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domingo - 21/03/2021 - 11:04h

“O Touro”, “o Capim” e o quase apoio de Quincas Bem

Campanha política nos anos 60, em MossoróPor Paulo Menezes

Vez por outra me vem à lembrança a figura estimada de João Fernandes, cidadão de bem, comerciante importante, muito equilibrado financeiramente, querido por todos e muito conceituado em toda cidade de Mossoró.

Ocorria que em finais de semana, principalmente, gostava de tomar “umas e outras” e quando bebia, era o rei das presepadas. Nos bares por onde andava, ao  ser atendido pelo garçom sempre pedia “seis abertas”.

Seus companheiros de farra mais frequentes eram Mário Paula e Lenilton Moreira Maia.

Houve uma época, final da década de 1960, em que o mestre de obras e construtor Joaquim Alexandrino Saraiva, conhecido popularmente por Quincas Bem, resolveu ser candidato a prefeito de Mossoró. Os outros postulantes com real chance de vitória eram Jerônimo Vingt-Un Rosado Maia (O Touro), candidato da tradicional família Rosado e Antônio Rodrigues de Carvalho (O Capim), que já havia sido prefeito da cidade no período de 1958 a 1962.

Nessa nova campanha, Toinho, o Capim, teve o apoio decisivo de Aluízio Alves, grande líder político do estado e ex-governador.

A campanha de Quincas Bem não empolgou as massas. O ajuntamento de pessoas para ouvi-lo era cada vez menor. Seus eleitores eram sempre quatro “gatos pingados”. Nada mais que isso.

Num desses “comícios”, vindo de uma grande farra se aproximaram do palanque três amigos do candidato: João Fernandes, Lenilton Moreira Maia e  Mário Paula. Todos, logicamente, “daquele jeito”.

Foi quando o locutor anunciou com forte vibração a mais nova adesão a Quincas Bem. Ele mesmo… João Fernandes. Seria um apoio à candidatura esvaziada do candidato que concorria em faixa própria na campanha daquele ano de 1968.

João Fernandes foi anunciado como o próximo orador. Com rosto fechado, cara de estadista, subiu ao palanque e pegou o microfone com o fervor de quem manuseava um copo de cerveja.

Suas palavras foram curtas e definitivas:

– Mossoroenses, temos três candidatos a prefeito na eleição que se avizinha, dentre os quais a figura do meu amigo Quincas Bem. Homem digno, trabalhador e honesto. Apesar disso, comunico a todos que vou votar no “Touro”, mas quem vai ganhar é o “Capim”.

Foi aquele alvoroço e espanto no palanque e entre partidários do candidato, que acompanhavam a movimentação política.

O “Capim” realmente ganhou a disputa eleitoral por 98 votos de maioria, na campanha política mais acirrada de todos os tempos na terra de Santa Luzia.

Paulo Menezes é meliponicultor e cronista

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Fernando diz:

    Frases célebres do orador: feia toda e em banda de lata.

  2. Neta Fernandes diz:

    Não conheci meu sogro, essa figura ímpar da cidade de Mossoró, mas sempre somos presenteados com essas historias dele.

  3. joao fernandes da costa Filho diz:

    boa tarde carlos santos.Ele foi casado a primeira vez com uma sobrinha tendo como filho giovani bioquimico que mora em sao~paulo.A primeira faleceu do segundo parto.A segunda esposa minha mae~e mais dois filhos.Eu eng. civil wilson Eng. cvile Mirtes pedagoga.Mirtes foi casada com airton freire9in memoria0 pai do dr. marcelo Duarte.Existe um livro que nao mim recordo o autor com varias historias dele quando bebia.Vou sabrr o nome e repasso para voce.Existia na chusrracaria o Sujeito uma placa que dizia vale so de Joao fernandes.,pois ele nao andava com dinheiro fazia vale e no outro dia o comerciante ia receber no armazem Potiguar onde funcionava na esquina da rua Bezerr Mendes com Rua Meira e sa.Varias frases dele como do-lhes nas ventas cabra de peia, seis abertas e forma de fazer marmotas.Um abraço logo
    encaminharei quando acha esse livro citado acima.obrigado

