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domingo - 18/08/2024 - 07:28h

O último abraço

Por Odemirton FilhoAbraço

A queda de um avião em Vinhedo (SP), no último dia 9, ceifou a vida de sessenta e duas pessoas, interrompendo sonhos e cobrindo o Brasil de luto. Eram pessoas de todas as idades que não voltaram para as suas famílias, pois partiram para outro plano e deixaram saudades no coração dos seus. Um abraço apertado, um sorriso, um beijo carinhoso, uma lágrima, quantas lembranças devem estar no coração dos familiares e amigos.

Imaginemos os filhos a esperarem os seus pais; os pais a esperarem os seus filhos. Maridos e mulheres ansiosos pelo retorno do(a) companheiro(a). Quando ocorre uma tragédia dessa proporção há um enorme sentimento de pesar, diante do impacto por tantas vidas perdidas de uma só vez. Embora tenhamos a morte como certeza, pois a “única conclusão é morrer” – diria Álvaro de Campos, heterônimo do poeta Fernando Pessoa.

Claro que os órgãos competentes irão apurar os fatos e, se ao final da investigação, houver culpados, que sejam responsabilizados na forma da lei. Entretanto, nada aplacará a dor de quem ficou. Nenhuma indenização, por maior que seja, pagará o inestimável valor que aquelas pessoas tinham para os seus familiares. A saudade será uma companheira diária, uma vez que o tempo pode acalmar o coração, todavia, nunca conseguirá arrancar do peito o amor por aqueles que nos fazem falta.

Fico a pensar no filho que não aprenderá a andar de bicicleta com o seu pai; na mãe que não mais abraçará o filho. Os encontros em família não serão como outrora, sempre faltará alguém. E, aqui ou acolá, lágrimas descerão pelo rosto, porque o coração estará transbordando de lembranças e saudades.

O jovem casal não formará a sua família, não terão os filhos que tanto esperavam; a casa, comprada com tanto esforço, ficará vazia. Os sonhos sonhados foram desfeitos, pois só tinham razão de ser se fossem concretizados ao lado daquela pessoa.

Quantos abraços, beijos e sorrisos não foram trocados antes daquele fatídico voo? talvez, juras de amor. Mensagens por meio do aparelho celular foram enviadas, “eu chego já, te amo”.

Se eles soubessem que aquele momento seria o derradeiro, teriam dado um abraço mais apertado, um beijo mais demorado, teriam dito palavras nunca ditas. Eu sei que é um clichê, mas nunca é demais repetir que nenhuma demonstração de afeto deve ser deixada para depois, pois não sabemos quando será o último abraço.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Inacio Rodrigues diz:

    Quando será nosso último abraço? Quem sabe em que lugar da fila se encontra? Morreram nesse acidente doze oncologistas que iam a um congresso. Qual deles imaginava que iria antes daquele paciente terminal? Ninguém sabe. Só Ele. Parabéns pelo artigo, Dr Odemirton!

    • Odemirton Filho diz:

      Pois é, meu caro Inácio Rodrigues. Estamos por aqui, mas até quando? Enfim, vamos viver.
      Obrigado pelo comentário.
      Um forte abraço.

  2. Bruno Ernesto diz:

    Que belo texto, Odemirton. Uma tragédia! Tantos sonhos bruscamente interrompidos.

    • Odemirton Filho diz:

      É inimaginável a dor e a saudade dos familiares que aqui ficaram. Que os que partiram estejam na luz eterna, os que ficaram acalmem os corações. Rezemos por todos eles.
      Um abraço, meu dileto amigo.

  3. Bernadete Lino diz:

    Fiquei muito tocada com essa tragédia; aliás, tudo me toca! As tragédias, as guerras, os ataques terroristas que ceifam vidas e deixam lacunas intransponíveis na memória das famílias. É muito triste a morte e, dessa forma, é terrível! Sem conserto! Imutável!

    • Odemirton Filho diz:

      Verdade, cara Bernadete. Todas essas tragédias nos causam dor na alma. Rezemos para abrandar os nossos corações.
      Tenha uma semana abençoada.

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