Por François Silvestre
Imenso na geografia, na vastidão da natureza, na cultura popular, o Brasil é um pigmeu político. Grandioso na arte. E rico nos folguedos. Mais ou menos no esporte, menos que mais no futebol. Tudo contido na vastidão de uma infinita teia de hipocrisia.
Historicamente duvidoso, juridicamente inseguro, socialmente injusto, culturalmente abandonado.
Até a democracia, no Brasil, ganhou contornos que desmerecem os clássicos conceitos de liberdade e justiça.
Eleições livres? Sim e não. Livres na forma da Lei. No aparato formal, na lisura da apuração. Não se nega.
Mas a liberdade é muito mais do que isso. Eleição realmente livre não se atrela ao poder econômico. Não depende de quem detém o poder, principalmente nos municípios, onde a dependência da população é quase insuperável.
Há exceções? Sim. Porém, o raciocínio analítico sustenta-se na regra. Mesmo reconhecendo as exceções.
E é com o arrazoado do excepcional que temos visto e lido todo tipo de constatação sobre o resultado dos pleitos. Das constatações pueris aos argumentos mais fronteiriços da asneira. Quem legisla sobre eleições não consegue vencê-las sem o abuso econômico. E o pior, sem corrupção.
Uma coisa é certa: O Brasil vive um dos seus momentos históricos de maior pobreza doutrinária. Aqui a palavra pobreza sai do campo da exceção generosa para a regra generalizada. E a pobreza é doutrinária porque as ideologias vigentes e praticantes são estuários da estupidez.
Pobreza política, institucional, social, econômica. Saímos de uma vasta mentira de inclusão social. Esmola sob a farsa dessa “generosidade”, que era apenas um projeto de poder. No processo de esmolar, só o doador se sai bem. Pois faz a catarse de consciência e aquieta o necessitado
Quando cessa o efeito da esmola, o “status quo” anterior retorna com mais violência e mais pobreza. Cessa o efeito, renasce a causa.
Abstenção, voto branco ou nulo, conscientemente, tem a força da contestação. Infelizmente, num país nivelado pela mediocridade de cidadania, fica difícil aquilatar o nível dessa consciência.
O voto obrigatório é uma demonstração de que nem os políticos nem a Justiça Eleitoral confiam no próprio taco. Na Democracia respeitável, o voto é direito e não dever.
Mediocridade política e institucional; na vida pública e privada, onde o que é privado se locupleta na teta pública, e o que é público se completa na privada. Com todos os sentidos.
A Petrobrás foi assaltada com uma brutalidade que a corrupção superou a si mesma. Caiu o mito da eficiência privada, com a constatação da roubalheira praticada por grandes empresas, cooptadas pelo poder público larápio.
No Brasil, até os banqueiros recebem esmola pública. Em bilhões, é verdade, mas esmola. Não é dinheiro ganho com trabalho ou produção.
É esse o nosso tempo. Sem segurança, sem saúde, sem educação. Sobra a ideologia da estultice e da mediocridade!
Té mais.
François Silvestre é escritor
Obrigado por fundamentar brilhantemente a causa da minha “depressão”!
Há tempos… não lia algo tão lúcido, de maneira tão sucinta, e para minha tristeza, tão verdadeiro.
Como é prazeroso ler um texto bem escrito! Sempre entro nesse blog porque gosto muito dos textos de Carlos Santos, das suas opiniões a respeito de diversos assuntos, porém no domingo acesso quase como uma obrigação pra ler François Silvestre, que escreve como ninguém. Parabéns aos dois!
Todos os aspectos que foram motivadamente assinalados pelo Mestre François Silvestre, salvo o que denominado de bolsa esmola junto aos excluídos, ocorrem e ocorreram de uma forma ou de outra em seus altos e baixos desde o ano de 1500.
O fato é que, não obstante todos os senãos supra e hiperdimensionados pela mídia tendo resultado prático exatamente o investido e pugnado pelos golpistas, ou seja a destituição dp PT e da Presidenta DILMA ROUSSEF. No caso, oportuno demarcar, que, não fora a chegada do PARTIDO DOS TRABALHADORES ao poder institucional do País do Jeitinho e da Terra de Pindorama, jamais, tais e cotidianos fatos, acontecimentos e ocorrências viriam à tona. Posto que, em tempo algum a extrema direita permitiu, perimitiria e (ou) permitirá investigação e, muito menos punição junto aos seus, a partir de delitos e desse ou daquele ilicito, porventura cometido pelos do expectro político à lá extrema direita.
Nesse conctexto, ante todas, repise-se todas as inações, inércias, omissões e (ou) quem sabe, simples e oportuna letargia política da grande massa. Torçamos para que, ao fim e ao cabo, o processo dito democrático aqui existente, nos moldes e através da democracia representativa, continue, e, por conseguinte, tenhamos pelo menos do ponto de vista pedagógico, algum aprendizado na hora e instante maior da cidadania, o voto.
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.
Grau de excelência para o texto. François Silvestre, tudo tão verdadeiro…você é brilhante!