  4. Rocha Neto diz:

    Paulo, a melhor que conheço do grande homem João Fernandes, foi a que ele em uma cachaçada das muitas que fez, achou de ir as 4 hs da madrugada para o cemitério chorar no túmulo da primeira esposa, fez o pretendido e esqueceu de sair pelo portão, como o muro do cemitério tem tumulo anexado a parede, ele subiu ficou em cima do muro envolto em um lençol branco, ele homem franzino de cor branca, olhos azuis, careca, nisso passa um vendedor de pães com balaio cheio posto em cima da cabeça, João Fernandes com voz grave acha de chamar o vendedor de pães com voz em tom mediano; resultado da história, até hoje a vítima deve tá correndo. Claro que se fosse eu ou você no lugar do vendedor de pão, nossa mãe ou esposa teria jogado nossas calças no lixo, meladas e fedidas.

    Meu pai privava e muito da amizade de seu João Fernandes, portanto desnecessário se faz dizer que fui deixar muitos vales no Armazém Potiguar, pagava todos e dizia pra dona Nenem, sua segunda esposa, este menino é filho de seu Expedido Rocha, lá de Portalegre, terra vizinha a sua, viu Nenem.
    Ô tempo bom e sadio Paulo.
    Parabens!
    Por mais um retalho da nossa velha Mossoró.

  5. Xavier diz:

    Sou descendente de Joaquim Alexandrino Saraiva, o Quinca Bem, o popular Mestre de Obras de Mossoró. Um homem muito simples porém trabalhador, inovador e líder. Ele foi vereador de Mossoró na quarta turma. Foi o responsável direto por dezenas de construções naquela cidade no auge do seu crescimento entre os anos 40 e 60. Inclusive o atual Palácio Rodolfo Fernandes. Sua candidatura a prefeito de Mossoró ligada ao partido de esquerda PST realmente não empolgou as massas e próximo a eleição muitos dos correligionários o abandonaram. Quinca Bem era filho de Antonio Alexandrino Saraiva Leão e Felícia Baptista da Cunha teve 15 filhos com Izidoria Dantas. Nasceu em Brejo do Cruz em 1902 e faleceu em Fortaleza em 1972 onde está sepultado. Participou ativamente da construção de Mossoró como uma cidade de destaque. Morava na Rua General Pericles número 24. Lamentavelmente sua história e memória não foram reconhecidas naquela cidade a qual tanto se dedicou. Agradeço ao autor do Blog pela lembrança .

    • Carlos Santos diz:

      Nota do Blog – Heltron Xavier, você está convidado a escrever sobre Quincas Bem.

      Esse breve conteúdo já nos deixa muito interessado.

      Aguardo contato aqui mesmo ou em nosso herzogcarlos@gmail.com

    • José Alexandrino Saraiva Filho diz:

      Que bom encontrar histórias que eu não conhecia de meu avô (Antônio Alexandrino Saraiva Leão).. Graças ao meu estimado primo Heltron Xavier posso conhecer dos feitos do meu avô… não tive o prazer de conhecer..mas o acesso através das narrativas, deixam vivas as usa memórias.
      Abraço a todos!
      José Alexandrino Saraiva Filho

  6. josé nelto diz:

    Adoro as tardes de domingo lendo essas histórias do blog, através de seus autores. Não sou mossoroense, mas sou um saudosista. Acho belo demais as histórias do passado. eu me divirto muito acompanhando estes relatos, com simplicidade e grandeza de detalhes. parabéns!

  7. vander da silva diz:

    Maravilha essas historias da nossa Mosoosro do passado tao bem nos lembradas pelo querido Paulo Menezes,q nos venha mais.

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