois bem ! nesse reduto, deparei-me com inusitada cena protagonizada pelo famoso ”Nego Rubens Dias”, fi dedigno amigo do Carlus Augustus Rosadus e um de seus amigos por nome Santos de Cipriano.

Conversa vai e conversa vem, eis que o Nego Rubens alardeia que em uma das viagens feitas a Mossoró pela então governadora Rosalba Rosadus, no pomposo avião do Governo do Estado, fora convidado via telefone pelo governador de fato Carlus Augustus para acompanhá-lo rumo à capital do estado, tendo ele aceito prontamente o honroso convite.

Após o Nego Rubens tecer longo discurso de largo prestígio com o C.A, eis que o Santos de Cipriano disparou:

– Agora você vai ter que se conformar que o seu grande amigo Carlus Augustus não é mais o governador de fato!. Vá logo tratando de comprar novos arreios para a burra do seu amigo ”Zé da Burra” descontar nas ”corridas’ pra lhe levar, bêbado, do bar de Sêo Sebastião até a sua casa!.

Diante tão acertada afirmativa, houve grandes gargalhadas dos curiosos presentes.

Só restou ao Nego Rubens cerrar fileiras com os que riam desbragadamente de tão oportuna observação.

Marcos Pinto é advogado e escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. paulo diz:

    “Quem conserva uma “ferida” “mágoa” se torna escravo do passado, fica incapaz de viver no presente, e julga todas a coisas do presente com os olhos do passado. Liberte-se e Viva o melhor de Deus hoje, semeia as sementes do amor e do perdão e receba a cura para uma vida livre, leve e Solta!”

  2. Diego Araújo diz:

    Grande amigo marcos pinto! Homem de admirável percepção. Estava sentindo saudades de suas escritas neste blog.

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