domingo - 10/06/2007 - 12:29h

O universo dinâmico

"O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo. O que for o teu desejo, assim será a tua vontade. O que for a tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será o teu destino”. (Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5).

Não sei se Ricardo Reis, uma das entidades do magnífico Fernando Pessoa, quando convidou Lídia para sentar à beira do rio e observá-lo, sossegadamente, sabia que estava, na verdade, desvendando os mistérios da física moderna: “Vem sentar-te comigo à beira do rio… fitemos o seu curso e aprendamos que a vida passa… passa e não fica, nada deixa e nunca regressa. Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado, mais longe que os deuses…”.  

No mundo subatômico, as partículas encontram-se numa inquietude – num eterno estado de movimento –, fazendo com que a matéria jamais permaneça em repouso. A tendência, portanto, do universo consiste em mover-se sempre para frente… 

Então, nada é mais correto do que este pensamento anônimo (não sei se li isso do escritor  Malba Tahan): “Há quatro coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, o tempo que passou e a ocasião perdida”. 

Ah! Como tudo seria mais fácil se as pessoas tivessem, pelo menos, um pouco desses conhecimentos – afinal já alertava Platão que “Deus é um geômetra” e por isso, na porta da sua academia, em Atenas, tinha a seguinte inscrição: “Só é permitida a entrada a quem conhece geometria” –, pois, assim, com certeza, evitaríamos erros e arrependimentos, já que tomaríamos as nossas decisões, com a consciência de que nossos atos não têm volta…É a lei de causa e efeito. 

Às vezes, temos que escolher entre ser solidário ou não a uma pessoa, ser leal ou não a um amigo, ou ainda se vale ou não a pena ocupar um cargo qualquer, mesmo que para isso tenhamos que nos afastar daqueles que sempre estiveram do nosso lado, já que este lado agora terá que ser ocupado por bajuladores e “pseudo-amigos” de plantão… decisões difíceis essas, não? 

Decidir depois de seis longos meses, pode ser um tempo longo demais… pois tudo passa, aliás como dizia Heráclito: “tudo flui”. E é contra os relógios que teremos de lutar… Então, quem sabe: não espera acontecer, mas sim faz a hora, como bem lembra o Geraldo Vandré. 

Nas sete leis espirituais do sucesso, Deepak Chopra nos ensina que é fundamental estarmos alerta para as nossas escolhas a todo o momento, como também cientes de suas conseqüências. E, além disso, saber se ao fazer determinada coisa, isso poderá trazer felicidade não só a mim , mas também aos que estão ao meu redor…

Então estou certo de que o fim depende do começo… por isso, nada melhor do que terminar este artigo, voltando ao magnífico Fernando Pessoa, agora sob as veste de Alberto Caeiro, em seu Guardador de rebanhos:

“Ah!… fôssemos nós como devíamos ser / E não haveria em nós necessidade de ilusão… / Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida… / Mas graças a Deus que há imperfeição no mundo / porque a imperfeição é uma coisa, / E haver gente que erra é original, / E haver gente doente torna o mundo engraçado. / Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos, / e deve haver muita coisa / Para termos que ver e ouvir…”.

Que assim seja: “Quem tiver olhos e ouvidos, que vejam e ouçam…”.

Francisco Edílson Leite Pinto Júnior – Professor, escritor e médico nas horas vagas 

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Categoria(s): Nair Mesquita

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