Por Odemirton Filho
Aprendi a dirigir nos carros que faziam as entregas dos pães da padaria do meu pai. Eram duas ou três Kombis e uma Brasília amarela. Sim, amarela. Eu pedia aos motoristas, e eles me ensinavam a guiar, pois não havia autoescola. Isso, lá por meados dos anos oitenta.
A fiscalização de trânsito era quase inexistente, raramente havia uma blitz; além do que os arroubos da adolescência não conheciam o medo. Naquela época, não havia a variedade de modelos como temos hoje em dia. E eu, como qualquer adolescente, tinha o sonho de possuir carros possantes. O Gol GTI era o meu sonho de consumo.
Existiam outros modelos, a exemplo do Escort XR3, conversível, e o Uno esportivo. Meu pai teve, que lembre, uma Parati e, posteriormente, um Santana, bons carros, com motor 1.8. Entretanto, raras vezes ele me permitia dirigi-los. Então, contentava-me em dirigir a Brasília ou um Buggy, primeiro um Baby, depois, um Sabre, fabricado em Mossoró.
Quem tinha grana, ostentava com um Del Rey ou um Monza. Meus amigos andavam de Chevette e de Passat. Andávamos, também, no Fusquinha de um amigo mais velho, ele nos levava para conhecer alguns locais proibidos para menores de dezoito anos.
Tempos depois, meu pai comprou um Fiat 147, 1982, da cor verde. Foi o meu xodó. Eu o equipei com rodas grandes, um som roadstar e um equalizador. Apesar da caixa de marcha não ser essa coisa toda, eu tava feliz da vida. Acho que quem possui automóvel, lembra de algum carro de “estimação”.
Em menino, lembro que rua do Cine Pax havia apresentações, vez ou outra, de carros de concessionárias. Os pilotos davam um show, faziam manobras radicais, encantando quem ali estava. Eu ficava embasbacado.
Sobre o tema, aproveito para compartilhar uma curiosidade histórica: o primeiro carro que chegou à cidade de Mossoró foi um veículo de fabricação alemã, no dia 11 de maio de 1911, comprado pela firma Tertuliano Fernandes e Cia. Era equipado com capota desmontável, buzina externa, caixa de ferramentas no estribo esquerdo, bem como, manivela, rodas com aros de madeira, motor de 40 cavalos, com oito lugares.
O fato é que desde sempre fui apaixonado por carros, antigos, sobretudo. Opala e Maverick eram carrões, bebedores de gasolina. Acho bacana quem coleciona carros, como hobby. Dia desses, fui a Gramado, no Rio Grande do Sul, e vi uma exposição de exemplares antigos, inclusive, carros americanos, enormes. Fiquei maravilhado, parecia um menino numa loja de brinquedos.
Como não tenho dinheiro comprar carros antigos, coleciono miniaturas, principalmente os clássicos; tenho pra mais de cem carrinhos. E o mais interessante é que quando vou a uma loja de brinquedos parece que a criança sou eu, pois tenho que me segurar pra não sair com mais uma ruma de carrinhos.
Se pudesse voltar no tempo? Ah, certamente eu gostaria de dirigir o Fiat 147, no qual tanto passeei pelas ruas de Mossoró nos tempos da minha juventude.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Querido amigo Odemirton Filho, bom dia. Mais uma vez, para variar, você tira das mangas do tempo uma crônica inescapável. Eu, porém, naqueles anos 80, tinha um sonho de consumo mais modesto: uma Monark BMX. Mas nunca tive esse gostinho na minha meninice. Uma ótima semana para você, meu amigo. Abraço.
Caro Marcos Ferreira, relembrar fatos me faz um bem danado, pois são lembranças de tempos bem vividos.
Um forte abraço, meu querido.
Odemirton, e o primeiro carro de praça? É tema para outra crônica. Fico no aguardo para leitura.
Um resgate histórico interessante, meu caro Júlio. Vamos tentar.
Abraços!
Tenho como sonho de consumo um dia desses possuir um Maverick daqueles envenenados ditos de oito bocas, voraz em consumo de gasolina potencializadora de formidáveis arrancos e “ciscadas” de queimar pneus em asfalto CBUQ (Cobalto betuminoso usinado à quente) – Aquele próprio para a prática esportiva de loucas e velozes corridas. Eita que matuto que gosta de caminhar pelas oníricas paralelas do consumismo dialético. Pelo jeito presente em minhas Franciscanas finanças, só me resta a ingente e provinciana resignação de caboclo sorumbático e cismado com tudo e com todos, rangendo a merencória porteira da precisão pelas ruas, Vias e Vielas da vida. Fazer o quê ?. Vida que segue.
É isso aí, meu dileto Marcos Pinto.
Abraços!