Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!
Mário de Andrade (1893-1945)
* Colaboração do Blog Fator RRH AQUI.
Como disse o poeta: “A gente mal nasce e começa a morrer”,então,viva-se a essencia de cada minuto da sua vida,esperando que as outras pessoas,façam o mesmo;
Como dizia o “Seu” Carlos Lima,quando alguém,no auge da safra de cajú lá pras bandas da Serra do Mel,ficava escolhendo cajús para chupar: ” O cajú só é bom,quando tem pouco”,daí,o bom mesmo,é chupar cada cajú,apreciando o que ele tem de doce,azedo,bonito,etc.
O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS
Que beleza de texto, esse do Mário de Andrade. Que bom, começar a segunda-feira, com essa leitura. Obrigado, meu amigo Carlos Santos. Imprimi e coloquei no mural do meu banheiro.
MUITO BOM O TEXTO. BEM LEMBRADO O AUTOR. UMA ORDEM PARA NAO SE PERDER TEMPO COM MEDIOCRIDADES.
Lua e luares de lobo
Agora é o tempo de se contar
o labutado pelo pensamento
nas horas de ver navios
e mergulhar em águas convulsas
e andar por andar em barcos
sem rumo
em fios sem prumo
e deitar sobre corpos mudos…
Agora é hora de tudo deixar,
de trilhas dificeis esquecer
e recolher os frutos
-todos os frutos!
Agora é hora do agora
para se saber o que ainda precisa ser
O tempo agora meus amores,
é pra se ver como o tempo foi…
porque não é a mesma Lua
não é o mesmo Tempo
nem os amigos
e a escolinha da infância
já foi destruída
e as ruínas não contam tudo.
Agora o tempo é meu
e das minhas luas passadas.
in Não toque, Alice. 2001
Pôrra! Uma verdadeira MERDA,o cara enfiou MÁRIO DE ANDRADE no banheiro,com certeza “Bastião” é um intelectual que nem eu: LEITOR DE DEZ LIVROS,incluso aí,a CARTILHA DE SARITA.Homi,vá cagar!