domingo - 17/08/2025 - 10:38h

O misto de Zé Tomás

Por Odemirton Filho

Caminhão misto da década de 40 (Foto: Notícias do Sertão)

Caminhão misto da década de 40 (Foto: Notícias do Sertão)

Um dia desses conversando com o meu sogro, ele me contou a história de quando ia à cidade de Macau, no misto de Zé Tomás. Disse-me que a viagem era demorada, pois a estrada era de terra, e o misto ia parando de comunidade em comunidade, numa luta medonha até chegar ao destino. Saíam de Mossoró às 13h e chegavam a Macau por volta das 21h.

O misto, para quem não sabe, é um caminhão que na sua carroceria havia alguns bancos para o transporte de passageiros. Transportavam-se crianças, adultos, galinhas, cachorros, além das bagagens. Era o transporte comum de outrora, pois inexistiam ônibus ou carros de pequeno porte fazendo linha para o interior. Transporte por aplicativo? Ora, ora, isso é coisa de pouquíssimo tempo pra cá.

Nessa árdua jornada, até chegar ao destino, o misto parava em várias localidades. Segundo o meu sogro, o lastro do automóvel era carregado de macambira, sendo necessário apear os passageiros e as bagagens para descarregar a macambira que seria entregue nas fazendas e nos sítios, o que tornava a viagem bastante demorada e cansativa.

Lembro que, ao lado da igreja de São Vicente, no centro de Mossoró, havia também um misto que diariamente fazia o transporte de passageiros, porém, não me vem à memória o nome do condutor e qual o era o seu destino; isso lá pela década de oitenta.

Outro meio de transporte que também fez parte da cena urbana de Mossoró foram os ônibus de Belmont. Como a frota era antiga, aqui e acolá os ônibus davam o “prego” no meio do percurso, fazendo com que os passageiros tivessem que chegar ao destino “pegando” carona.

Na subida para o alto de São Manoel, próximo a ponte, em outros tempos as pessoas ficavam esperando carona para voltarem para as suas casas; as bicicletas e as carroças faziam parte do nosso cotidiano e, com o tempo, as motocicletas tomaram conta da cidade. Hoje, está tudo mudado; o trânsito cada vez mais caótico.

Eis, portanto, mais um pedacinho da história de Mossoró. E você, já viajou no misto de Zé Tomás? Ou andou nos ônibus de Belmont?

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    …E por falar em Misto, ainda tive o prazer em viajar nos três Caminhões-Misto que marcaram o cotidiano das esteadas pieirentas que ligavam as regiões Oeste e Limoeiro do Norte-CE à Mossoró. Nos dias de Segunda-Feira saíam dois famosos Caminhões-Mistos das cidades de Apidi e Felioe Guerra-RN teansportando garajais de galinhas, porcos, caprinos e ovelhas para a Feira Livre de Mossoró, De Apodi saía o Misto do Sr. DERIM Leite, e de Felipe Guerra o famoso Misto do Sr. Dequinha. À propósito, em um dos notaveis vídeos-docunentários denominados de “MOSSORÓ DE TODOS OS TEMPOS”, criados, dirigidos e Editados pela fantástica Jornalista Lúcia Rocha, o lépido e fagueiro Salvador Marinho andou descobrindo uma das muiras estrwpolias por ele protagonizadas. Contou que sempre viajava “in riba” da carriceria do misto , “pastorando” o seu garajal de galinhas a serem vendidas na Feira-Livre em Mossoró. Astuto, como sempre, não descia na parada costumeira no sítio Jucuri, à época com cerca de cerca de dez humildes casebres de taipa, destacando-se o famoso Café de Sêo Chico do Jucuri, lugar de parada costumeira para idas ao mijatório. Ocorre que os donos dos garajais de galinha desciam, vsendo certo que o astuto Salvador Marinho optava por não descer, pastorando o seu garajau. Matreiro, ás vezes encontrava uma ou duas galinhas mortas, sabe-se lá de que. Sorrateiramente, colocava as duas galinhas mortas no garajau de outro vendedor, e pegava duas galinhas vivas e punha no garajau bDepois de certo tempo . Os vendedores estranharam o estranho fato de nunca morrer galinha de Salvador Marinho. Com a cerrada vigilância, passou a constatar-se morte nas galinhas do esperto Salvador. Historias que o tempo leva…

  2. Marcos Pinto. diz:

    Até cerca de 10 anos atrás o famoso MISTO DE Sêo Raimundinho fazia a linha Limoeiro do Norte-CE à Mossoró. Tuve o prazer em viajar neste aludido Caminhão-Misto. Naquela época o percurso era muito difícil no trecho que comprendia do Entroncamento da BR-405 na Comunidade do Jucuri, quando tem ninício a poeirenta Estrada de Rodagem de piçarra, com vários atoleiros durante rigorosos invernos. Era numa verdadeira Epopéia o enfrentamento deste trajeto, inaufurado de forma precária como Estrada Carroçável no distante ano de 1915, absorvendo mão–de-Obra de eswualudos sertanejos, ditos Retirantes, oriundos de longínwuos lugares. Esta Estrada de Rodagem antigamente e até hoje recebe a denominação toponímica de “ESTRADA DO CAJUEIRO”. Com certeza, devia existir esta árvore frutífera em seu trajeto original. No túnel do tempo lá se vão muitos anos. Ainda páiram nos antigos alpendres sertanejos muitas histórias protagonizadas pelis antigos Comerciantes wue varavam estes inóspitos sertões conduzindo seus Comboios de “animais de carga”, destacando-se os memoriais “Carros-de-bois”, com seus rangeres tristonhos quebrando o silêncio sepulcral dos sertões, naqueles tempos difíceis. Os luvros da história econômica nordestina abrem lastimosa lacuna quanto á luta medonha dos antigos Almocreves.

  3. Marcos Pinto. diz:

    Em adendo : …absorvendo mão-de-Obra de esquálidos sertanejos.

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