“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de colher o que se plantou”. (Eclesiastes 3:1-8).
Assim é a vida. Tenho esse versículo bíblico como um dos meus princípios. No tempo certo tudo ocorrerá. Ou não. Para quem espera no Senhor, no tempo de Deus, o que tiver de ser, será. A vida açodada na qual vivemos nos leva para o imediatismo. Queremos para ontem aquilo que somente virá amanhã.
No mundo no qual estamos inseridos, a correria é uma constante. São múltiplas as obrigações para dar conta; o trabalho, o estudo, a família, “o social”, levam-nos a uma vida agitada, repleta de compromissos. Queremos atender a tudo e a todos.
Quando chegarmos ao entardecer da vida as consequências virão. Tomaremos remédios para recuperar uma saúde debilitada pelo estresse e pela correria do dia a dia. Vale a pena? Faça o leitor a sua reflexão.
É claro que devemos lutar pelos nossos objetivos, pela concretização dos nossos sonhos, não devemos ficar acomodados, “com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”, porquanto a vida exige atitudes e batalhas diárias.
Aliás, há uma história interessante, escrita por Liev Tolstói, que passo a narrar para o leitor: Havia um homem que, no desejo de amealhar uma grande quantidade de terras, caminhou por um longo período, sem parar, pois, a terra que ele percorresse antes do pôr do sol, seria de sua propriedade.
“Ele corria, a camisa e a calça ensopadas de suor grudavam em sua pele, a boca estava seca. Os músculos trabalhavam como o fole de um ferreiro, o coração martelava dentro do peito, e as pernas pareciam se mover como se não lhe pertencessem. O homem foi dominado pelo terror de morrer de tanta tensão”.
O homem, sentindo que não chegaria antes do sol chegar na borda do horizonte, gritou: “há muita terra, mas Deus permitirá que eu viva nela? Eu perdi minha vida, perdi minha vida! Nunca chegarei…”
E morreu.
Algumas pessoas que ali estavam, pegaram uma pá e cavaram uma sepultura de tamanho suficiente para que o homem coubesse deitado lá dentro, e o enterraram. Um metro e oitenta, da cabeça aos pés, era o que bastava.
Pois é, não adianta correr. Tudo acontecerá no tempo de Deus.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Odemirton, mais uma vez você foi certeiro! Reputo Liev Tolstoi o melhor escritor russo. Por sinal, o meu gato preto da sorte se chama Liev, justamente em sua homenagem. Sobre sua reflexão, destacaria apenas essa pergunta do personagem principal da obra “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstoi, quando ele, numa confusão sobre acreditar que estar vivendo uma mentira, se questiona: “Que tipo de vida quero ter?”
O livro do Eclesiastes é perfeito. Sua crônica está uma perfeição, como sempre. Correr em busca de realizações, conquistas, tranquilidade na vida… de alguma forma e por diferentes motivos, todos nós corremos! Lembro que meu objetivo era superar as dificuldades financeiras de ter nascido numa família de poucos recursos. Estudava muito, buscava minha própria perfeição, trabalhei desde criança. Desenvolvi muita ansiedade: me cobrava demais! Lembro que um dos meus irmãos, um repetiu de ano. E o mundo não acabou por causa disso. Eu me divertia pouco. Era a chata da turma (soube muito tempo depois), não topava faltar aula para festinhas. Não me arrependo de ter sido assim. Tinha foco e objetivo e não me arrependo. Mas a gente corre pra morte: cada dia a mais é um dia a menos. Hoje tento me divertir mais. Parabéns!