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domingo - 10/09/2023 - 04:34h

O país da piada que…

Por François Silvestreesquerda e direita em Brasília, congresso nacional

..qualquer um apronta!

Quando se formou, de antanho, uma divisão ideológica no Brasil, pós independência, a política dividiu-se entre Conservadores e Liberais. Tudo antagonicamente de outrora como se fosse um daguerreótipo de agora. Como aquela informação de um português, após a invasão napoleônica em Portugal, com a fuga covarde da corte portuguesa para o Brasil, “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Foi a resposta dada, quando alguém perguntou o que havia mudado.

Pois bem. Nossa primeira divisão foi essa, apelidados os conservadores de Saquaremas e os liberais de Luzias. Dos conservadores, o apelido veio das reuniões do partido na cidade Fluminense, do mesmo nome. Saquarema. Dos liberais, o apelido remontava à revolta liberal de Santa Luzia, vila mineira, em 1842.

Até durante a regência do Padre Feijó, essa era a moeda ideológica de duas faces. Ou da mesma face. Depois veio a divisão de progressistas e regressistas. Também ficou tudo “como dantes no quartel de Abrantes”.

Francisco de Holanda, Visconde de Albuquerque, político pernambucano, cravou a máxima insubstituível: “Nada se parece mais com um Saquarema do que um Luzia no poder”.

Perfeito e atual. Hoje temos esquerda e direita. Temos mesmo? De discurso, bem distintos. De palavreado, também. Opostos, e na fachada, antagônicos. Mas, porém, entretanto, mas porém, há muita diferença? Hein, Visconde? Vejo não.

Na maluquice das ruas, são diferentes. Os de cá, da planície, são diferentes. Uns idiotas invocam um deus dos pilantras. Uma pátria nas nuvens. Uma família de castos. Doentes morais. Outros, fanáticos ou não, contestam e professam uma democracia de opinião. Não é democrata se não pensa como eu.

Ambos os lados de uma moeda idiotizada. Há diferença no trato com as liberdades fundamentais? Sim. Posto que os idiotas do fanatismo fascista oferecem essa diferença. O bolsonarismo está fora do contexto, incomparável no abismo da estupidez. Chega a salvar Plinio Salgado.

A verdade? Taí. O poder. Saquaremas e Luzias. Semi quase idênticos. Qual a diferença no quartel de Abrantes? Havia o orçamento escroto e secreto. Agora mudou o que? Deixou de ser secreto. Continua escroto. Com minhas desculpas à orquídea, que significa pequeno testículo.

Nada se parece mais com a direita do que a esquerda no poder. Se me permite o Visconde esse plágio. Fui jornalista, tempos de chumbo. Porém, luzia de opinião e esquerda de coração.

François Silvestre é escritor

 

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Lair Solano Vale diz:

    Ótimo texto. PARABÉNS!

  2. Rocha Neto diz:

    Olha só a ironia do destino, Saquarema será internado amanhã para fazer cirurgia, já pro dia 29 do mês fluente Luzia tem agendada uma cirurgia também.
    Eita Brasil velho de guerra e xiitismo burro!!!

    Mestre François, grato pela peça em tela, uma aula magna!

  3. Marcos Araujo diz:

    Mestre François, texto excepcional, fruto de uma mente genial!
    Tirocínio político e consciência crítica incomuns nesses tempos de idiotia coletiva.
    Sou admirador da sua inigualável escrita deste a publicação de “A PÁTRIA NÃO É NINGUÉM”, cujo exemplar recebi das mãos de Joaquim Neto (Carroceria Vicunha), nosso amigo comum.
    Forte abraço!

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