domingo - 04/08/2013 - 11:00h

O que impressiona na crise do RN

Por Honório de Medeiros

O que impressiona, nessa crise no Estado do Rio Grande do Norte, é:

(1) o isolamento do Poder Executivo Estadual face aos outros poderes e à Sociedade;

(2) a incapacidade de previsão do Poder Executivo em relação à queda de arrecadação, claramente delineada anteriormente pela crise econômica mundial e nacional;

(3) a falta de critérios do Poder Executivo quando corta gratificações de servidores públicos, mas não corta secretarias desnecessárias e cargos em comissão irrelevantes;

(4) o deliberado alheamento dos outros poderes, incluindo Tribunal de Contas e Ministério Público, em perceber que o corte linear tem que atingi-los, pois sua necessidade é óbvia, contingencial e se impõe a todos, não somente ao Executivo, principalmente porque eles são co-responsáveis pelo quadro atual;

(5) a ausência de medidas por parte dos órgãos responsáveis no sentido de punir as ilegalidades cometidas pelas autoridades que permitiram a atual circunstância de natureza econômico-financeira;

(6) a impossibilidade, gritante, até agora, dos líderes do Estado, em perceberem que a situação afeta todos, indistintamente, embora de forma mais dura, à população mais humilde.

As elites políticas do Estado não perceberam, até agora, que o problema não é somente financeiro. É político, econômico e financeiro. O atraso no pagamento da folha de pessoal repercute diretamente em um contingente expressivo da população do Estado.

Se para cada servidor atribuirmos cinco outras pessoas que indiretamente sobrevivam de sua remuneração teremos, no Rio Grande do Norte, aproximadamente 700.000 em um total de um pouco mais de 3.000.000 de habitantes.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Estado do RN

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Italo Gomes diz:

    Parabéns, professor Honório, por tão lúcido comentário.
    Não há dúvidas de que o orçamento foi montado em cima de bases inexistentes, com previsão fictícia de receitas. Isto é crime. Para o ICMS, por exemplo, previu-se um crescimento de 15%. Não havia base para tal previsão. A economia já dava sinais claros de queda. Tal manobra serviu para encobrir margem suficiente para obter os financiamentos junto aos organismos financeiros. Além de ter folga orçamentária para não se sujeitar à Assembleia Legislativa, em caso de suplementação. Esta é a realidade nua e crua. O desgoverno rosado levará o RN ao fundo do poço. Esperem a comprovem!

  2. carlos chavez diz:

    de forma bem simples, os servidores da “Justiça” e do MP devem se amoldar a realidade brasileira. Como pode um servidor de nível médio ganhar 5, 10 mil reis ? O Brasil precisa dá um basta a essa situação, acabando com esses marajás, que pouco trabalha e ganha rios de dinheiro ! Enquanto isso, um professor ganha pouco mais de dois salários mínimos ! Esse país de merda só vai tomar jeito quando cabeças começarem a rolar !

  3. RC 50 diz:

    ASSESSOR DE GARIBALDI DISPARA EM DIREÇÃO AO CHANCELER RAVENGAR,SENHOR DA VIDA E DA MORTE DO POVO DO RN! SALVEM-SE QUEM QUISER!
    //jornaldehoje.com.br/carlos-augusto-e-autoritario-centralizador-e-desatencioso-dispara-ex-assessor-de-garibaldi/

  4. Gilmar diz:

    Em relação ao 3º item, digo: Não há falta de critérios, ao contrário, é uma medida bastante criteriosa em relação aos propósitos do grupo. Eles não foram eleitos para isso. Poucos(o grupo e seus cabos eleitorais) já têm essa certeza. Muitos são iludidos.

  5. Gilmar Henrique diz:

    Em relação ao 4º e ao 5º pontos, destaquei, a seguir, dois excertos do texto “Movimentos Sociais: definições e causas” que foi redigido para ser distribuído na manifestação do Marcha por Mossoró , em março pretérito. Leiamo-los:
    Nas sociedades democráticas, os movimentos de reforma geralmente acontecem quando os representantes do Poder Judiciário em suas várias Instituições Jurídicas dispersas em todo território nacional “abdicam de suas supostas responsabilidades” (mas não de seus vencimentos e regalias – jamais) e se tornam coniventes com as improbidades praticadas pelo Executivo, gerando, dessa forma, condições sociais anômicas. …

    … Assim, num sistema social anômico, todos são afetados de uma forma ou de outra. Se, por um lado, o peculato, o patronato, o nepotismo, o favoritismo e outras improbidades administrativas são os expedientes comumente utilizados, à revelia da lei, pela elite dominante para conferir privilégios a si mesma e promover agraciados; por outro, eclodem a revolta, a violência, os assaltos, a péssima qualidade dos serviços públicos, a apatia política e outras “sortes” adversas que desestabilizam a ordem social, tornando-a anômica, injusta e, consequentemente, doentia.

  6. Marcos Pinto. diz:

    As contextuais palavras do Prof. Dr. Honório de Medeiros refletem a mais cristalina realidade política e administrativa potiguar. É um perfeito raio-x desse configurado caos administrativo. Uma lástima, pois.

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