Os mais de seis meses de segregação forçada o levaram à intensa reflexão sobre o poder, as pessoas e às circunstâncias. Não tenho dúvidas. O mundo cai. Daà em diante, a missão é como aquele castigo imposto a SÃsifo, que na mitologia grega era obrigado a fazer rolar uma pedra montanha acima.
O homem é produto das circunstâncias, mas elas não podem ser justificativas – sempre, às suas decisões infames. Ser racional é ser esperto, oportunista e traidor? Talvez seja apenas conservar algum traço de humanidade e não o instinto animal.
As razões do lobo, que sempre estão amparadas em sua vocação predatória, não devem nortear o homem. Nesse tempo de exÃlio, o prefeito foi levado à execração pública, passou da condição de lÃder para quase-nada, além de descobrir o que é comum à toda entressafra: não sobra muito a quem tem fome. Às vezes, o mÃnimo de solidariedade.
"O cachoro gosta do dono; o gato, da casa," ensina um ditado japonês. Os "bichanos" que sempre procuram se enroscar nas pernas de quem manda, não são felinos por acaso. A camarilha que ronda o chefe, é manhosa porque se interessa pela casa e não por seu amo.
Sou obrigado a recorrer, apesar de tantos desencantos com a espécie, àquela frase que me persegue há décadas, pronunciada pelo grande Mário Covas:
– Sou, por formação e por Ãndole, um homem que fundamentalmente crê. Desejo morrer réu do crime da boa-fé, antes que portador do pecado da desconfiança.
Porém reconheço não ser fácil.
As lições desse episódio estão espalhadas por toda parte. VisÃveis aos mais sensÃveis, quase imperceptÃvel aos intolerantes e inacessÃvel àqueles que não compreendem a sabedoria de duas palavras: "Tudo passa."
Nunca o poder foi tão efêmero em Areia Branca. Mesmo para quem volta, assim o será. Ele também terá passado um dia, outra vez, por Souza.
De certo, o prefeito selecionará os seus não pelo critério bÃblico da continuidade da espécie: a tarefa coube a Noé em sua arca pré-diluviana. Haverá reformulação em nomes, métodos e mentalidade. Do contrário, de que terá valido tanto sacrifÃcio?
Também é bÃblico e recomendável citarmos algo a mais aos que voltam e aos que se foram: "Toda a glória do homem é como a flor do feno; seca-se o feno e a flor murcha!"
O comentário é piegas e com claros sintomas de babação.
Tento fazer um comentário a esta matéria, mas, na verdade, não nada que comentar. E por que? Porque ela simplesmente está espetacular. Parabéns. Sigo sendo fã do seu Blog.
Carlos Santos,
Parabéns pela inspiração.. Muito oportuno o texto. Faz-me lembra outro texto bÃblico, escrito em Provérbios 18:24, que diz: “Há companheiros que estão dispostos a se fazerem, mutuamente, em pedaços. Mas, existe um amigo que se apega mais do que irmão.”
A BÃblia nos exorta – sempre – a sermos vigilantes com os “amigos” de ocasião.