sexta-feira - 10/07/2009 - 10:45h

O ata e desata do grupo Alves e Fátima Rosado

Setores da imprensa rosalbista passaram a produzir um enredo inverossímil para tapar furos na relação de conveniência, não de afinidades e empatia, entre o DEM da senadora Rosalba Ciarlini e o alto comando do grupo Alves. Há um castelo de areia.

O líder pensante do peemedebismo é o deputado federal Henrique Alves, enquanto o estandarte populista é o senador Garibaldi Filho (PMDB), seu primo. O senador junta, o deputado conduz.

Dessa composição é que se forma o comando uno do chamado “aluizismo”, corrente política que herdaram do falecido Aluízio Alves.

Se existe identificação do PMDB é mesmo com a facção da prefeita-enfermeira Fátima Rosado (DEM). Apesar de imberbe no ofício, ela – com seus irmãos e acólitos mais próximos – sabe dos riscos para sobreviver sob a dependência de Rosalba e seu marido, ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM). Não é por acaso que praticamente os manteve à distância no atual mandato e boa parte do anterior. Sorriem de público e rosnam nos intramuros do poder.

Henrique entra nesse vácuo, mas não para galvanizar união com o DEM e, sim, atrair Fátima & Família. Paparica-os à parte, além de manter coabitação civilizada com Rosalba e outros nomes de peso dessa sigla.

Na contabilidade do PMDB, o “acordão” esdrúxulo de 2006 só rendeu para ela, que ganhou mandato de senador, puxada por Garibaldi, que perdeu corrida ao governo estadual.

Alguém aí se lembra da Secretaria de Governo e Projetos Especiais (SEGOV)? Foi criada pelo então governador Garibaldi em 2001. Acomodou Henrique (empossado no dia 22 de fevereiro daquele ano) para levá-lo à condição de candidato a governador, o que não ocorreu.

Esse “monstrengo” virou espécie de “tenda dos milagres”. Teve como principal representante nominal em Mossoró e região a ex-candidata a prefeito em 2000 pelo PMDB – Fátima.

A enfermeira era “cria” da deputada Sandra Rosado (hoje no PSB, mas na época aliada dos Alves e no PMDB) e fora derrotada por Rosalba à prefeitura, em 2000. Saiu do pleito como mais um “fenômeno”, conforme a precipitação de leitura de muita gente com dificuldade de interpretar números, fatos e ler conjunturas.

Fátima ganhou esse status por ter perdido de “pouco” menos de 14 mil votos, já que no pleito anterior (1996) a própria Sandra fora soterrada por quase 32 mil votos de maioria pela própria Rosalba. Boa parte dos “analistas” não via no contexto, o próprio peso do rosadismo, a “grife” PMDB, a influência e herança dos Alves, além do peso da máquina do Estado em favor da candidata derrotada por “pouco”.

Mais do que tentar prestigiar o esquema de Sandra, os Alves ardilosamente apostaram na figura emergente de “Fafá”. Fizeram uma meticulosa secção. O efeito foi dilacerante na coabitação de Fátima com a prima Sandra. Os boicotes velados ao crescimento da ex-candidata a prefeito passaram a ser mais explícitos, pelas mãos da deputada e seu grupo. O racha veio em seguida.

Mesmo ficando em palanques distintos na campanha de 2002, quando passou para o grupo de Carlos e Rosalba, com o suporte de várias vantagens na Prefeitura de Mossoró, como emprego de familiares e aliados, Fátima nunca perdeu de vista os Alves. Rompeu com Sandra e companhia, mas manteve a cordialidade com os Alves.

A contrapartida ela pagou como prefeita, depois de eleita pelo rosalbismo em 2004. Na campanha de 2006, Henrique recebeu apoio “camuflado” para ter nova reeleição, em detrimento de Betinho Rosado (DEM), irmão de Carlos Augusto e teoricamente o candidato de Fátima.  

Betinho até hoje não absorveu a felonia, mas disfarça o desapontamento com a expectativa de dar o troco mais adiante. Sorrir com dentes trincados.

Para 2010, é pouco provável que Alves-PMDB e Rosalba-Carlos-DEM estejam juntos. Impossível não é. Pouco provável, reitero.

Não significa dizer que o mesmo ocorra em relação à Fátima e sua patota. Henrique trabalha para tê-la a seu lado, cobrindo-a de mimos no RN e em Brasília, abrindo portas no governo do qual partidariamente a prefeita, Rosalba e Carlos Augusto Rosado são adversários.

Não nego, não disfarço ou crio qualquer subterfúgio para parecer imparcial na análise de Fátima e seus asseclas quanto ao aspecto político. Mantenho o que tenho comentado há vários anos: são um atraso e jogam Mossoró na “Era das Trevas”, além de trincar as quatro pilastras que sustentavam a mitologia do clã Rosado – a capacidade administrativa, o espírito público, a vocação política e a ética.

Entretanto não é sob a lente de minha vontade particular que analiso o cenário. Trato como ciência política.

Essa facção quer sobreviver por pelo menos mais alguns anos e sabe que Rosalba e Carlos aguardam tão-somente a oportunidade de enxotá-los para longe, via governo do Estado em 2010.

O chamado “fafaísmo” prcura se fortalecer com mais mandatos e alongamento de sua estada no topo. Se tudo continuar como o script, a prefeita ficará na prefeitura até 31 de dezembro de 2012. E depois?

Se for cassada aí a implosão é antecipada. O que sobrar vai pro lixo da história.

O canal está aberto com o PMDB e a liderança consistente de Henrique, tido como homem de compromisso, articulado e influente.

É pegar ou largar. Há tempo para o ata ou desata até 2010.

Foto: (Ricardo Lopes)

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. karly Robson de Sousa Pereira diz:

    Brilhante raciocínio Carlos Santos.Pensa besteira quem enxerga Henrique e Garibaldi separados em um pleito político.Eles convergem no termo “aluizismo”e seguem matreiramente como um rio dicotomizado,atravessando terrenos diferentes,mas com certeza estarão juntos na foz,quando chegar a hora de adentrarem o oceano das possibilidades.Geograficamente seria os rios Tocantins e Araguaia,paralelos,porém,mergulham junto no mar.

  2. Valtércio Anunciato Da Silveira diz:

    Que pena, não fosse sua inoperância aliada à interferência direta do GUGU salgado, teria tudo para ser uma grande Política.
    Coisas da vida.

  3. Ana KAtarina Gurgel diz:

    Excelente leitura analitica!!!!
    Parabens!!!

  4. Rui Nascimento diz:

    Carlos, seu comentário é uma aula da história politica recente desta cidade amada por todos nós. Só espero que se tiver de ir algo para o lixo (da história), que seja o mais rápido possível, para o bem de Mossoró.

  5. Xyco Theophilo diz:

    Carlos Santos Voce hoje faz a melhor leitura do ambiente politico do RN. Por isso continuamos sendo seus leitores diarios. Um forte e fraternal abraco. Sarava Xyco Theophilo. Temos, nosso Nucleo De Engeharia Politica – NEP – um parte pris nessas viradas historicas que voce muito bem analisa. .

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