sábado - 05/12/2009 - 13:41h

O placar da promiscuidade e o futuro partidário

O jogo está literalmente empatado. Mensalão e cueca com dinheiro para cada lado. Temos aí um severo 2 x 2.

Ninguém pode empinar o dedo ante o nariz alheio. Ambos estão sujos. Exalam um péssimo odor.

Essa a prévia da campanha eleitoral de 2010, observando-se o cenário nacional, com a rivalidade entre o PT x PSDB/DEM.

Há quem pregue o fim de qualquer tipo de discussão sobre ética e costumes administrativos. O tema seria proibitivo e o próprio povo indisposto a ouvir qualquer argumento ou pregação sobre questões dessa ordem.

Seria o fim do pluripartidarismo, esse modelo que foi resgatado ao final dos anos 70 no processo de "redemocratização" do país?

Não creio. Talvez seja uma boa hora para zerar e recomeçarmos.

Não concordo com teses, discursos e números enviesados que procuram mostrar nossa falta de tradição partidária. Não é por aí. O que não possuímos é longevidade democrática e reverência às leis.

Temos pouco mais de 509 anos de história formal e 120 anos como República. Desse espaço de tempo, o período de maior estabilidade de um sistema parecido com democracia, é o que experimentamos desde 1989, a partir da primeira eleição presidencial após o regime militar de 1964.

É muito pouco para termos a ousadia de proclamar que vivemos num Estado Democrático. Fazemos parte de um simulacro disso, mas estamos num bom caminho, apesar dessa abundância de escândalos.

Pagamos o preço pelo longo "apagão" político promovido por militares e alguns civis. O que sobrou dessa época, boa parte continua aí. Herança maldita em forma de gente e hábitos que antes eram camuflados pelo arbítrio.

O caos pode ter o papel de um "Big Bang", criando as condições à formação de um novo universo político-eleitoral-social brasileiro. Contudo, é impossível que testemunhemos o nascimento dessa ordem, com os mesmos personagens que há décadas infelicitam a nação.

Partidos são organizações civis, como clubes de futebol, sindicatos etc. São formados por gente. Pena que os principais líderes dessas instituições partidárias, não passem de mafiosos, oligarcas, patrimonialistas e bandidos reles.

Com essas figuras, não há partido que resista. Como no futebol, se está ruim algo precisa ser feito: muda-se o técnico, um jogador, o time inteiro ou a diretoria. Na política a regra não deve ser diferente.

O Brasil paga preço oneroso por manter esses predadores em evidência, no topo do Olimpo. Com essa récua, não há reforma partidário-político-eleitoral. Se mudar, estão fora.

Com Arruda, Sarney, Dirceu, Calheiros e outros não há mudança.

Contudo qualquer alteração de rumo passa pela base, pela massa aqui embaixo. O que ela enxerga acima é um pouco do seu auto-retrato.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. jb diz:

    Após 15 anos de Social-Democrácia(?) no Brasil é este o legado que PSDB e PT nos deixam. Se nós libertamos da pobreza econômica(?) ainda somos segundo o Prof Pedro Demo vítimas da pobreza política, segundo Demo “Pobreza política é o resultado do cultivo da ignorância, a condição de massa de manobra, na qual a pessoa é manipulada de fora para dentro, geralmente sem perceber. Em vez de apostar na emancipação, acomoda-se na ajuda externa, nas recomendações do próprio algoz, na boa vontade da causa principal da manipulação. Não nega a exclusão material, apenas aponta para seu núcleo político principal, ou seja,a destituição da condição de sujeito para que se fixe como simples sujeito de manipulação. O atual discurso sobre solidariedade pode conter esse efeito imbecilizante: além de ser tendenciosamente o discurso dos dominantes, não passa de ajuda residual. DIFICILMENTE IMPLICA EMANCIPAÇÃO E AUTONOMIA DAS POPULAÇÕES PERTINENTES”. Ainda segundo Demo “Questiona-se a proliferação atual de políticas sociais “mínimas”, do tipo “renda mínima”, porque a cidadania exige o “necessário”, não o mínimo. Solidariedade mínima tornam as pessoas ainda mais “mínimas”.

    Fonte: Solidariedade como efeito de Poder. pág 34

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