Fim definitivo da farsa. O discurso fatalista do governo da prefeita Fátima Rosado (DEM), atribuindo o desmanche das contas municipais à "crise mundial", não resiste à realidade incontestável dos números.

Em artigo publicado por este Blog no domingo (23) às 7h50, sob o título "Prefeitura de Mossoró – As razões da crise financeira" (AQUI), o professor-economista Aldemir Freire, coordenador estadual do Programa Nacional de Amostras em Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desmascarou de vez o engodo. Insofismável. Indefensável.

Números provam que num comparativo com o primeiro semestre de 2008, a prefeitura arrecadou 20% a mais em 2009. Contudo, o estrondo vem na rubrica de folha de pagamento, com aumento de R$ 50,351 milhões para R$ 71,468 milhões no período, o que representa um peso de 41,94% nas despesas.

Há dois meses o governo veio a público afirmar que o erário estaria sendo vítima de uma crise. Reflexo do estouro na economia norte-americana em setembro-outubro do ano passado, que estilhaçava todo o planeta.

Os porta-vozes do governo detectaram o problema com quase um ano de atraso, no momento em que paraxodalmente o mundo começa a respirar aliviado. O estrago econômico-financeiro é menor do que o alarmado inicialmente e o Brasil parece sofrer menos.

O estudo do professor Aldemir deixa o governo de Fátima contra a parede. Desde o início dessa polêmica, o Blog tem batido numa mesma tecla, confirmada pelo estudioso insuspeito de um órgão federal: a crise é de gestão. Por incapacidade gerencial, falta de planejamento e um pingo de humildade, Fátima e sua patota levaram a prefeitura à bancarrota.

Há alguns detalhes que Aldemir Freire não aprofunda, porque lhe faltam elementos para tal. São de ordem política.

Esses dados revelam que a irresponsabilidade dos gestores, misturada com má-fé e incompetência, dá mostras claras do sucateamento da prefeitura. Falta esparadrapo em posto de saúde, alimentação adequada em creches, além de existir arrocho salarial nunca antes visto contra modestos servidores.

Para quem não lembra, no final de sua primeira administração, antes mesmo de 31 de dezembro do ano passado, a prefeita demitiu quase mil servidores em cargos comissionados. Mesmo assim, seis meses depois a folha de pessoal está engordada em R$ 21.116,889,75. Por enquanto.

Como explicar isso?

Empreguismo

Só os números do economista não explicam. A justificativa é politiqueira.

Saíram quase mil pessoas, mas as que entraram tiveram a garantia de melhor remuneração, para compensar o dinheiro em parte perdido dentro de seus grupos familiares, políticos etc. Exemplo: foram exonerados três servidores que ganhavam cumulativamente R$ 1.500,00 e ganhou portaria no novo governo alguém com R$ 2,2 mil de ganho/mês.

Portanto, lógico que a folha tinha que ir às alturas, apesar das demissões serem maiores do que a quantidade de contratados.

Esse empreguismo desenfreado não tem relação direta com o serviço público e, sim, com o interesse eleitoreiro. É moeda para barganha de apoios pretéritos e para 2010. Tudo pago pelo contribuinte. E ainda tem político querendo oficializar o financiamento público de campanha. Criminosos, isso sim.

Outra sequela desse comportamento tresloucados de Fátima e sua patota, é quanto ao próprio investimento nas demandas sociais. Não é prioridade.

Qualquer pessoa medianamente esclarecida sabe que, ao destinar a maior parte dos recursos para aumentar a folha de pagamento (inclusive via o truque das terceirizadas), reduz-se o investimento no social. Termina faltando dinheiro para infra-estrutura, educação, cultural, lazer, saúde etc.

O rombo nas contas públicas é muito pior do que tem sido dito. As medidas tomadas em sua maioria afetam a ralé funcional, que trabalha e dá duro de verdade. A economia anunciada é outra farsa. É como poupar palito em banquete. Não se ataca o problema de frente.

Pobre Mossoró! Até quando continuaremos vítimas desses celerados?