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domingo - 22/01/2023 - 08:44h

Padre Sátiro Dantas, um escravo da causa da educação

Por Marcos Araújo

Hoje, 22 de janeiro, data que a igreja católica venera São Vicente de Saragoza, e o evangelho do dia narra o episódio em que Jesus arregimenta os seus principais apóstolos, a cidade de Mossoró eleva um coro uníssono de preces de louvor e gratidão a Deus pelos 93 anos de vida de Padre Sátiro.Pe. Sátiro comemora 66 anos de Ordenação Sacerdotal

Nascido do casal João Fernandes Dantas e  Erondina Cavalcanti Dantas na cidade de Pau dos Ferros no ano de 1930, pisou em solo mossoroense, no dia 09 de fevereiro de 1943, há quase 80 anos, fazendo desta cidade o seu lar definitivo. Sua prelazia conta-se em décadas, pois foi ainda em 1955 que assumiu a Capela de São Vicente, e o exercício da docência por quartéis de séculos, já se contando quase três o tempo de ensino entre a Universidade e a direção do Colégio Diocesano.

Pode ser dito que ao longo da sua existência foi um escravo – no sentido bíblico da palavra e na exegese sociológica da dedicação – da educação. Desde o chamado “Colégio Normal” (Centro Educacional Jerônimo Rosado), onde lecionou por quase duas décadas (1956-1974),  à UERN, em que se contam quase quatro décadas (1966-2002), sua vocação sacerdotal foi compartilhada pela vivência cristã da formação humana e profissional de milhares de alunos. Eu fui seu aluno, no curso de Direito, da disciplina de Filosofia.

No mesmo passo em que ensinava, se prodigalizava na defesa e empenho de criação de uma dezena de pequenas escolas, a princípio custeada com dinheiro de doações voluntárias, para depois serem incorporadas ao serviço público de ensino. Podem ser citadas a 13 de Junho, o Colégio Centenário, o Instituto Dom Costa, a Creche-escola Erondina Dantas, a Escola Padre Sátiro, transformando pela educação a realidade social adversa da pobreza de centenas de famílias.

NO TEMPO em que se apostava apenas no trabalho como fonte de produção de riquezas, ele defendia a formação como melhoria profissional. Por isso se diz que ele foi um visionário e um revolucionário social neste Estado. Quando a “FURRN” era uma fundação municipal e cada prefeito que assumia se lamentava pelo gasto e a despesas com a formação universitária, ele assumiu a briga pela estadualização. Tinha em mente a frase pronunciada pelo advogado e educador Derek Bok, ex-aluno e ex-presidente da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos: “Se você acha que investir em educação custa caro, experimente o custo da ignorância”.

Até dentro da Igreja ele operou para que os sacerdotes não fossem meros replicadores de orações. A partir de sua influência, Dom José Freire – e depois Dom Mariano – fincaram como propósito administrativo a remessa do nosso clero à Itália em busca de pós-graduações e aperfeiçoamentos do pensamento crítico.

Padre Sátiro é um escravo da causa da educação, sendo ele um tanto paulino (para lembrar o apóstolo Paulo) nesse mister. Na carta à comunidade de Corintos, Paulo confessa que (c1,v19) “embora seja absolutamente livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas.”                               

Seu valioso contributo como sacerdote e educador ficará registrado na história da Diocese de Mossoró e do Rio Grande do Norte. Nas palavras de Padre João Medeiros, seu fiel e genial amigo, cuja reprodução é necessária, à vida de Padre Sátiro Cavalcanti Dantas cabem bem os versos de Dom Carlos Alberto Navarro, inspirados no Salmo 23/22: “Sou bom pastor, ovelhas guardarei, não tenho outro ofício nem terei, quanta vida eu tiver, eu lhes darei”.

Parabéns, Padre Sátiro, pelos seus 93 anos de vida em favor do próximo e da Igreja de Cristo!

Marcos Araújo é advogado e professor da Uern

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Oda diz:

    💕💕

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