Por Inácio Augusto de Almeida
Houve um tempo que fumar era charmoso. Nos filmes que via no PAX apareciam mulheres com enormes piteiras e o cigarro. Eu nem desconfiava que aquilo era propaganda para induzir as mocinhas ao vício do tabagismo.
Os rapazes eram influenciados por um cowboy, que de cigarro no bico, montado num cavalo, dizia que os homens se encontravam no Arizona. Se não era isso que o homem dizia era alguma coisa parecida.
Com os anos os detalhes vão se perdendo na memória que aos poucos o mal do alemão vai consumindo. Como não sei pronunciar Alzheimer uso o recurso ‘mal do alemão’.
Nos carnavais as marchinhas de sucesso eram OLHA A CABELEIRA DO ZEZÉ, do Roberto Kelly; e a MARIA SAPATÃO, do Abelardo Barbosa, CHACRINHA.
Fico a imaginar se estas marchinhas de carnaval tocassem hoje…
Drogas se ouvia falar numa tal de maconha. E quem usasse sofria uma exclusão do grupo e passava a ser chamado de maconheiro. Até o nome perdia. Cocaína? Nem se sabia da existência.
O que a turma gostava mesmo era de Cuba Libre e Hi-Fi. Cuba Libre era Rum Montilla com Coca Cola e Hi-FI uma mistura de Vodka com Crush.
Para os desabonados, assim eram chamados os lisos, existia o Samba em Berlim, uma dose de cachaça com Coca Cola.
Tempos bons, tempos que se ouvia Nelson, Anísio, Cauby, Ângela e Núbia. Tempos da Lambreta rivalizando com a Vespa e as aventuras acontecendo lá onde hoje é a Caern.
Tudo mudou. Careta é o não usuário de droga. Espanto a ninguém causa a inversão dos costumes e trisal deixou de ser muito sal na comida.
O vestibular foi engolido por um tal de ENEM e já não existem os cursinhos preparatórios para os concursos do Banco do Brasil e da Academia Militar das Agulhas Negras.
Novos tempos, tempos onde a inversão de valores se agiganta, tempos onde qualquer condenado por prática de corrupção recebe mais respeito da sociedade do que um pobre e honrado trabalhador. Tempo do TER.
Tempo dos valores invertidos.
Tempo de fingir que de nada sabe, porque saber se tornou perigoso.
Brasília finge não saber que a miséria e o atraso se agigantam por conta da corrupção alimentada pela impunidade.
Tivesse eu algum apoio ou recursos próprios, faria um filme mostrando O BRASIL QUE BRASÍLIA NÃO CONHECE.
No filme mostraria crianças nuas, por falta de um calção para vestir, estendendo a mão nas estradas sonhando conseguir alguma migalha para mitigar a fome e continuarem vivos.
Mulheres com criancinhas famintas nos braços e sem leite no peito para amamentar.
Criancinhas que não choram, apenas nos olham cravando em nossos corações a culpa da nossa covardia.
Brasília fala em saneamento básico para fingir que desconhece a falta de aparelho sanitário nas casas destes pobres.
Brasília fala em vale gás para nos passar a ideia de não saber que os miseráveis não têm fogão e nunca viram um botijão de gás.
Quando algum caroço de feijão cozinha é entre três tijolos protegendo o fogo de gravetos.
Brasília finge desconhecer a corrupção praticada pelas administrações municipais porque só está interessada nos votos do povo miserável, que tangido será por corruptos que tudo furtam, a neles votar e assim manter este esquema imundo funcionando a pleno.
Infelizmente vivemos a época do fingir.
O tempo muda tudo.
Inácio Augusto de Almeida é escritor e Jornalista
Foi assim, e é assim. Perfeito esse texto.
Caro Inácio. Me permita-me um adendo à sua bela e necessária crônica. Obrigado pela permissão.
Paladino, você esquueceu que tatuagens só eram vistas em corpos e caras de bandidos de alta periculosidade, e mulheres que saiam às ruas mostrando bundas e peitos, eram consideradas (por homens e mulheres) ‘raparigas baratas’ que faziam ponto no ‘rasga’ do Alto do Louvor.
Um abraço e uma semana bem ‘Moro’ pra você.
P. S – Não custa nada se vacinar contra a gripe, contra o coronavírus, contra ladrão e loucão.
IMUNISE-SE E MANTENHA AFASTADO TODOS ESSES MALES.
Ops! Imunize-se.
Você mesmo respondeu sua pergunta. A tatuagem naquela época não era vista com bons olhos, daí eu não me lembrar de tatuagem. Vivi num ambiente pobre, ainda vivo, mas de trabalhadores e estudantes. Veja o que escrevi a respeito das drogas na crônica que vocè leu.
Hoje é comum ver jovens e até velhos sassariqueiros exibindo suas tatuagens.
O TEMPO MUDA TUDO
Caro Inácio de gargalhada fácil.
O nosso! Nobre editor falou uma coisa que não me sai do quengo.
“Não bula com os meus que não bulo com os seus “.
PS. Bulir fui eu que usei.
Próximo ano tem eleição, tudo vai mudar! Kkkkkk
Me desculpe Nobre Editor; mas p…tá que p…riu!
Tens esperança? Eu não!
Um abraçaço!
Se faça de doido, Inácio, que é melhor. Ei, cadê o Ruy Barbosa mossoroense?
PAI, PERDOAI-LHES, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM.
Beleza, Sr.Inácio. Tempos saudosos de boas músicas e boas lembranças. O momento atual perdeu o romantismo. Letras de músicas sem conteúdo. Cuidados com a saúde desperdiçados em bailes de muitos e fome de muitos mais.
Obrigado por ter gostado da crônica.
A senhora falou em desperdício de saúde em bailes e eu me leembrei que nunca dancei. Nem eu nem nenhum dos meus irmãos ou filhos. Minha saúde se foi desgastada por uarga de trabalho acima do normal. Comecei aos 14 anos e de ajudante de pedreiro a vendedor de pipoca fiz de tudo. Aos 18 entrei a FAB onde cheguei a trabalhar durante 48 horas seguidas na manuteção de Catalinas que precisavam ficar disponíveis para o voo o mais rapidamente possível. Isto consta no meu histórico militar. Depois, sempre submetido a jornada dupla, faculdade, jornal e FAB, a saúde se desgastou rapidamente. Além do emocional abalado por perteriçôes para promoção, mesmo classificado no escelente comportamento, por ter recusado a ser informante na época da faculdade.
Minha saúde não foi gasta em bailes. Dois filhos adultos emancipados e por aí a coisa segue.
O resto da história é do seu conhecimento.
A crônica do próximo domingo está supimpa. KKKKKKĶ